Filme não sai e ator/diretor terá que devolver o dinheiro público
Em 1995, o ator e diretor Guilherme Fontes e sua sócia, Yolanda Coeli, captaram recursos públicos para produzir o filme "Chatô, O Rei do Brasil".
Acontece que até hoje, 13 anos depois, o filme não foi concluído.
Agora, Guilherme e Yolanda terão de devolver mais de R$ 36,5 milhões aos cofres públicos, por determinação da Controladoria-Geral da União (CGU).
Segundo o Último Segundo do IG, o parecer da CGU deverá ser enviado nos próximos dias ao Ministério da Cultura, que em seguida o encaminhará ao Tribunal de Contas da União.
Essa história se parece com aquela música que a Gal Costa cantava:
Onde está o dinheiro?
O gato comeu, o gato comeu
E ninguém viu
O gato fugiu, o gato fugiu...
sábado, 23 de fevereiro de 2008
O papel de Fidel Castro na História
Em artigo publicado no blog do ex-deputado Zé Dirceu, Renato Rovai, editor da Revista Fórum, afirma que o papel reservado para Fidel Castro na história "não é o papel de algoz", mas do "governante que garantiu uma qualidade de vida para o seu povo muito acima do que se encontra em países vizinhos ou com perfil semelhante a Cuba".
Mas Rovai também disse que "é estrabismo político defender o regime cubano como a utopia possível" e criticou a falta de liberdade de imprensa em Cuba.
Leia a íntegra do artigo:
Fidel não merece tornar-se uma caricatura
Neste momento em que Fidel Castro passa o bastão do poder em Cuba, ressurge o debate a respeito de seu papel histórico nos últimos 50 anos. E retoma-se de forma torta a polêmica sobre os limites do regime do país. Esse texto aborda aspectos polêmicos, mas não poderia ser diferente. Poucas coisas são menos polêmicas do que Cuba e Fidel.
A denominação de ditador para o líder cubano é imprópria. Sua perpetuação no poder em Cuba foi mais obra do saco de maldades dos sucessivos governos estadunidenses e da CIA do que de uma ambição pessoal. Além disso, Fidel não subjugou o povo do seu país para garantir que as riquezas deste (aliás, poucas) fossem usufruídas por uma elite local com conexões com a máfia da exploração internacional.
Em qualquer modelo eleitoral com algum nível de justiça, Fidel se elegeria e reelegeria quantas vezes fosse candidato em Cuba. Aliás, seu prestígio, liderança e capacidade política são tamanhos que, em muitos momentos da história recente, se saísse candidato em outros países do Continente teria se elegido em muitos deles. Fidel nunca foi impopular em Cuba. E nem em nível internacional. Por isso sempre incomodou tanto o império estadunidense.
Isso garante a Cuba a condição de país democrático? Não. E não me parece inteligente fazer o debate a respeito das liberdades de Cuba a partir da relativização com outros modelos. Até porque não lutamos e não enfrentamos o debate político por um novo modelo colocando como nossa utopia o projeto da suposta democracia representativa dos EUA, fundamentada no poder econômico.
Mas também é estrabismo político defender o regime cubano como a utopia possível. Cuba não tem liberdade de imprensa. Seus intelectuais sofrem censura, e a quase totalidade do povo é impedida de utilizar espaços destinados à visitação de turistas. Nada disso é invenção do imperialismo ianque. Também é verdade que o Estado assumiu um papel tão centralizador que beira o autoritarismo no que diz respeito à necessária diversidade nas relações humanas.
Fidel é o responsável por isso? Muito mais não do que sim. Mas isso não quer dizer que não tenha cometido graves erros. Por exemplo, do alto da minha ingenuidade, não aceito qualquer justificativa às execuções. Impossível para minha ingenuidade compactuar com o flerte à pena de morte, seja ela com inspiração de direita ou esquerda.
