A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Turismo Sexual da Câmara Municipal do Rio de Janeiro recebeu denúncias de exploração sexual de crianças e adolesentes por valores a partir de R$1,99. A ocorrência seria na Central de Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro (Ceasa), no bairro de Campo Grande, no mercado da Penha e na Zona Oeste do Rio de Janeiro. A comissão apura denúncias desde junho deste ano.
As informações são de Brunna Rosa para o site da revista Fórum. De acordo com a matéria, a vereadora Liliam Sá (PR-RJ), presidente da CPI, não descartou a possibilidade de uma quadrilha internacional de exploração infantil estar atuando na região.
A matéria também informa que existem pelo menos mil crianças e adolescentes vitimas de exploração sexual na cidade.
A CPI foi instaurada após a operação “Mil e uma noites” da Policia Federal. A ação desmontou uma rede de prostituição, que incluía exploração de crianças, no Rio de Janeiro. O acusado de chefiar a organização criminosa, Adelino Correia, é policial militar e trabalhava na segurança no palácio do governo do Rio. Com o PM, foram encontrados anotações com nome das garotas e fotos.
sábado, 29 de setembro de 2007
Ciro Gomes na "Carta Capital"
Essa aí é capa da "Carta Capital" da semana passada, onde Ciro Gomes chama a mídia brasileira de "desastre" e a acusa de fazer a "novelização escandalosa da política".
Na entrevista à "Carta Capital", Ciro Gomes disse ainda que a imprensa é "nepotista, com os grandes grupos nas mãos de seis famílias, apesar do esforço de guerra para parecer isenta".
A capa da revista "Época", ligando Ciro Gomes às supostas irregularidades praticadas pelo Diretor de Administração do Banco do Nordeste, Victor Samuel Cavalcante da Ponte, que vem a ser amigo de longa data do deputado cearense, tem o objetivo claro de começar a minar, desde já, possível candidatura de Ciro Gomes à Presidência do Brasil em 2010.
Ciro cutucou a onça. A Globo, através da reportagem da "Época" deu a sua resposta: "Não ouse nos desafiar. Estamos preparados para a guerra."
A conferir como Ciro Gomes se posicionará daqui para frente. Espera-se que mantenha a mesma firme determinação que tem demonstrado de discutir o sistema de monopólio da informação mantido pela Globo no Brasil.
Na entrevista à "Carta Capital", Ciro Gomes disse ainda que a imprensa é "nepotista, com os grandes grupos nas mãos de seis famílias, apesar do esforço de guerra para parecer isenta".
A capa da revista "Época", ligando Ciro Gomes às supostas irregularidades praticadas pelo Diretor de Administração do Banco do Nordeste, Victor Samuel Cavalcante da Ponte, que vem a ser amigo de longa data do deputado cearense, tem o objetivo claro de começar a minar, desde já, possível candidatura de Ciro Gomes à Presidência do Brasil em 2010.
Ciro cutucou a onça. A Globo, através da reportagem da "Época" deu a sua resposta: "Não ouse nos desafiar. Estamos preparados para a guerra."
A conferir como Ciro Gomes se posicionará daqui para frente. Espera-se que mantenha a mesma firme determinação que tem demonstrado de discutir o sistema de monopólio da informação mantido pela Globo no Brasil.
Revista "Época" tenta ligar Ciro Gomes a fraude no Banco do Nordeste
A novidade política da semana que se inicia é a reportagem de capa da revista "Época". A revista conta a história das supostas fraudes praticadas por Victor Samuel Cavalcante da Ponte, Diretor de Administração do Banco do Nordeste. Victor é amigo de muitos anos do deputado Ciro Gomes (PSB-CE). "Época" refere-se a Victor como "amigo problemático" de Ciro e tenta vincular o nome do deputado pessebista às irregularidades que seu amigo teria cometido.
Victor está sendo investigado pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela Polícia Federal (PF) por suspeita de fraude no Banco do Nordeste. "Época" diz que ele é acusado de assinar de maneira irregular um acordo que teria reduzido de R$ 65 milhões para R$ 6,6 milhões uma dívida da empresa Frutas do Nordeste do Brasil S.A. (Frutan) com o Banco do Nordeste, em junho do ano passado, descumprindo uma proibição expressa da Advocacia-Geral da União (AGU).
A revista afirma que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ligou para Ciro Gomes a fim de informá-lo que abriria processo administrativo contra o amigo do deputado.
