sábado, 22 de abril de 2006

Tucanalha agora diz que vai ampliar Bolsa Família

Notícia da Agência Estado (Sexta-feira, 21/04/06):

"No Nordeste, Alckmin promete ampliar Bolsa Família

Na tentativa de conquistar popularidade no Nordeste e, assim, fazer frente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu principal adversário nas eleições, o pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, adotou hoje, em Natal (RN), uma nova estratégia: mostrar que o principal programa social do governo do PT, o Bolsa Família, nada mais é do que uma recriação de políticas implementadas na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Aos nordestinos, principais beneficiados com o Bolsa Família de Lula, Alckmin assegurou que o programa será não apenas mantido, mas ampliado, caso seja eleito presidente em outubro próximo. "Vou manter e ampliar o Bolsa Família, que na verdade é a unificação dos programas Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Vale Gás e Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PET), todos criados no governo do Fernando Henrique", afirmou repetidas vezes durante maratona de compromissos públicos na capital do Estado. "
Vejam só! Há poucos dias, o senador José Agripino dizia em entrevista ao programa Show Bussines que o Bolsa Família era uma "perversidade" do governo Lula com a população. Agora, os tucanalhas falam em ampliar o programa.
São muito caras de pau mesmo! Passaram oito anos no poder e não fizeram nada pelo povo. Agora tentam se apropriar do maior programa social já implementado no país. Mudança de estratégia eleitoral? A mídia conservadora vociferava que os programas socias do governo Lula eram um fracasso. Os tucanalhas repetiam o bordão. O que terá mudado?

quinta-feira, 20 de abril de 2006

Entrevista com Tarso Genro

"A mídia não é neutra e não aceita críticas"