Mas não é o papel de algoz que está reservado para Fidel na história da humanidade. E ele já cravou seu nome nesse espaço de poucos. É do líder guerreiro e carismático. Do homem que enfrentou um dos impérios mais cruéis da história com poucas armas e muita inteligência e perspicácia. Do articulador político e sábio. Do governante que garantiu uma qualidade de vida para o seu povo muito acima do que se encontra em países vizinhos ou com perfil semelhante a Cuba. Do guerreiro inflexível.
Até por isso, é um desfavor à história querer tratar Fidel como uma caricatura. Tanto para incensá-lo como para condená-lo. Tratá-lo como um líder de um projeto ambicioso que precisa de reflexões e ajustes parece mais adequado. E instigante. Cuba e Fidel merecem mais do que ataques e elogios exagerados.
Mas Rovai também disse que "é estrabismo político defender o regime cubano como a utopia possível" e criticou a falta de liberdade de imprensa em Cuba.
Leia a íntegra do artigo:
Fidel não merece tornar-se uma caricatura
Neste momento em que Fidel Castro passa o bastão do poder em Cuba, ressurge o debate a respeito de seu papel histórico nos últimos 50 anos. E retoma-se de forma torta a polêmica sobre os limites do regime do país. Esse texto aborda aspectos polêmicos, mas não poderia ser diferente. Poucas coisas são menos polêmicas do que Cuba e Fidel.
A denominação de ditador para o líder cubano é imprópria. Sua perpetuação no poder em Cuba foi mais obra do saco de maldades dos sucessivos governos estadunidenses e da CIA do que de uma ambição pessoal. Além disso, Fidel não subjugou o povo do seu país para garantir que as riquezas deste (aliás, poucas) fossem usufruídas por uma elite local com conexões com a máfia da exploração internacional.
Em qualquer modelo eleitoral com algum nível de justiça, Fidel se elegeria e reelegeria quantas vezes fosse candidato em Cuba. Aliás, seu prestígio, liderança e capacidade política são tamanhos que, em muitos momentos da história recente, se saísse candidato em outros países do Continente teria se elegido em muitos deles. Fidel nunca foi impopular em Cuba. E nem em nível internacional. Por isso sempre incomodou tanto o império estadunidense.
Isso garante a Cuba a condição de país democrático? Não. E não me parece inteligente fazer o debate a respeito das liberdades de Cuba a partir da relativização com outros modelos. Até porque não lutamos e não enfrentamos o debate político por um novo modelo colocando como nossa utopia o projeto da suposta democracia representativa dos EUA, fundamentada no poder econômico.
Mas também é estrabismo político defender o regime cubano como a utopia possível. Cuba não tem liberdade de imprensa. Seus intelectuais sofrem censura, e a quase totalidade do povo é impedida de utilizar espaços destinados à visitação de turistas. Nada disso é invenção do imperialismo ianque. Também é verdade que o Estado assumiu um papel tão centralizador que beira o autoritarismo no que diz respeito à necessária diversidade nas relações humanas.
Fidel é o responsável por isso? Muito mais não do que sim. Mas isso não quer dizer que não tenha cometido graves erros. Por exemplo, do alto da minha ingenuidade, não aceito qualquer justificativa às execuções. Impossível para minha ingenuidade compactuar com o flerte à pena de morte, seja ela com inspiração de direita ou esquerda.
Mas não é o papel de algoz que está reservado para Fidel na história da humanidade. E ele já cravou seu nome nesse espaço de poucos. É do líder guerreiro e carismático. Do homem que enfrentou um dos impérios mais cruéis da história com poucas armas e muita inteligência e perspicácia. Do articulador político e sábio. Do governante que garantiu uma qualidade de vida para o seu povo muito acima do que se encontra em países vizinhos ou com perfil semelhante a Cuba. Do guerreiro inflexível.