Em nota distribuída à imprensa, Ciro Gomes disse que recomendou ao ministro Mantega "a abertura de um inquérito que apure tudo, aguardando o investigado, fora do cargo, as conclusões."
Ciro também declarou que vincular seu nome a alguma suposta irregularidade praticada por seu amigo “é forçar notoriamente a barra”.
"Época" inverteu a ordem dos fatos ao tratar Ciro Gomes como investigado, quando quem está sob investigação é o senhor Victor Samuel Cavalcante da Ponte. Atribuir supostas irregularidades cometidas pelo “amigo problemático” ao próprio Ciro Gomes é exercício de patinação jornalística.
Ter “amigos problemáticos” não é privilégio específico de nenhum político. Muitos deles gravitam em torno da órbita de políticos de todas as cores ideológicas. Se fôssemos aplicar a máxima “diga-me com quem andas e eu te direi quem tu és”, todos seriam sumariamente condenados.
"Época" parece que aprendeu a lição direitinho com a "Veja", que tentou a todo custo depor o presidente Lula sob o argumento de que se os amigos do presidente estavam envolvidos em maracutaia, claro que o Lula também estaria.
Agora, o argumento é o mesmo contra Ciro Gomes: “O amigo do Ciro está envolvido em maracutaia, então o Ciro também está”. A imprensa tem investido muito neste flanco do “teste das hipóteses”, como disse Ali Kamel, o todo poderoso do jornalismo da Globo.
É bom lembrar que a Época pertence à Editora Globo. Ciro tem sido um dos críticos mais contundentes contra o papel e o poder que a grande mídia (leia-se “Rede Globo”) desempenham no Brasil. Na revista "Carta Capital" da semana passada, Ciro Gomes declarou que "A imprensa brasileira é um desastre. A mídia faz a novelização escandalosa da política".
Ao contrário do presidente Lula - que tem medo de discutir novas regras para a mídia - Ciro tem reiterado sua posição contra o monopólio vigente no país e a favor da democratização da informação.
As Organizações Globo não querem nem ouvir falar nessa discussão sobre a necessidade de estabelecer regras para a mídia e estão partindo para o ataque contra Ciro Gomes - que, uma vez eleito presidente, poderia vir a lhe dar muito trabalho.
Victor está sendo investigado pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela Polícia Federal (PF) por suspeita de fraude no Banco do Nordeste. "Época" diz que ele é acusado de assinar de maneira irregular um acordo que teria reduzido de R$ 65 milhões para R$ 6,6 milhões uma dívida da empresa Frutas do Nordeste do Brasil S.A. (Frutan) com o Banco do Nordeste, em junho do ano passado, descumprindo uma proibição expressa da Advocacia-Geral da União (AGU).
A revista afirma que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ligou para Ciro Gomes a fim de informá-lo que abriria processo administrativo contra o amigo do deputado.
Em nota distribuída à imprensa, Ciro Gomes disse que recomendou ao ministro Mantega "a abertura de um inquérito que apure tudo, aguardando o investigado, fora do cargo, as conclusões."
Ciro também declarou que vincular seu nome a alguma suposta irregularidade praticada por seu amigo “é forçar notoriamente a barra”.
"Época" inverteu a ordem dos fatos ao tratar Ciro Gomes como investigado, quando quem está sob investigação é o senhor Victor Samuel Cavalcante da Ponte. Atribuir supostas irregularidades cometidas pelo “amigo problemático” ao próprio Ciro Gomes é exercício de patinação jornalística.
Ter “amigos problemáticos” não é privilégio específico de nenhum político. Muitos deles gravitam em torno da órbita de políticos de todas as cores ideológicas. Se fôssemos aplicar a máxima “diga-me com quem andas e eu te direi quem tu és”, todos seriam sumariamente condenados.
"Época" parece que aprendeu a lição direitinho com a "Veja", que tentou a todo custo depor o presidente Lula sob o argumento de que se os amigos do presidente estavam envolvidos em maracutaia, claro que o Lula também estaria.
Agora, o argumento é o mesmo contra Ciro Gomes: “O amigo do Ciro está envolvido em maracutaia, então o Ciro também está”. A imprensa tem investido muito neste flanco do “teste das hipóteses”, como disse Ali Kamel, o todo poderoso do jornalismo da Globo.
É bom lembrar que a Época pertence à Editora Globo. Ciro tem sido um dos críticos mais contundentes contra o papel e o poder que a grande mídia (leia-se “Rede Globo”) desempenham no Brasil. Na revista "Carta Capital" da semana passada, Ciro Gomes declarou que "A imprensa brasileira é um desastre. A mídia faz a novelização escandalosa da política".
