sábado, 17 de maio de 2008

As eleições e a TV

Luis Nassif comenta as alianças que estão se formando em São Paulo (SP) para as eleições deste ano, todas focadas na tentativa de conseguir mais tempo na TV. O pensamento geral é que mais tempo na TV significa mais votos. Fosse essa uma verdade absoluta, Wilma de Faria não teria sido eleita governadora do RN em 2002, quando seu tempo na TV era ínfimo - não chegava a dois minutos.

Leia o comentário do Nassif:

Não consigo entender essa briga maluca por alianças, para conseguir tempo em TV. Obviamente, com um minuto de tempo por dia, ninguém consegue passar recado algum. Mas sabe a diferença entre 5 e 8 minutos de tempo no horário gratuito: quem tem 8 minutos sai com desvantagem de 3 minutos a mais de aporrinhação sobre os telespectadores.

Campanha eleitoral em TV não é para aprofundar idéias, é para fixar mensagens – em geral mensagens simples. A objetividade é fundamental, ainda mais nesses tempos de falta de idéias e de propostas inovadoras, em que as promessas tradicionais não têm a menor credibilidade.

Geraldo Alckmin tem toda razão ao dizer que cinco minutos é mais que suficiente para a campanha.

Na campanha eleitoral para presidente, por exemplo, conferiu a parte mais importante da campanha – o conteúdo – ao seu ex-Secretário de Ciência e Tecnologia João Carlos de Souza Meirelles. Em plena campanha, Meirelles não havia conseguido produzir uma síntese sequer. Foi necessário Yoshiaki Nakano passar cinco dias enfurnado em casa para produzir um documento de 50 páginas. Assim são feitos programas de governo para consumo eleitoral.

Imagine o que aconteceria se a campanha tivesse mais que cinco minutos diários.

Por isso mesmo, a aliança Kassab-Quércia deve ser analisada sob a ótica do que agregou ao candidato em termos de densidade eleitoral, não em termos de tempo na TV.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Fraude no Metrô de São Paulo

De acordo com um levantamento realizado pela bancada do PT na Assembléia Legislativa de SP junto ao TCE (Tribunal de Contas do Estado), o governo estadual assinou 139 contratos com a empresa francesa Alstom, totalizando R$ 7,6 bilhões, entre 1989 e 2008.

O TCE, conforme o levantamento do PT, considerou seis desses contratos irregulares, no valor de R$ 1,378 bilhão (a soma se refere a cinco contratos apenas, porque um deles não teve o valor declarado).

Em entrevista a Paulo Henrique Amorim, o líder da bancada do PT, deputado Roberto Felício, disse que a Alstom firmou contratos com o Estado de São Paulo durante os governos Quércia, Fleury, Covas e Alckmin.

O deputado disse ainda que 77 contratos, no valor de 3,1 bilhões, foram firmados no período de 2001 a 2006, no governo Geraldo Alckmin (PSDB). Parte desses contratos, acrescenta Roberto Felício, foi prorrogada já na gestão do atual governador José Serra (PSDB).

O líder da bancada do PT disse que os contratos do governo de São Paulo com a Alstom "tem serviços de toda ordem", mas, segundo ele, os mais importantes foram aqueles firmados com o Metrô de São Paulo.

O TCE considerou irregulares contratos de R$ 556 milhões entre o Metrô de São Paulo e a Alstom.

A empresa, segundo matéria do Wall Street Journal do último dia 06, está sendo investigada na França e na Suíça, sob suspeita de ter pago propina de US$ 6,8 milhões a políticos brasileiros para obter negócios de US$ 45 milhões do Metrô.


P.S.: O Jornal Nacional desta sexta-feira (16) abordou o caso da Alstom, mas, como era de se esperar, tratou de blindar os tucanos. Em nenhum momento a matéria citou os ex e o atual governador tucano.