Até por isso, é um desfavor à história querer tratar Fidel como uma caricatura. Tanto para incensá-lo como para condená-lo. Tratá-lo como um líder de um projeto ambicioso que precisa de reflexões e ajustes parece mais adequado. E instigante. Cuba e Fidel merecem mais do que ataques e elogios exagerados.
Surtou Geral
O prefeito do Rio de Janeiro, César Maia (DEM), deve ter surtado de vez. Não é à toa que ele é apelidado de "Menino Maluquinho".
Em seu Ex-Blog, ele disse que a manipulação do Jornal Nacional da TV Globo na edição do debate final entre Collor e Lula, no segundo turno das eleições de 1989, não aconteceu.
O prefeito saiu em defesa da Rede Globo e disse que o governo Lula do PT deseja controlar a emissora da família Marinho:
"A TV Globo tem sido para a esquerda tradicional, brasileira, sempre, uma espécie de pedra no caminho de seu projeto autoritário. O PT no governo tem feito o que pode para reduzir a força e participação da TVG na audiência. Tem feito o que pode para controlá-la."
Tudo o que tenho a dizer é que César Maia se faz de doido pra passar melhor.
Em seu Ex-Blog, ele disse que a manipulação do Jornal Nacional da TV Globo na edição do debate final entre Collor e Lula, no segundo turno das eleições de 1989, não aconteceu.
O prefeito saiu em defesa da Rede Globo e disse que o governo Lula do PT deseja controlar a emissora da família Marinho:
"A TV Globo tem sido para a esquerda tradicional, brasileira, sempre, uma espécie de pedra no caminho de seu projeto autoritário. O PT no governo tem feito o que pode para reduzir a força e participação da TVG na audiência. Tem feito o que pode para controlá-la."
Tudo o que tenho a dizer é que César Maia se faz de doido pra passar melhor.
"Hora Alegre"
A filosofia de Zeca Pagodinho
Sabe aquele comercial da cerveja Brahma que traduziu a "happy hour" como "hora alegre"?
Em entrevista à Folha de São Paulo, o polêmico Zeca Pagodinho, que estreou o comercial, disse que avisou "pros caras" [da agência de publicidade? da Brahma?] que a tradução poderia gerar problemas com os homossexuais.
E gerou mesmo. Segundo a Folha, os gays não gostaram da utilização dessa expressão no comercial. "Alegre" é uma palavra há muito tempo associada aos gays. Pura bobagem.
Zeca Pagodinho fez questão de deixar claro que não quis ofender ninguém no comercial e que sua "relação" com os homossexuais é do tipo "cada um na sua".
E resumiu assim o que pensa do assunto: "Quem quer dar dá, quem quer comer come, cada um viva a sua vida".
Sabe aquele comercial da cerveja Brahma que traduziu a "happy hour" como "hora alegre"?
Em entrevista à Folha de São Paulo, o polêmico Zeca Pagodinho, que estreou o comercial, disse que avisou "pros caras" [da agência de publicidade? da Brahma?] que a tradução poderia gerar problemas com os homossexuais.
E gerou mesmo. Segundo a Folha, os gays não gostaram da utilização dessa expressão no comercial. "Alegre" é uma palavra há muito tempo associada aos gays. Pura bobagem.
Zeca Pagodinho fez questão de deixar claro que não quis ofender ninguém no comercial e que sua "relação" com os homossexuais é do tipo "cada um na sua".
E resumiu assim o que pensa do assunto: "Quem quer dar dá, quem quer comer come, cada um viva a sua vida".
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
A Ilha sem Fidel
Fidel Castro renunciou à Presidência de Cuba e a direita do mundo inteiro comemorou o "fracasso" do socialismo.
"O capitalismo venceu", proclamaram os porta-vozes do sistema.
"Morreu um sonho romântico", decretou o cineasta de quinta.
Bush e os cubanos de Miami comemoraram.
O presidente americano disse que Cuba precisa fazer a "transição democrática" e condenou os "abusos contra os direitos humanos praticados pelo regime cubano".