Entrevista originalmente publicada no site Terra Magazine em 17/04/06.
Às vésperas da celebração da paixão de Cristo o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, foi ao congresso e propôs à oposição "dialogar". Seguia o roteiro, acordado com o presidente Lula, de buscar a "distensão", mesmo onde ela pareça impossível. Entendem o presidente e seu ministro que o endurecimento da campanha, processo que Tarso chama de "pau puro", interessa a quem não quer debater política e comparativamente os resultados do atual governo:
- A oposição comete o mesmo erro que o PT cometia antes de chegar ao governo, talvez até de forma bem mais aguda...
Em seu gabinete no quarto andar do Palácio do Planalto o ministro discorreu sobre o "processo", suas veredas, e seus atores. Sobre um deles, a mídia, paradoxalmente oculta enquanto ocupa o centro do palco, opinou:
- Não acho que a mídia brasileira, como alguns colunistas escreveram que eu teria dito, é conspirativa. Eu não penso isso, nunca pensei. O que acho é que por dentro da mídia passa a luta de partidos, passa a luta política e que não existe uma mídia neutra. (...) existe também uma espécie de blindagem dentro da mídia, como se ela não pudesse ser criticada, como se qualquer resposta que se desse à mídia, como se qualquer denúncia que se fizesse contra ela fosse um ato autoritário.
Como o governo imagina enfrentar uma eleição com uma maré tão ampla e tão grande de dificuldades, em grande parte produzidas pelos próprios erros do governo? Não só no terreno político como em outros departamentos: dificuldades gigantescas no congresso, na mídia e em vários setores da sociedade?
Tarso Genro: Devemos examinar por que ocorre isso, o que está ocorrendo no país. Diria que há três fatores fundamentais: primeiro, os erros cometidos por pessoas, inclusive que reconheceram esses erros, pessoas de importância no partido e no governo...
São erros de grande amplitude, não são erros banais...
Não, não são erros banais, mas são erros sistêmicos que ocorrem.
"Sistêmicos" porque não diriam respeito apenas à vida partidária do PT?
Não somente ao PT enquanto partido. Há um traço de corrupção e de ilegalidades sistêmicas no processo político brasileiro e nos vínculos dos agentes políticos no Estado, a que nós não estávamos imunes. Esses erros foram cometidos. O segundo aspecto é que existe também uma ofensiva política eleitoral da oposição que, quem sabe, comete o mesmo erro que o PT cometia antes de chegar ao governo, talvez até de forma bem mais aguda...
Que erro seria esse?
É a visão de outorgar ao outro lado todos os vícios e querer se apropriar de todas as virtudes. Não existe nenhum partido de anjos e nenhum grupo humano, social, está livre de trazer para dentro de si as deformidades que existem na sociedade. A terceira questão diz respeito ao destino do que chamo de revolução democrática no Brasil. Há uma disputa hoje sobre se a democracia brasileira vai ser mais tolerante, mais plebéia, mais vinculada às ansiedades, aos erros, às grandezas e aos acertos dos debaixo, ou se vai se conformar com uma democracia elitizada, isenta, uma democracia da opus dei, uma democracia das pessoas que tem o juízo de que os pobres quando chegam ao governo se modificam.
Há três citações embutidas e ocultas aí: uma sobre o candidato Geraldo Alckmin, quando o senhor fala em opus dei. Outra, "as pessoas se modificam", uma referência à frase do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (no programa do Jô) e, por fim, um paradoxo que seria o de como o presidente consegue manter os níveis de popularidade e intenção de voto apesar de toda a pauleira...
Não é uma relação mecânica entre república e democracia, é uma relação de complementaridade e de integração entre esses dois processos. É óbvio que quando existe um choque do grupo tucano-pefelista com outro grupo, socialista, progressista, de esquerda, ainda que esse choque hoje tenha lances diferentes dos da década de 50 e de 60, estamos discutindo os destinos da revolução democrática no Brasil.
Discutindo se...
...se podemos ter uma democracia mais autoritária, mais elitizada, que contemple um terço de incluídos, um terço de precários e um terço caso de polícia, mais ou menos como Fernando Henrique previa, no seu primeiro governo; o que não é um demérito dele, é, aliás, uma manifestação de honestidade intelectual, porque ele chegou a formular...
...essa é uma divergência...
...é também uma divergência política. Então este é um processo de uma riqueza e de uma dramaticidade extraordinárias, porque ao mesmo tempo que você afirma a república você vai dizer se essa república é mais plebéia ou menos plebéia, mais elitizada ou menos elitizada. Em relação ao presidente Lula, o conceito que já se formou a partir dos debaixo é que ele representa um avanço, que representa um progresso, e isso está em disputa agora no que se refere ao restante da sociedade.
Como explicar que apesar de 10 ou 11 meses de tamanho bombardeio o presidente se mantenha na faixa dos 40 por cento? "Deu liga" lá embaixo, há uma identificação da população mais pobre com ele, ou há desconfiança também em relação aos outros atores do processo? Quem vê as fotos da comemoração da CPI dos Correios e conhece alguns dos que comemoravam...
Até se compare à reação que teve a grande mídia, a maior parte dela, como acolheu aquela comemoração e como tratou a dança da Ângela Guadagnin. Para mim nenhuma das duas tem gravidade, são manifestações espontâneas de alegria, mas que, em última análise, tem significados políticos e foram tratadas de forma desigual...
Ângela Guadagnin é "o mal" enquanto Lorenzoni, Magalhães, Faria de Sá e etc. são "o bem"...
...claro, é um juízo de valor...
Bolsa Família, Erradicação do Trabalho Infantil, todos esses programas explicariam em parte a sustentação do presidente?
Exatamente. São programas de salário mínimo, que tem uma importância extraordinária num país como o nosso; o Pronaf, para a pequena agricultura, a agricultura familiar...
Quantos milhões de brasileiros esse conjunto de programas atinge?
Se você coloca a bolsa família, Pronaf, salário mínimo, seguramente isso atinge em torno de 50, 60 milhões de pessoas, porque só o bolsa-família atinge 30 milhões. As pessoas começam a estabelecer uma identidade com o Estado: o Estado está me olhando e eu olho o Estado e vejo quem está lá em cima, uma pessoa igual a mim, diz o assalariado de renda baixa ou diz o excluído...
