sábado, 8 de setembro de 2007

Terminou o inverno

Depois de um prolongado inverno, estou de volta às atividades blogueiras.

A vida começa a entrar nos eixos. Novos planos, novos alvos - quem sabe agora!

É isso aí... deixa o rio correr sob a ponte e ver aonde a água vai parar.

Eu fico aqui contando histórias, decorando prosas, apagando nódoas.

Acho que vou pintar a parede do meu quarto. A sala, por enquanto, fica como está.

Vamos lá...

Concessão da Globo vence em 5 de outubro



A revista "Fórum" deste mês traz uma reportagem de capa sobre o fim do contrato de concessão da TV Globo, em 5 de outubro.

Li apenas um trecho da matéria que está disponível no site da revista. Quando tiver acesso ao texto na íntegra, postarei aqui os principais pontos. Por enquanto, segue a transcrição do trecho do site:

Como se constrói um monopólio


Por Bia Barbosa


No próximo dia 5 de outubro, vencem as concessões das principais emissoras de TV brasileiras. Entre elas, estão cinco concessões da Rede Globo – em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Recife e Minas Gerais. Neste dia, caberá ao Executivo federal, por meio do Ministério das Comunicações e da Casa Civil, aceitar ou não os pedidos de renovação, por mais 15 anos, e submeter sua decisão do Congresso Nacional, que tem a palavra final no processo. O que pouca gente sabe é que tal procedimento, de tamanha importância para o país – é redundante afirmar o papel político, econômico e social que os meios de comunicação, sobretudo a TV, desempenham em nossa sociedade – será nada mais do que um rito burocrático. Mas, para evitar que a data passe em branco, movimentos sociais e entidades ligadas à luta pela democratização da comunicação planejam promover manifestações e chamar a sociedade para debater o modelo das concessões públicas de radiodifusão. Um modelo que contribuiu de forma decisiva para fazer da Globo o império que ela é hoje. “O mercado de televisão no Brasil, especificamente, não era oligopolizado até a década de 1970. Chateaubriand tentou até monopolizar, mas a Globo, durante a ditadura militar, atualiza o projeto das elites do setor e do governo no período anterior. Dadas as condições técnicas, ela pôde ocupar um espaço que os Diários Associados do Chatô não podiam sequer sonhar”, esclarece a cientista social da Universidade Federal de Pernambuco Maria Eduarda Rocha. Ela atribui a concentração de capital e produção da Rede Globo à própria construção da indústria cultural no Brasil, que pressupõe centros produzindo para um vasto território.

Maria Eduarda cita ainda como fatores que foram fundamentais para a estruturação da Globo na década de 1960 o famoso acordo com a Time-Life, realizado em 1962, responsável por injetar capital estrangeiro na emissora, algo que ia contra a legislação vigente. “Há um fator mais forte que é a relação entre o empresariado da cultura e governo militar, que era muito orgânica. O governo permaneceu como maior anunciante, o que era um grande instrumento de controle, sendo que a Globo foi a grande captadora de verba publicitária do regime”, sustenta.

Mas não foi só à época da ditadura que o regime de concessões e o Estado favoreceram a Globo. Durante o governo Sarney (1985-1989), o ministro das Comunicações Antônio Carlos Magalhães promoveu uma verdadeira farra de distribuição de concessões na área de radiodifusão. Paulino Motter, doutor em Ciências Políticas, na dissertação de mestrado A batalha invisível da Constituinte, mostra que em três anos e meio Sarney distribuiu 1.028 outorgas, aproximadamente 25% delas no mês de setembro de 1988, que antecedeu a promulgação da Constituição. Quase todos os beneficiados foram parlamentares que, direta ou indiretamente, receberam as outorgas em troca de apoio político aos cinco anos de mandato e o regime presidencialista. Motter mostra que, dos 91 constituintes que receberam ao menos uma concessão de rádio ou de televisão, 82 (90,1%) votaram a favor do mandato de cinco anos.