Os EUA são experts em democracia e direitos humanos. A prisão de Guantánamo é a maior prova disso. As invasões do Afeganistão e do Iraque idem.
A mídia omite o embargo econômico americano contra Cuba, que dura mais de quatro décadas e condena o povo cubano a racionar até mesmo alimentos. Essa política de genocídio viola o Direito Internacional e contraria várias resoluções da ONU.
Mas o povo cubano, heróico, ainda resiste, sem abrir mão da sua soberania. E continuará resistindo, mesmo sem Fidel na Presidência.
Para calar a boca dos críticos, cito um trecho do livro "A Ilha", do jornalista Fernando Morais, que conta que na capital Havana, há um imenso outdoor na saída do aeroporto com a seguinte frase:
"Hoje, 50 milhões de crianças no mundo inteiro não têm onde dormir. Nenhuma delas é cubana."
"O capitalismo venceu", proclamaram os porta-vozes do sistema.
"Morreu um sonho romântico", decretou o cineasta de quinta.
Bush e os cubanos de Miami comemoraram.
O presidente americano disse que Cuba precisa fazer a "transição democrática" e condenou os "abusos contra os direitos humanos praticados pelo regime cubano".
Os EUA são experts em democracia e direitos humanos. A prisão de Guantánamo é a maior prova disso. As invasões do Afeganistão e do Iraque idem.
A mídia omite o embargo econômico americano contra Cuba, que dura mais de quatro décadas e condena o povo cubano a racionar até mesmo alimentos. Essa política de genocídio viola o Direito Internacional e contraria várias resoluções da ONU.
Mas o povo cubano, heróico, ainda resiste, sem abrir mão da sua soberania. E continuará resistindo, mesmo sem Fidel na Presidência.
Para calar a boca dos críticos, cito um trecho do livro "A Ilha", do jornalista Fernando Morais, que conta que na capital Havana, há um imenso outdoor na saída do aeroporto com a seguinte frase:
"Hoje, 50 milhões de crianças no mundo inteiro não têm onde dormir. Nenhuma delas é cubana."
Queridos Amigos
Peço desculpas pelo atraso nas postagens, mas é que minha net tá uma droga. Quando faz sol, ela não funciona; quando faz chuva, também não.
Estou mandando sinais de fumaça pra Tupã, pra ver se ele sei lá de onde dá uma jeitinho.
Mas, aproveitando o breve instante em que consigo me conectar daqui de casa, queria falar um pouquinho sobre a minissérie "Queridos Amigos", da autora Maria Adelaide Amaral, direção de Denise Saraceni, que a Globo começou a exibir segunda-feira.
A história é adaptada do livro "Aos Meus Amigos", da mesma autora. É uma história sobre velhos amigos que, após alguns anos distantes, se reencontram em novembro de 1989 para recordar a juventude.
É Léo (Dan Stulbach) quem reúne a turma num almoço. Ele descobre que está com uma doença grave e decide viver seus últimos dias ao lado dos amigos.
É um reencontro permeado de sentimentos exacerbados, afinal de contas, reviver o passado, mesmo que apenas pelas lembranças, é sempre um exercício difícil. Mexer no baú do tempo é muito arriscado.
Mas eles haviam lutado contra a ditadura militar. Alguns foram presos e torturados; outros foram exilados. Encarar esse passado poderia doer, mas talvez valesse à pena. Ao menos para se lembrarem a razão pela qual lutavam.
Na verdade, eu acho que a história não é sobre amizade, mas sobre o tempo. Pra mim, o tempo é o personagem principal.
O tempo que junta e separa os amigos. O tempo que liberta e oprime. O tempo que faz rir e prantear. O tempo que traz a esperança e a desolação. O tempo que é presença e ausência. O tempo que é saudade - essa estranha companheira fugudia das tardes vazias.
Eu gosto desse clima de nostalgia, quando parece que é sempre outono.
E gosto de pensar que meus amigos, mesmo dispersos, estão por aí por perto.