A volta do Xeleleu

O Xeleleu News voltou ao ar com o seguinte post:

Sem Censura

Calma aí minha gente.
Eu não sou Rogério pra desistir fácil.
Ninguém me calou não senhor.

Foi só uma merda que eu fiz quando
fui mexer no programa de editoração
e tirei a porra do blog do ar.

Tô de volta e se segurem na cela.


Eu achei essa história muita estranha. Que 'merda' difícil de resolver é essa? O blog ficou fora do ar vários dias e, quando volta, os arquivos sumiram e há apenas uma postagem mixuruca dessa?!

A formação da idéia única

Ricardo Kauffman, em artigo na revista eletrônica Terra Magazine, comenta a reportagem do New York Times, publicada semanas atrás, que denunciou a estratégia do Pentágono para manipular a opinião pública norte-americana a seu favor na questão da guerra do Iraque.

A estratégia consistia em beneficiar com informação privilegiada analistas militares com grande espaço na mídia, em troca de opiniões favoráveis às suas posições.

Para Kauffman, a mídia aproveita ocasiões de forte impacto, como no pós-11 de setembro nos EUA, para propagar a formação da "idéia única", quando a sociedade (ele cita a norte-americana, especificamente, mas essa conclusão pode pode ser estendida a qualquer sociedade) parece mais "suscetível a engolir um discurso maciço que dispensa o contraditório."

"No Brasil", diz Kauffman, "em vários segmentos do noticiário não basta mudar de canal para encontrar visões diversas entre si. De forma geral, a análise política na grande mídia é muito uniforme e bebe das mesmas fontes."

Clique aqui e leia o artigo de Ricardo Kauffman na íntegra.

Querida Marina

Em artigo publicado na Folha de S. Paulo desta sexta-feira, Frei Betto lamenta a saída de Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente e afirma: "Não te merece um governo que se cerca de latifundiários e cúmplices do massacre de ianomâmis."

Leia o artigo na íntegra:

CAÍSTE DE pé! Trazes no sangue a efervescente biodiversidade da floresta amazônica. Teu coração desenha-se no formato do Acre e em teus ouvidos ressoa o grito de alerta de Chico Mendes. Corre em tuas veias o curso caudaloso dos rios ora ameaçados por aqueles que ignoram o teu valor e o significado de sustentabilidade.

Na Esplanada dos Ministérios, como ministra do Meio Ambiente, tu eras a Amazônia cabocla, indígena, mulher. Muitas vezes, ao ouvir tua voz clamar no deserto, me perguntei até quando agüentarias. Não te merece um governo que se cerca de latifundiários e cúmplices do massacre de ianomâmis.

Não te merecem aqueles que miram impassíveis os densos rolos de fumaça volatilizando a nossa floresta para abrir espaço ao gado, à soja, à cana, ao corte irresponsável de madeiras nobres.

Por que foste excluída do Plano Amazônia Sustentável? A quem beneficiará esse plano, aos ribeirinhos, aos povos indígenas, aos caiçaras, aos seringueiros ou às mineradoras, às hidrelétricas, às madeireiras e às empresas do agronegócio?

Quantas derrotas amargaste no governo? Lutaste ingloriamente para impedir a importação de pneus usados e a transformação do país em lixeira das nações metropolitanas; para evitar a aprovação dos transgênicos; para que se cumprisse a promessa histórica de reforma agrária.

Não te muniram de recursos necessários à execução do Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento da Amazônia Legal, aprovado pelo governo em 2004.

Entre 1990 e 2006, a área de cultivo de soja na Amazônia se expandiu ao ritmo médio de 18% ao ano. O rebanho se multiplicou 11% ao ano. Os satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) detectaram, entre agosto e dezembro de 2007, a derrubada de 3.235 km2 de floresta.

É importante salientar que os satélites não contabilizam queimadas, apenas o corte raso de árvores. Portanto, nem dá para pôr a culpa na prolongada estiagem do segundo semestre de 2007. Como os satélites só captam cerca de 40% da área devastada, o próprio governo estima que 7.000 km2 tenham sido desmatados.