Nessas eleições vamos viver o "ano do ódio"?
A tentativa vai ser essa, de determinado setor extremista da oposição transformar o ano eleitoral num ano de conflito agudo, que leva para a irracionalidade na disputa política. Temos que fazer o contrário, diluir essas relações de conflito ou de uso e politizar o debate em direção à questão programática, em direção às questões do futuro do país.
De que forma?
Um exemplo concreto: dizem que a estabilidade conseguida pelo governo Lula é a mesma conseguida pelo governo Fernando Henrique. Se fosse, o nosso trabalho teria sido em vão porque aquela é totalmente precária. Nós sustentamos que não é a mesma, que a nossa tem base sólidas e dá sustentabilidade a um processo de crescimento econômico estável, com taxas de crescimento que devem chegar a quatro e meio, cinco por cento a partir de agora. A reforma agrária...
Sim, e a reforma agrária?
...ela não é só uma questão econômica, é uma questão social. E mesmo não sendo uma questão econômica grave para o Brasil de hoje - que está muito bem, sim senhor, nas exportações - a reforma agrária não deveria ser feita por um motivo de natureza social? Para permitir que as grandes cidades parem de inchar com os deserdados do campo?
Mas essa é uma questão que andou muito pouco nesse governo...
Caminhou menos do que gostaríamos, certamente, por uma série de atributos inclusive de natureza legal que temos e somos obrigados a respeitar e, então, as coisas são muito mais lentas. Mas não houve nenhuma desistência, nenhuma interrupção nos programas de reforma agrária que começaram no primeiro ano.
Parece haver um ator principal em tudo isso, que discute pouco sobre si mesmo. Eventualmente vejo o senhor tocando no assunto: a mídia.
Não mudei minha opinião sobre a mídia depois que fui prefeito de Porto Alegre, e nem depois que fui e sou ministro do governo Lula. A mídia reflete necessariamente as tensões, as opiniões, as divergências e os conflitos que estão na sociedade, conflitos que a mídia reproduz segundo a visão de democracia, a visão política que têm aqueles que detêm o poder de formar opinião dentro da mídia.
O senhor pensa...
...não acho que a mídia brasileira, como alguns colunistas escreveram que eu teria dito, é conspirativa, que ela integra um movimento golpista da oposição. Eu não penso isso, nunca pensei. O que acho é que exatamente por dentro da mídia passa a luta de partidos, passa a luta política, e que não existe uma mídia neutra. A mídia externa um determinado ponto de vista.
Qual seria?
Ora, ela externa majoritariamente numa direção ora noutra direção. No momento atual ela externa fundamentalmente os movimentos e as denúncias que a oposição faz contra o governo. O que temos que fazer é processar isso politicamente e responder sem a ilusão de que aquilo que está vertendo por dentro da mídia é totalmente verdadeiro, ou sem a visão patológica de que existe um processo conspirativo. Agora, existe também uma espécie de blindagem dentro da mídia, como se ela não pudesse ser criticada, como se qualquer resposta que se desse à mídia, qualquer denúncia que se fizesse, fosse um ato autoritário. Por exemplo: alguns chegaram a dizer o absurdo de que eu defendia a existência de um conselho estatal para controlar opinião. A pessoa que diz isso, ou é muito mal informada...
Ou é muito bem informada...
Ou é muito bem informada, ela está lançando uma calúnia, uma informação errada que se transforma em calúnia, que é isso de me chamar de Stalinista.
Ou, como diria o Berlusconi, de coglione...
O que defendo está num livro que escrevi em 93. Que um país, para tratar da questão da democracia - que é uma questão não resolvida, eu até escrevi inspirado nas discussões que ocorrem na França e na Itália - deveria ter uma espécie de ombudsman coletivo, sem capacidade normativa e sem capacidade de exercer qualquer tipo de censura, para receber da sociedade informações sobre como ela está vendo a mídia e processar isso num ambiente de discussão política. Isso é, aliás, tecnicamente, um conselho público não-estatal e não um conselho estatal.
Mas aí não estamos diante de um outro ato de omissão, talvez por interesses tantos, do governo? Manteve sem alteração, primeiro do ponto de vista regional, todo um poder midiático. Em grande parte do país com capilaridade nos municípios, estados, onde chefões ou chefetes tem meios de comunicação eletrônica em suas mãos sem que haja pluralidade em torno. Esse foi um assunto intocado pelo executivo, muito menos pelo legislativo.
Isso aí tem que ser tocado com muito cuidado, efetivamente porque tem...
Não é "tirar" nada de ninguém, é pluralizar, discutir...
...discutir a pluralidade. Isso é uma discussão que tem que ser feita na sociedade, mas com essas opiniões que estão aí agora isso tem que ser feito com muito cuidado, porque existe uma parte da esquerda efetivamente autoritária...
...que quer intervir, quer tirar, não quer pluralizar...
...exatamente, em vez de pluralizar, quer unilateralizar as opiniões sobre si mesma.
É de se lembrar que em alguns estados, em especial no norte-nordeste, há quem detenha o controle de até 80% do acesso à opinião pública sozinho. Isso não é benéfico à democracia.
Não é benéfico e a sociedade democrática mundial está colocando essa questão. Uma das grandes discussões que se faz hoje na Itália é sobre identidade físico-política entre o poder de fogo da mídia e o poder político...
...centrado na figura do Berlusconi...
...no caso concreto do Berlusconi...
...apesar do monumental avanço de mídias como a Internet.
Exatamente. Veja um contraponto: quando ocorreu aquele atentado terrorista em Madri que vitimou centenas de espanhóis, grande parte da mídia tentou transferir mecanicamente aquele fato para o ETA, e inculpar, portanto, a oposição que defendia um diálogo com o ETA. Pois bem, através dos telefones móveis as pessoas se comunicaram e deram uma resposta massiva contra essa ação.
Assim como através da Internet, de dentro do Palácio Miraflores, começou o contragolpe na Venezuela em abril de 2002...
...através da internet. É por isso que temos que tratar isso com cuidado e também com a consciência de que a própria sociedade cria antídotos ao autoritarismo. Aperfeiçoar a democracia significa tratar não somente do direito de ter opinião, mas do direito de que essas opiniões circulem com a mesma intensidade que circulam as opiniões que a ela se opõem.