Ao contrário do presidente Lula - que tem medo de discutir novas regras para a mídia - Ciro tem reiterado sua posição contra o monopólio vigente no país e a favor da democratização da informação.
As Organizações Globo não querem nem ouvir falar nessa discussão sobre a necessidade de estabelecer regras para a mídia e estão partindo para o ataque contra Ciro Gomes - que, uma vez eleito presidente, poderia vir a lhe dar muito trabalho.
sexta-feira, 28 de setembro de 2007
Violência no RJ mata oito vezes mais jovens do que conflito na Palestina
"A violência no estado do Rio de Janeiro mata quase oito vezes mais crianças e adolescentes do que a disputa territorial entre Israel e Palestina, no Oriente Médio. São cerca de 450 jovens mortos com armas de fogo a cada ano na Palestina, enquanto que no Rio de Janeiro o número chega a 3.500. Os dados foram compilados a partir de diversas pesquisas e apresentados pelo antropólogo inglês Luke Dowdney durante o evento "Antídoto: Seminário Internacional de Ações Culturais em Zonas de Conflito", que aconteceu na cidade de São Paulo (SP)."
Leia mais em www.envolverde.ig.com.br
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Organizações lançam campanha sobre concessões de rádio e TV
Em 5 de outubro, movimentos sociais e populares devem ir às ruas para reivindicar que as concessões recebidas por empresas privadas para operarem emissoras de rádio e TV sejam dadas e renovadas com critério e clareza.
A data foi escolhida pelo seu simbolismo e marca o início da Campanha por Transparência e Democracia nas Concessões de Rádio e TV, convocada por diversas organizações da sociedade civil. Neste dia, vencem de uma só vez os prazos de validade das outorgas para exploração do serviço de radiodifusão recebidas por empresas que controlam algumas das principais redes de televisão do país: Globo, Record e Bandeirantes.
As manifestações devem ocorrer em várias cidades do país, como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Porto Alegre, Vitória, Manaus e Brasília, em ações articuladas por entidades de diversos setores, como o Movimento Sem Terra (MST), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Marcha Mundial de Mulheres (MMM) e a União Nacional dos Estudantes (UNE), além de organizações ligadas à área da comunicação, como o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e o Intervozes.
Para o mesmo dia, a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) convocou um boicote à programação da Rede Globo. A Conaq questiona o papel da emissora como agente de deslegitimação das organizações quilombolas e dos movimentos sociais em geral.
Concentração x Diversidade
A campanha que se inicia em outubro apóia-se sobre a premissa de que a concentração da propriedade dos meios de comunicação nas mãos de poucos é, em grande medida, responsável pelo fato de que a mídia é marcada pela falta de pluralidade de versões e da sub-representação da diversidade social e cultural do Brasil. “Os movimentos sociais não estão reivindicando nenhum tipo de censura. A reivindicação que está sendo feita é a da representação do povo brasileiro na esfera da comunicação”, diz Luana Bonone, diretora de Comunicação da UNE.
Em grande parte, o problema da concentração pode ser explicado pela ausência de critérios claros para a distribuição das concessões. Basicamente, estes critérios estão previstos na Constituição, mas nunca foram de fato regulamentados.
Por exemplo, a proibição do monopólio ou oligopólio no setor das comunicações é um princípio constitucional, previsto no artigo 220, porém não há nenhuma legislação inferior que descreva o que caracteriza a concentração da propriedade. Por esta razão, não há como questionar a óbvia situação de oligopólio da mídia.
Segundo dados da pesquisa “Os Donos da Mídia”, realizada pelo Instituto de Pesquisas e Estudos em Comunicação (Epcom) em 2003, as 6 redes privadas nacionais identificadas à época – Globo, SBT, Record, Bandeirantes, Rede TV! e CNT – dirigem diretamente 47 emissoras de TV e, indiretamente, a atuação de outras 249 emissoras dos 138 grupos que figuram como afiliados regionais. A estas 6 redes de TV estão vinculados outros 372 veículos, entre rádios AM e FM, jornais e revistas.
Além da questão da propriedade, a Constituição também institui princípios que deveriam garantir a diversidade na programação das rádios e TVs, como a exigência de veiculação de programas realizados por produtores independentes e produções regionais. Novamente, não existe regulamentação.