Mato Grosso é responsável por 53,7% do estrago; o Pará, por 17,8%; e Rondônia, por 16%. Do total de emissões de carbono do Brasil, 70% resultam de queimadas na Amazônia.

Quem será punido? Tudo indica que ninguém. A bancada ruralista no Congresso conta com cerca de 200 parlamentares, um terço dos membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

E, em ano de eleições municipais, não há nenhum indício de que os governos federal e estaduais pretendam infligir qualquer punição aos donos das motosserras com poder de abater árvores e eleger ($) candidatos.

Tu eras, Marina, um estorvo àqueles que comemoram, jubilosos, a tua demissão, os agressores do meio ambiente, os mesmos que repudiam a proposta de proibir no Brasil o fabrico de placas de amianto e consideram que "índio atrapalha o progresso".

Defendeste com ousadia nossas florestas, nossos biomas e nossos ecossistemas, incomodando quem não raciocina senão em cifrões e lucros, de costas para os direitos das futuras gerações. Teus passos, Marina, foram sempre guiados pela ponderação e pela fé.

Em teu coração jamais encontrou abrigo a sede de poder, o apego a cargos, a bajulação aos poderosos, e tua bolsa não conhece o dinheiro escuso da corrupção.

Retorna à tua cadeira no Senado Federal. Lembra-te ali de teu colega Cícero, de quem estás separada por séculos, porém unida pela coerência ética, a justa indignação e o amor ao bem comum.

Cícero se esforçou para que Catilina admitisse seus graves erros: "É tempo, acredita-me, de mudares essas disposições; desiste das chacinas e dos incêndios. Estás apanhado por todos os lados. Todos os teus planos são para nós mais claros que a luz do dia.

Em que país do mundo estamos nós, afinal? Que governo é o nosso?"

Faz ressoar ali tudo que calaste como ministra. Não temas, Marina. As gerações futuras haverão de te agradecer e reconhecer o teu inestimável mérito.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

A poesia de Cora Coralina


Não te deixes destruir...

Ajuntando novas pedras

e construindo novos poemas.

Recria tua vida, sempre, sempre.

Remove pedras e planta roseiras e faz doces.

Recomeça.

Faz de tua vida mesquinha um poema.

E viverás no coração dos jovens

e na memória das gerações que hão de vir.

Esta fonte é para uso de todos os sedentos.

Toma a tua parte.

Vem a estas páginas

e não entraves seu uso aos que têm sede.


Cora Coralina (Outubro, 1981)

terça-feira, 13 de maio de 2008

Marina Silva deixa Ministério do Meio Ambiente

O governo Lula perdeu hoje um de seus quadros mais respeitáveis. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, após cinco anos e meio, deixou o cargo. Em carta ao presidente, ela disse que sua decisão é em “caráter pessoal e irrevogável”. Marina afirmou que sua saída "decorre das dificuldades que têm enfrentado há algum tempo para dar prosseguimento à agenda ambiental". Em outro trecho da carta, Marina fala das "crescentes resistências encontradas" por sua equipe.

Marina Silva não especificou quais foram essas dificuldades às quais se refere nem nomes de possíveis opositores à agenda ambiental defendida por ela e sua equipe. Mas as divergências entre ela e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, eram públicas. A gota d'água para a saída de Marina Silva do governo deu-se na semana passada, quando o presidente Lula lançou o Plano Amazônia Sustentável (PAS) e o deixou sob a coordenação do ministro da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger.

Leia a seguir a íntegra da carta de Marina Silva ao presidente Lula:

Caro presidente Lula,

Venho, por meio desta, comunicar minha decisão em caráter pessoal e irrevogável, de deixar a honrosa função de Ministra de Estado do Meio Ambiente, a mim confiada por V. Excia desde janeiro de 2003. Esta difícil decisão, Sr. Presidente, decorre das dificuldades que tenho enfrentado há algum tempo para dar prosseguimento à agenda ambiental federal.