Além de beneficiar a Globo e Sarney, ACM também aproveitou sua estada no governo federal para incrementar sua influência na área da comunicação na Bahia. A maior parte das concessões das emissoras que integram a Rede Bahia são dessa época. Antônio Carlos Magalhães Júnior é o presidente da Rede Bahia. Em 1987, a TV Bahia, do grupo, se tornou afiliada da Rede Globo, desbancando a TV Aratu, que retransmitia o sinal da emissora da família Marinho havia 18 anos.

Cado Madeleine? O que é isso?

Está lá no IG: "Cado Madeleine: Pais de britânica desaparecida querem provar inocência".

Suponho que a manchete se refere ao "Caso Madeleine" - a garota britânica que desapareceu em Portugal quando estava de férias num hotel com seus pais (agora suspeitos do sumiço da menina). Um verdadeiro caso globalizado.

Conforme consta no site do Ig, a notícia foi postada às 09h22 e atualizada às 11h53 de hoje. Eu acessei a página às 12h35. Tempo mais que suficiente para perceberem o erro e consertá-lo.

Tropa de Elite

O filme só estréia nos cinemas em outubro, mas já é vendido nos camelôs de todo o Brasil - inclusive aqui em Natal.

Segunda-feira (03/09) a cópia pirata do dvd era vendida no calçadão do antigo Cine Rio Branco por R$ 4,00.

Confesso: eu comprei!

O filme do diretor José Padilha - o mesmo do documentário "ônibus 174" - é baseado no livro "Elite da Tropa" e mostra um retrato do BOPE (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar) do Rio de Janeiro. O filme enfoca a corrupção na Polícia Militar e o uso extremo da violência cometida pelos integrantes do BOPE. Há seqüências de tortura mostrando os policiais sufocando integrantes do tráfico de drogas com sacos plásticos.

O livro que serviu de base para a película foi escrito por André Batista (ex-integrante do Bope) em parceria com o sociólogo e ex-secretário nacional de Segurança Pública Luiz Eduardo Soares e pelo capitão reformado da PM Rodrigo Pimentel.

Ao retratar o combate ao tráfico de drogas e o dia-a-dia da profissão policial do ponto de vista dos policiais, o filme revela um Sistema-Estado repressor e corrompido, que legitima e estimula o uso da violência. Não é sem propósito a referência à obra "Vigiar e Punir" de Michel Focault.

Tem uma frase do Capitão Nascimento, vivido pelo ator Wagner Moura, que eu achei interessante: "Eu queria saber quantas crianças ainda vão morrer só pra um que playboy possa rolar um baseado".

A equipe do Bope havia subido o morro e encontrado um grupo de jovens fumando maconha e cheirando pó. Eram estudantes que moravam fora da favela. Os neguinhos do morro também estavam por lá. O Bope chegou atirando e matou um deles. O Capitão Nascimento arrastou um dos playbos até o corpo e fez ele olhar bem de perto o buraco da bala no peito do cara morto. O Capitão pergunta ao garoto quem tinha matado aquele cara. O playboy, apavorado e chorando, disse que tinha sido um dos homens do Bope. E o Capitão Nascimento reage: "Foi você, seu playboy de merda... Você matou ele... A gente sobe aqui pra desfazer as merdas que vocês fazem!".

O filme percorre extremos interessantes, porque ao mesmo tempo em mostra a corrupção nos aparelhos estatais de segurança e condena a banalização da violência dos policiais, mostra também uma sociedade perdida em seus valores, que faz passeata pela paz quando morre alguém da classe média, mas que não está nem aí quando morre alguém no morro. Os filhos da classe média que reclamam da violência, mas fumam um back e dão uma tecada no pó tranquilamente, como se não fizessem parte da cadeia que alimenta o tráfico de drogas e desencadeia a violência urbana.