O site da revista 'Caros Amigos' traz uma entrevista com o idealizador d'O Teatro Mágico, Fernando Anitelli.
O grupo de Osasco (SP) existe há dez anos. Nas apresentações, misturam música, circo, teatro e poesia - observadas as devidas proporções, lembram um pouco as performances do Cordel do Fogo Encantado.
O primeiro CD "Entrada para raros" vendeu até agora 35 mil cópias (cada exemplar custa R$ 5,00).
Para quem não conhece essa intrépida trupe, o seu criador define o que é O Teatro Mágico: "uma desculpa esfarrapada para uma porção de gente rara se encontrar (...) e poder debater, dialogar e criticar com sensibilidade."
Na entrevista, Fernando Anitelli fala da opção por um trabalho independente: "A questão da independência existe justamente porque a mídia não dá espaço para o artista, a televisão vive de anunciantes, a rádio vive de anunciantes. Se você quiser colocar uma música sua no rádio tem que pagar 4 minutos de anunciantes para poder tocar. A TV é a mesma coisa, ela vai pedir um jabá, uma grana para te divulgar dentro da programação deles.A independência a gente conseguiu através da internet, uma ferramenta nova, que infelizmente só 20% do país tem acesso, e 10% usam de fato."
Ele defende abertamente a piratira como forma de romper o monopólio da mídia e da indústria cultural: "A gente diz: “não tem dinheiro para comprar meu CD? Pirateia”! Vivemos num país onde 60% da população não tem dinheiro para comprar CD. Eles vêm com discurso: “se você compra CD pirata está ajudando o narcotráfico, você é um cara mau”. Não é nada disso. Brasileiro não é mau, brasileiro é pobre, não consegue terminar o ensino fundamental, apanha porque é preto, porque é pobre, porque não tem dente bom, vai pro final da fila, não vai ganhar emprego, este é o nosso Brasil."
E prossegue: "Porque crime para mim é uma multinacional entrar aqui, pegar um artista local, colocar ao lado de uma garrafa de cerveja e vender o CD a R$ 60 e nem um real vai para o artista. Isso é crime."
Fernando também fala da relação do grupo com a mídia comercial:"Eu sempre falo que não sou contra nenhuma mídia, sou contra o uso que se faz do espaço que a gente tem para jogar cultura na casa das pessoas. (...) Isto não quer dizer que estou compactuando com isso, que eu estou me vendendo, que eu estou deixando mudar as coisas que eu escrevo. Quer dizer é a maneira que eu tenho que ir dizer: “viva a arte livre”! E a única forma de eu dizer isso é entrando na mídia comercial. (...) Jamais vou deixar de ter letras politizadas, de ter uma postura politizada, de debater, de ouvir crítica."
Leia a entrevista completa no site: www.carosamigos.terra.com.br
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