Quero agradecer a oportunidade de ter feito parte de sua equipe. Nesse período de quase cinco anos e meio esforcei-me para concretizar sua recomendação inicial de fazer da política ambiental uma política de governo, quebrando o tradicional isolamento da área.

Agradeço também o apoio decisivo, por meio de atitudes corajosas e emblemáticas, a exemplo de quando, em 2003, V. Excia chamou a si a responsabilidade sobre as ações de combate ao desmatamento na Amazônia, ao criar grupo de trabalho composto por 13 ministérios e coordenado pela Casa Civil. Esse espaço de transversalidade de governo, vital para a existência de uma verdadeira política ambiental, deu início à série de ações que apontou o rumo da mudança que o País exigia de nós, ou seja, fazer da conservação ambiental o eixo de uma agenda de desenvolvimento cuja implementação é hoje o maior desafio global.

Fizemos muito: a criação de quase 24 milhões de hectares de novas áreas de conservação federais, a definição de áreas prioritárias para conservação da biodiversidade em todos os nossos biomas, a aprovação do Plano Nacional de Recursos Hídricos, do novo Programa Nacional de Florestas, do Plano Nacional de Combate à desertificação e temos em curso o Plano Nacional de Mudanças Climáticas.

Reestruturamos o Ministério do Meio Ambiente, com a criação da Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e do Serviço Florestal Brasileiro; com melhoria salarial e realização de concursos públicos que deram estabilidade e qualidade à equipe. Com a completa reestruturação das equipes de licenciamento e o aperfeiçoamento técnico e gerencial do processo. Abrimos debate amplo sobre as políticas socioambientais, por meio da revitalização e criação de espaços de controle social e das conferências nacionais de Meio Ambiente, efetivando a participação social na elaboração e implementação dos programas que executamos.

Em negociações junto ao Congresso Nacional ou em decretos, estabelecemos ou encaminhamos marcos regulatórios importantes, a exemplo da Lei de Gestão de Florestas Públicas, da criação da área sob limitação administrativa provisória, da regulamentação do art. 23 da Constituição, da Política Nacional de Resíduos Sólidos, da Política Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais. Contribuímos decisivamente para a aprovação da Lei da Mata Atlântica.

Em dezembro último, com a edição do Decreto que cria instrumentos poderosos para o combate ao desmatamento ilegal e com a Resolução do Conselho Monetário Nacional, que vincula o crédito agropecuário à comprovação da regularidade ambiental e fundiária, alcançamos um patamar histórico na luta para garantir à Amazônia exploração equilibrada e sustentável. É esse nosso maior desafio. O que se fizer da Amazônia será, ouso dizer, o padrão de convivência futura da humanidade com os recursos naturais, a diversidade cultural e o desejo de crescimento. Sua importância extrapola os cuidados merecidos pela região em si, e revela potencial de gerar alternativas de resposta inovadora ao desafio de integrar as dimensões social, econômica e ambiental do desenvolvimento.

Hoje, as medidas adotadas tornam claro e irreversível o caminho de fazer da política socioambiental e da economia uma única agenda, capaz de posicionar o Brasil de maneira consistente para operar as mudanças profundas que, cada vez mais, apontam o desenvolvimento sustentável como a opção inexorável de todas as nações.

Durante essa trajetória, V. Excia é testemunha das crescentes resistências encontradas por nossa equipe junto a setores importantes do governo e da sociedade. Ao mesmo tempo, de outros setores tivemos parceria e solidariedade. Em muitos momentos, só conseguimos avançar devido ao seu acolhimento direto e pessoal. No entanto, as difíceis tarefas que o governo ainda tem frente sinalizam que é necessária a reconstrução da sustentação política para a agenda ambiental.