Fonte: www.informante.net

Mídia

Imprensa falseia dados sobre gastos públicos

Pensamento conservador ataca qualquer despesa ou investimento público que não destinado aos credores da dívida. Necessidades de pessoal e de reestruturação do estado são vistos como “gastança”. A Folha de São Paulo escancarou uma grave denúncia na manchete principal do último domingo: “Governo Lula criou 37,5 mil cargos públicos em 3 anos”. Escândalo! Mais abaixo, o jornal relata o montante do descalabro: “Aumento da máquina pública significa uma despesa extra de R$ 625 milhões por ano”.

À primeira vista, flagrou-se outro ralo de dinheiro público: a contratação de compadres e apaniguados vai inchar o estado com desocupados! Mas, no meio da matéria, os leitores são informados pelo repórter Fabio Zanini de um pequeno detalhe: do total de 37.543 novos cargos, “35.275 exigem concurso público”. A matéria é construída a partir de dois pontos de vista: primeiro, tudo é cabide de emprego e, segundo, é pecado gastar. A conseqüência imediata é a necessidade de se conter a irresponsabilidade governamental. O que a Folha faz não é novidade. Já existe uma orquestração na mídia desde o início dos anos 1990 contra qualquer despesa estatal que não seja para honrar compromissos financeiros.

Agência Carta Maior (20/04/06)

quarta-feira, 19 de abril de 2006

Rádio e TV

Senadora quer urgência para votar regionalização de programação de rádio e TV

"A senadora Ideli Salvatti (PT-SC), presidente da Frente Parlamentar de Cultura, vai apresentar um requerimento de urgência para tentar garantir a aprovação do PLC 59/03 no Plenário. O projeto, que hoje está na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), prevê a regionalização da programação cultural, artística e jornalística de TVs e rádios nos estados, além de dar espaço para a produção independente.

Segundo Ideli, a proposta enfrenta resistência de emissoras com repetidoras nos estados, que acham "mais conveniente e barato" reproduzir a programação nacional, sem dar muito espaço para os produtos locais. "
Agência Senado