“Faltam critérios claros, baseados no interesse público, e faltam também mecanismos que comprometam as emissoras com estes princípios”, lembra João Brant, do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação. Brant explica que as empresas concessionárias assinam um contrato que serve apenas para formalizar a concessão, e mesmo assim é muito difícil ter acesso a ele. Apenas o extrato do contrato é publicado no Diário Oficial da União.
Uma das propostas apresentadas pelo Intervozes é a criação de conselhos estaduais e municipais que possam acompanhar como as empresas utilizam o espaço que lhes é concedido, tendo como base estes critérios constitucionais devidamente regulamentados. “É preciso que a sociedade possa exercer um controle democrático sobre estes meios, fazendo avaliações durante a vigência das outorgas e, principalmente, no momento das renovações.”
As concessões para os serviços de rádio têm prazo de 10 anos. Para televisão, o prazo é de 15 anos.
Privatização do ar
Assim como o contrato, outras informações a respeito dos processos de concessão e de renovação das outorgas são transformadas em um grande mistério pelos órgãos gestores. Não há uma lista com o nome dos proprietários de rádios e TVs disponível e para encontrar dados referentes à validade das outorgas é preciso consultar um sistema bastante técnico, mantido pelo Ministério das Comunicações e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Na verdade, nem mesmo os próprios órgãos gestores parecem ter controle de fato da situação. Em agosto, o ministério publicou uma portaria que institui processo de recadastramento das concessões. Pede, por exemplo, que as empresas enviem dados como o quadro societário, endereço de estúdio e escritório.
A medida, aparentemente louvável, demonstra a leniência com que os órgãos gestores tratam o setor privado da mídia. Ao pedir que seja informado sobre a composição do quadro societário, o Ministério das Comunicações assume desconhecer uma informação que deveria ter passado pelo próprio órgão antes de se tornar um dado. A alteração de sócios ou a transferência da outorga para outra pessoa jurídica tem de ser autorizada pelo Executivo Federal.
A falta de transparência cria situações como a que vem sendo discutida no Senado, a respeito da compra de emissoras de rádio pelo presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), usando “laranjas”. Apesar da dificuldade de acesso aos dados reais, sabe-se que a situação não é exclusividade do senador.
Além disso, a caixa-preta das concessões estabelece uma privatização branca do bem público que é o espectro eletromagnético (o conjunto das faixas de freqüência para transmissão, pelo ar, dos sinais de rádio e TV). Para Antônio Carlos Spis, da direção da CUT, esta situação faz com que os cidadãos e cidadãs brasileiros tomem como natural que o canal X é de propriedade da empresa Y.
“O desafio da campanha que vamos tocar é, exatamente, chegar nas pessoas e fazer com que elas reflitam e vejam que elas podem ter inserção na TV, que o rádio e a TV são do povo brasileiro, são um sinal público”, comenta o sindicalista. “É o povo, através da União, que concede à Globo, ao SBT, à Record o sinal que elas usam.”
Renovação automática
A naturalização da propriedade dos canais de rádio e TV é reforçada pela maneira caótica como ocorrem os processos de renovação das concessões. No ano passado, a Subcomissão Especial da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados (CCTCI) destinada a analisar mudanças nas normas de apreciação dos atos de outorga e renovação de concessões de radiodifusão apresentou relatório em que aponta que os processos levam 6,5 anos, em média, para serem concluídos.
Durante todo este tempo – que, em alguns casos ultrapassa o próprio prazo da concessão que deveria estar sendo renovada – , as emissoras têm a permissão para continuar transmitindo em caráter precário. Por esta razão, é possível encontrar emissoras cuja outorga está vencida há 15, 20 anos e que constam nos sistemas do ministério e da Anatel como perfeitamente legais.
Como não há limite para esta situação de precariedade, o que ocorre de fato é a renovação automática das concessões.
Sem limites
Este abuso do princípio da renovação é apenas um dos que podem ser observados no cenário atual das concessões. Mas enquanto esta é uma situação abusiva que encontra guarida na legislação, outras são ainda mais acintosas. Mesmo os poucos limites impostos pelas regulamentações atuais não são observados pelas emissoras.
Um dos mais óbvios é a restrição ao tempo destinado à publicidade. A legislação permite que apenas 25% da programação seja usada para este fim. “No entanto, temos verdadeiros supermercados eletrônicos funcionando em canal aberto”, lembra João Brant, do Intervozes.
Outro tipo de abuso dos limites mínimos atuais pode ser verificado no rádio, onde diversas emissoras cuja outorga é concedida para finalidades educativas são usadas para fins comerciais.