Tenho o sentimento de estar fechando o ciclo cujos resultados foram significativos, apesar das dificuldades. Entendo que a melhor maneira de continuar contribuindo com a sociedade brasileira e o governo é buscando, no Congresso Nacional, o apoio político fundamental para a consolidação de tudo o que conseguimos construir e para a continuidade da implementação da política ambiental.

Nosso trabalho à frente do MMA incorporou conquistas de gestões anteriores e procurou dar continuidade àquelas políticas que apontavam para a opção de desenvolvimento sustentável. Certamente, os próximos dirigentes farão o mesmo com a contribuição deixada por esta gestão. Deixo seu governo com a consciência tranqüila e certa de, nesses anos de profícuo relacionamento, temos algo de relevante para o Brasil.

Que Deus continue abençoando e guardando nossos caminhos.

Marina Silva

Xeleleu censurado

O Xeleleu News está fora do ar. Segundo Ailton Medeiros, a culpa é de Thaisa Galvão. A blogueira e editora d'O Jornal de Hoje teria movido uma ação contra o responsável pelo blog e o obrigado a retirar a página de circulação.

O Xeleleu começou muito bem, com uma pitada de humor ácido e tiradas inteligentes. Mas depois, faltou criatividade e começou a criar polêmica pela polêmica. Ficou sem graça.

Às vezes, o blog parecia sofrer de crise de identidade. Elogiava o surgimento de "novas lideranças políticas" para, em seguida, desqualificar essas mesmas lideranças.

Mesmo assim, a censura da qual foi vítima (se o foi mesmo) é condenável.

Ronaldo: o homem que não queria ser deus

Em artigo publicado na revista eletrônica Terra Magazine, o cineasta e jornalista José Pedro Goulart demonstra como jogadores de futebol são beatificados e santificados. Ronaldo Nazário é a personificação do jogador divinizado. Ganhador de duas Copas do Mundo e eleito três vezes o melhor jogador do planeta, ele provou "a deferência dada aos deuses".

"Divinizado, o jogador protagonizou romances celestiais; mulheres lindíssimas, vastas emoções, mas casamentos imperfeitos: é que os deuses como bem sabemos a partir da mitologia grega não se dão bem na comunhão com os humanos", escreve o colunista.

A "tentação da normalidade" teria levado Ronaldo a buscar, através do sexo vulgar, o "resgate da condição humana que havia perdido". "O sexo vulgar", analisa o jornalista, "o tornaria novamente o que era. O que somos. Vulgarmente humanos".

Leia mais aqui.

Reinaldo Azevedo vs. Ailton Medeiros: guerra de egos

Reinaldo Azevedo, o blogueiro da "Veja", defendeu o senador José Agripino (DEM-RN), que na semana passada levou um tá ligado da ministra da Casa Civil, Dilma Roussef. Reinaldo fez malabarismos semânticos para dizer que Agripino não disse o que de fato disse. Entendeu? Nem eu. Ailton Medeiros, o blogueiro com a síndrome da Taba, resolveu repercutir a entrevista que Reinaldo fez com Agripino. Ailton conseguiu o queria - chamar a atenção de Reinaldo e ganhar seus cinco minutos de fama no blog do "Tio Rei". Reinaldo só não chamou Ailton de carne assada. Ailton respondeu com o seu costumeiro bocó. Ailton já chamou Reinaldo de "cão de guarda dos golpistas", "paulisteiro desvairado" e disse que o problema dele é sua "radical boçalidade". Todos os adjetivos são perfeitamente cabíveis ao blogueiro da Veja. Mas, convenhamos, quem lê o blog de Ailton Medeiros sabe que ele é igualmente truculento quando quer desqualificar seus opositores. Certa vez, ele escreveu em blog que costuma reduzir seus inimigos a "pó de traque". Esta é simplesmente uma guerra de egos e personalismos. É a isso que o jornalismo tem se reduzido.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Eu, ainda jornalista

Esta é a crônica de um jornalista em início de carreira, mas já desiludido. Hoje, como de praxe, foi mais um dia difícil. Jornada dupla de trabalho, universidade à noite (a professora faltou pela quarta semana consecutiva), ônibus lotado, o menino vendendo pipoca bocus, o cara vendendo jujuba para comprar o mucilon da filha, eu sem grana, sem gana, sem nexo.