Estou mandando sinais de fumaça pra Tupã, pra ver se ele sei lá de onde dá uma jeitinho.
Mas, aproveitando o breve instante em que consigo me conectar daqui de casa, queria falar um pouquinho sobre a minissérie "Queridos Amigos", da autora Maria Adelaide Amaral, direção de Denise Saraceni, que a Globo começou a exibir segunda-feira.
A história é adaptada do livro "Aos Meus Amigos", da mesma autora. É uma história sobre velhos amigos que, após alguns anos distantes, se reencontram em novembro de 1989 para recordar a juventude.
É Léo (Dan Stulbach) quem reúne a turma num almoço. Ele descobre que está com uma doença grave e decide viver seus últimos dias ao lado dos amigos.
É um reencontro permeado de sentimentos exacerbados, afinal de contas, reviver o passado, mesmo que apenas pelas lembranças, é sempre um exercício difícil. Mexer no baú do tempo é muito arriscado.
Mas eles haviam lutado contra a ditadura militar. Alguns foram presos e torturados; outros foram exilados. Encarar esse passado poderia doer, mas talvez valesse à pena. Ao menos para se lembrarem a razão pela qual lutavam.
Na verdade, eu acho que a história não é sobre amizade, mas sobre o tempo. Pra mim, o tempo é o personagem principal.
O tempo que junta e separa os amigos. O tempo que liberta e oprime. O tempo que faz rir e prantear. O tempo que traz a esperança e a desolação. O tempo que é presença e ausência. O tempo que é saudade - essa estranha companheira fugudia das tardes vazias.
Eu gosto desse clima de nostalgia, quando parece que é sempre outono.
E gosto de pensar que meus amigos, mesmo dispersos, estão por aí por perto.
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
Mundo-cão
O 'Diário de Natal' e o 'JH Primeira Edição' deram hoje uma aula de sensacionalismo.
Os dois jornais da capital sairam com manchetes praticamente iguais, no melhor estilo "espreme que sai sangue".
"Preso degola inimigo em Alcaçuz", estampou o JH Primeira Edição na capa, em letras garrafais.
O DN foi ainda mais "criativo": "Preso degola colega e põe cabeça na marca do pênalti".
Abaixo da manchete do DN, uma foto mostra o jogador Bosco do ABC chutando a bola durante um treino.
A leitura da manchete com toques esportivos ("cabeça na marca do pênalti") leva, instantaneamente, à associação com a foto.
Truque pra lá de sensacionalista. Esse tipo de jornalismo não conhece limites e faz de tudo pra atrair o leitor, usando e abusando da espetacularização da violência.
Quando era estagiário num jornal de Parnamirim, discordei do editor por ter colocado uma foto, em cores, de um homem que tinha sido castrado por uma suposta bruxa, que utilizaria o "material" pra fazer magia negra.
O povão gosta disso, porque esse tipo de notícia desperta uma curiosidade mórbida e mobiliza emoções contraditórias, mexendo com a imaginação das pessoas.
Os dois jornais da capital sairam com manchetes praticamente iguais, no melhor estilo "espreme que sai sangue".
"Preso degola inimigo em Alcaçuz", estampou o JH Primeira Edição na capa, em letras garrafais.
O DN foi ainda mais "criativo": "Preso degola colega e põe cabeça na marca do pênalti".
Abaixo da manchete do DN, uma foto mostra o jogador Bosco do ABC chutando a bola durante um treino.
A leitura da manchete com toques esportivos ("cabeça na marca do pênalti") leva, instantaneamente, à associação com a foto.
Truque pra lá de sensacionalista. Esse tipo de jornalismo não conhece limites e faz de tudo pra atrair o leitor, usando e abusando da espetacularização da violência.
Quando era estagiário num jornal de Parnamirim, discordei do editor por ter colocado uma foto, em cores, de um homem que tinha sido castrado por uma suposta bruxa, que utilizaria o "material" pra fazer magia negra.