Diz a letra da canção que nada será como antes. Eu até que tento acreditar, mas a fé vai escapando assim por entre os interstícios da alma cansada. O corpo também padece. Então, fica a certeza que tudo continuará como está, este museu de grandes novidades. É como me disse esta noite um grande amigo: "Tudo permanecerá como ontem. Amanhã será hoje. A utopia caminha. É a desgraça dos passos em vão, das caminhadas sem fim, das fronteiras nunca transpostas".

Por um instante, a esperança, que não é sólida, se desmancha no ar. A força avassaladora da injustiça destrói cada centímetro de amor-próprio, dinamita lentamente aquele suspiro juvenil de querer mudar o mundo. É quando o sonho vira resignação. É quando a gente tem que renunciar à indignação pelo pão de cada dia. É isso ou entregar os pontos e desistir de viver.

Eu me sinto muitas vezes estuprado, intelectualmente violentado. Quando escolhi ser jornalista, acreditava ferrenhamente que poderia ajudar a transformar tudo o que está errado no mundo. No filme "Sociedade dos Poetas Mortos" (Dead Poets Society), o professor John Keating, vivido pelo ator Robin Willians, diz aos seus alunos: "Não importa o que disserem. Palavras e idéias podem mudar o mundo". Era esse o meu ideal romântico. Ideal que agora não é nada além de outra ilusão perdida.

As relações entre Agripino e a Universidade Potiguar (UnP)

O "Dossiê Agripino" da Caros Amigos ainda repercute. O leitor Júlio César escreve ao blog para dizer que a matéria fez eco no Rio Grande do Sul.

Outro leitor que se identificou somente como Pedro escreveu sugerindo uma investigação sobre a relação do senador José Agripino (DEM-RN) com a Universidade Potiguar (UnP):

Olá. Parabéns pela matéria. Gostaria que os companheiros jornalistas buscassem informações do Senador José Agripino e a sua relação com a UNP - Universidade Potiguar (maior Universidade particular do Nordeste, com quase 30 mil alunos), hoje sócia do Grupo Lauretti(Empresa estrangeira que atua no ramo empresarial das Universidaeds Particulares do Brasil e do mundo).

Esta Universidade é conhecida nacionalmente por praticas de repressão e retaliação ao movimento estudantil.

O curso de Medicina da UNP demorou a ser aprovado, uma vez que o MEC ,neste governo, estava mais rigoroso em relação a abertura de novos cursos. Após solucionar os "entraves burocráticos" lá em Brasília, entre 2003 e 2005. O Reitor Manoel Pereira, logo em seguida, foi nomeado Reitor desta Universidade.

A UNP juntamente com o Instituto Tancredo Neves, organizou uma série de Cursos de Formação, dentro da própria Universidade, que contou com a presença do próprio José Agripino e com lideranças nacionais do antigo PFL, e hoje DEM.

Esta Relação José Agripino e Universidade Potiguar - UNP é algo que merece muita atenção por parte da imprensa.

Por exemplo: Este mesmo Reitor da UNP é o então Manoel Pereira, aquele mesmo citado na matéria da Caros Amigos.

"Como tudo que cercou o Ganhe Já antes de sua falência total, a participação da empresa Informe Prestação de Serviços Ltda., terceirizada pela Dumbo Publicidade para executar a campanha, também é um mistério. E dos mais nebulosos. Contratada sem licitação, depois que o então secretário de Fazenda Manoel Pereira anulou inexplicavelmente a concorrência que havia sido aberta justamente para se escolher a firma que iria trabalhar no Ganhe Já, a Informe viveu sempre nas sombras."

Abraços fraternos.

"Pede para sair"

Rubens Lemos Filho, secretário de Comunicação do Governo do Estado, em entrevista ao JH Primeira Edição desta segunda-feira (12), disparou um torpedaço contra o deputado federal Rogério Marinho (PSB) e seu grupo de insurgentes pessebistas.

"As pessoas que não pactuam com a governadora deveriam ter a hombridade de pedir para sair da administração e não ficar usando o governo contra a própria governadora", declarou o jornalista.

E agora Rogério?

domingo, 11 de maio de 2008

EUA fizeram dossiê sobre Dilma Rousseff

O jornal gaúcho Zero Hora deste domingo publicou uma reportagem especial sobre aquilo que chamou de "dossiê indiscreto". Trata-se de um relatório detalhado, produzido pelo Consulado dos Estados Unidos em São Paulo, sobre a vida da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. O material foi enviado ao Departamento de Estado americano no dia seguinte à posse da ministra, ocorrida em 20 de junho de 2005.

De acordo com o jornal, o dossiê sobre Dilma Rousseff abrange todas as fases da vida da ministra, desde o nascimento, passando pelo período de guerrilheira na luta contra o regime militar, quando foi presa e torturada, até o presente de técnica prestigiada. Dilma é descrita como "durona", "exigente", "workaholic e alguém que "não respeita hierarquia". A ministra recebeu ainda a alcunha de "Joana D'arc dos subversivos".

Eis os principais tópicos do documento:

Joana d'Arc dos subversivos torna-se chefe da Casa Civil: “No dia 21 de Julho [de 2005], o presidente Lula nomeou Dilma Rousseff, 57, como sua nova ministra-chefe da Casa Civil. Ela ocupou o lugar de José Dirceu, que caiu fora, semana passada, por causa de um escândalo de corrupção. Dirceu estava envolvido profundamente nas estratégias políticas da administração, mas Rousseff anunciou na sua cerimônia de posse que tem a intenção de se focar mais em colocar em andamento a agenda política administrativa [...]”;

Gestora durona: “Rousseff entrou para o PT em 2001 e trabalhou no processo de transição de governo em 2002. Ela é uma gestora durona e exigente, que vai perseguir a qualificação da implementação de políticas administrativas. Ela está menos para o político de holofote, como [José] Dirceu, de ringue político, por ser mais focada em atacar a "burocracia".

Assaltos a banco e guerrilha: “Dilma Vana Rousseff nasceu em 14 de dezembro de 1947, o Estado de Minas Gerais. Seu pai era um promotor búlgaro, que se naturalizou e tinha cidadania brasileira. Ela se tornou ativamente envolvida com a oposição ao regime da dtadura mlitar em 1967, aos 19 anos, enquanto cursava Economia em Minas Gerais. Entrou para vários grupos clandestinos, organizou três assaltos a banco e então foi co-fundadora do grupo de guerrilha chamado Vanguarda Revolucionária Armada de Palmares”;

Marido seqüestrador e eletrocoques: “Rousseff se separou do primeiro marido, Cláudio Linhares, que, em janeiro de 1970, seqüestrou um avião para Cuba e permaneceu lá. Naquele mesmo mês, ela foi capturada pelo Regime e aprisionada por três anos (o oficial se referiu a ela como Joana D'arc dos subversivos), incluindo 22 dias de brutal tortura de eletrochoque”;

Formação acadêmica e gostos pessoais: “Rousseff tem grau de mestre em Teoria Econômica pela Universidade de Campinas e um doutorado não concluído em Economia. Em 1992, ela participou como visitante de um programa internacional nos EUA. Ela está atualmente separada do seu segundo marido (que também era um militante da oposição). Ela tem uma filha, Paula, em Porto Alegre, onde ela passa os finais de semana. Ela gosta de cinema e música clássica. Recentemente ela perdeu peso, depois de, alega-se, adotar a dieta do presidente”;