O povão gosta disso, porque esse tipo de notícia desperta uma curiosidade mórbida e mobiliza emoções contraditórias, mexendo com a imaginação das pessoas.
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
Receita de Viver
Leio muito devagar. Queria ler mais rápido, mas muitas coisas me distraem e me afastam da leitura. O resultado é um acumulado de livros inacabos.
No momento, estou lendo as "Entrevistas" de Clarice Lispector. É uma coletânea com 42 entrevistas da autora de "A hora da estrela" com personalidades da literatura, da música, das artes cênicas, das artes plásticas e dos esportes.
Em outra postagem, citei um trecho curtíssimo da entrevista com Nelson Rodrigues, quando ele diz que "a grande, a perfeita solidão exige uma companhia ideal".
Hoje eu li a entrevista com o médico e teatrólogo Pedro Bloch.
Selecionei um trecho marcante para mim:
Clarice: Como você é de verdade?
Pedro: Fiz, uma vez, uma receita de viver que acho que me revela. Viver é expandir, é iluminar. Viver é derrubar barreiras entre os homens e o mundo. Compreender. Saber que, muitas vezes, nossa jaula somos nós mesmos, que vivemos polindo as grades em vez de libertar-nos. Procuro descobrir nos outros sua dimensão universal e única. Não podemos viver permanentemente grandes momentos, mas podemos cultivar sua expectativa. A gente só é o que faz aos outros. Somos conseqüência dessa ação. Talvez a coisa mais importante da vida seja não vencer na vida. Não se realizar. O homem deve viver se realizando. O realizado botou ponto final. Tenho um profundo respeito humano. Um enorme respeito à vida. Acredito nos homens. Até nos vigaristas. Procuro desenvolver um sentido de identificação com o resto da humanidade. Não nado em piscina se tenho mar. Gosto de gostar. Todo mundo é perfeito até prova em contrário. Gosto de fazer. Não fazer... me deixa extenuado. Acredito mais na verdade que na bondade. Acho que a verdade é a quintessência da bondade, a bondade a longo prazo. Tenho defeitos, mas procuro esquecê-los a meu modo.
No momento, estou lendo as "Entrevistas" de Clarice Lispector. É uma coletânea com 42 entrevistas da autora de "A hora da estrela" com personalidades da literatura, da música, das artes cênicas, das artes plásticas e dos esportes.
Em outra postagem, citei um trecho curtíssimo da entrevista com Nelson Rodrigues, quando ele diz que "a grande, a perfeita solidão exige uma companhia ideal".
Hoje eu li a entrevista com o médico e teatrólogo Pedro Bloch.
Selecionei um trecho marcante para mim:
Clarice: Como você é de verdade?
Pedro: Fiz, uma vez, uma receita de viver que acho que me revela. Viver é expandir, é iluminar. Viver é derrubar barreiras entre os homens e o mundo. Compreender. Saber que, muitas vezes, nossa jaula somos nós mesmos, que vivemos polindo as grades em vez de libertar-nos. Procuro descobrir nos outros sua dimensão universal e única. Não podemos viver permanentemente grandes momentos, mas podemos cultivar sua expectativa. A gente só é o que faz aos outros. Somos conseqüência dessa ação. Talvez a coisa mais importante da vida seja não vencer na vida. Não se realizar. O homem deve viver se realizando. O realizado botou ponto final. Tenho um profundo respeito humano. Um enorme respeito à vida. Acredito nos homens. Até nos vigaristas. Procuro desenvolver um sentido de identificação com o resto da humanidade. Não nado em piscina se tenho mar. Gosto de gostar. Todo mundo é perfeito até prova em contrário. Gosto de fazer. Não fazer... me deixa extenuado. Acredito mais na verdade que na bondade. Acho que a verdade é a quintessência da bondade, a bondade a longo prazo. Tenho defeitos, mas procuro esquecê-los a meu modo.
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