Da desconfiança aos elogios: “Com seu background técnico e um estilo no-nonsense, Rousseff recebeu respeito relutante do setor da Energia. Enquanto as Cias. norte-americanas estavam inicialmente desconfiadas quando ela foi designada para o cargo de [ministra das Minas e] Energia, agora admitem que ela fez um trabalho competente. Em particular eles a saúdam por sua disposição em ouvir e responder posições e idéias, mesmo quando está inclinada a uma conclusão diferente. Ela tem a uma reputação de negociadora dura, ser persistente e de prestar muita atenção aos detalhes. Adjetivos usados aqui por aqueles que trabalham com ela incluem exigente e workaholic”;

Inapetência política: “Diferentemente de José Dirceu, Rousseff nunca foi eleita para cargo público e seus contatos com o Congresso são limitados, o que sugere que a coordenação política da administração será tarefa de outros. A imprensa diz que Lula espera que ela produza um "choque de gestão" na administração, a qual, por causa da ineficiência administrativa, entraves burocráticos e, mais recentemente, pelos muitos escândalos de corrupção, encontra-se estagnada.


P.S.: Eu sugiro aos senadores José Agripino Maia (DEM-RN) e Arthur Virgílio (PSDB-AM) que convoquem o cônsul americano para prestar esclarecimentos na CPI que investiga o uso dos cartões corporativos do governo federal e a origem do dossiê sobre os gastos do ex-presidente FHC.

O teste da Veja

A revista "Veja" resolveu fazer um teste em seu site para saber a posição política das pessoas. Eles apelidaram o teste de "politicômetro". Eu participei pra ver no que dava esse negócio. Fui classificado como "antiliberal à esquerda". O politicômetro da revista define o meu perfil como alguém que "acredita que deve haver regulação sobre certos setores da sociedade e admite algumas restrições à liberdade individual".

Para chegar a essa conclusão, há perguntas sobre o que você acha das ações do MST ("invasões", no dicionário da Veja); se você prefere ditadura com estabilidade ou democracia com inflação; se você concorda com a necessidade de uma reforma tributária; o papel do estado nas greves; o que você acha das privatizações; se você prefere o político corrupto e eficiente ou o honesto e ineficiente; se você acha que o protecionismo nas práticas comerciais é aceitável; sobre o papel do estado na economia; sobre a manutenção ou não dos direitos trabalhistas; sobre o aborto; a liberalização da maconha; as pesquisas com células-tronco; o uso da tortura (a revista usa o termo "métodos violentos") em inquéritos policias; o porte de armas; o ensino religioso nas escolas; a adoção de crianças por casais homossexuais; a "censura" a certos programas de televisão e a cobrança de mensalidade nas universidades públicas.

Pronto. "Veja" resumiu toda a complexidade do pensamento político em 20 perguntas de um teste de múltipla escolha. A maioria das perguntas, como você deve ter notado, parte de uma visão reducionista e maniqueista. As questões são colocadas de maneira intencionalmente manipulada. Por exemplo, quando se pergunta se você prefere um candidato corrupto e eficiente ou um honesto e ineficiente, a revista passa a idéia que não existe nenhum candidato honesto e eficiente ao mesmo tempo.

Outra pergunta claramente distorcida é quando se questiona se certos programas de televisão deveriam sofrer "censura" (aspas minhas). É uma armadilha semântica. É óbvio que não sou a favor da censura. Mas sou a favor sim da regulação, que é absolutamente diferente de censura. Mas a mídia conservadora não gosta de ouvir falar em regulação social e invoca o discurso da censura para se defender. Ignora, assim, que o veículo (televisão e/ou rádio) é uma concessão pública e, portanto, deve satisfações ao público, legitimamente representado pelo governo democraticamente eleito para exercer a função de regulador social.

É por essas e outras que a "Veja" não passa em nenhum teste de credibilidade.