Por esta razão, a Campanha por Transparência e Democracia nas Concessões de Rádio e TV inclui na sua pauta de reivindicações a realização de “ações imediatas contra irregularidades nas concessões”.
A pauta da campanha inclui ainda outros três pontos:
“- Pelo fim da renovação automática: por critérios democráticos e transparentes com base da Constituição;
- Instalação de uma comissão de acompanhamento das renovações das concessões com participação da sociedade civil;
- Convocação de uma Conferência Nacional de Comunicação ampla e democrática para a constituição de políticas públicas e de um novo marco regulatório.”
Cristina Charão, Rets
Crédito de imagem: UNE (Envolverde/Rets)
Fórmula química do caixa 2 tucano
quinta-feira, 27 de setembro de 2007
A Record News está no ar
No lançamento do canal de notícias 24 horas,
Edir Macedo atacou "monopólio" da Globo
A cerimônia que marcou a inaguração da Record News, o primeiro canal de notícias 24 horas em sinal aberto da televisão brasileira, o dono da Record, bispo Edir Macedo, atacou o "monopólio" da informação da Globo.
Em seu discurso, ele afirmou que a Record News vem para "quebrar este monopólio e democratizar a informação". Edir Macedo disse também que, no passado, foi "injustiçado" pela Globo. Ele não citou o nome da emissora carioca, mas a referência foi mais que explícita.
O evento começou às 20h, no Teatro Record, em São Paulo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), também pretigiaram a festa.
José Serra discursou após Edir Macedo. Ele disse que a iniciativa da Record News "amplia em muito a diversidade de opiniões e multiplicidade de enfoques".
O presidente Lula foi o terceiro a discursar. Ele ressaltou que o papel do jornalismo "é informar com independência, precisão, imparcialidade, pluralidade de opiniões e direito ao contarditório".
Lula disse que, em seu governo, é questão fundamental "não cercear o exercício da liberdade de imprensa". Na opinião do presidente, "o público não absolve mais passivamente as opiniões e informações dos meios". Para Lula, "o público questiona a informação que chega até ele".
O presidente também disse que a estréia do canal contribui para a maior democratização da comunicação no país.
Após os discursos, Lula e Edir Macedo acionaram o botão "No ar", que deu início às transmissões da Record News.
Tereza Cruvinel, jornalista de O Globo, vai presidir TV Pública
Li com apreensão a notícia na Folha de São Paulo de que o Governo Federal escolheu a jornalista Tereza Cruvinel para presidir a nova rede de televisão pública, que será lançada em dezembro.
Acho contraditório o governo lançar uma rede de tv pública para se contrapor à cobertura da grande mídia e chamar para presidir esta rede uma jornalista ligada à grande mídia.
Tereza trabalha no jornal O Globo há 20 anos e é sua principal colunista política. Ela também faz comentários na Globonews.
Isso, necessariamente, não depõe contra ela. Mas o que uma jornalista de O Globo imagina como ideal de tv pública?
Acho contraditório o governo lançar uma rede de tv pública para se contrapor à cobertura da grande mídia e chamar para presidir esta rede uma jornalista ligada à grande mídia.
Tereza trabalha no jornal O Globo há 20 anos e é sua principal colunista política. Ela também faz comentários na Globonews.
Isso, necessariamente, não depõe contra ela. Mas o que uma jornalista de O Globo imagina como ideal de tv pública?
Leituras da mídia
Ainda sobre esse caso do "mensalão mineiro", Paulo Henrique Amorim, em seu site "Conversa Afiada" no portal IG, recorre à teoria da Agenda Setting para analisar o tratamento que a mídia deu ao "mensalão do PT" e o tratamento que está dando ao "mensalão mineiro".
A grosso modo, a Agenda Setting compreende a pauta de assuntos ditados pela mídia e que faz a cabeça de leitores, ouvintes, telespectadores e internautas. A mídia destaca determinados temas e ofusca ou ignora outros. A teoria foi formulada por Maxwell McCombs e Donald Shaw na década de 1970.
Paulo Henrique Amorim diz que a mídia emplacou a expressão "mensalão" e agora "vai emplacar a expressão "mensalão mineiro", em lugar do mensalão do PSDB, já que duas cabeças coroadas do PSDB aparecem na lista: Eduardo Azeredo, que foi presidente do partido, e o Governador Aécio Neves."
Uma leitura rápida pelos jornais da grande mídia comprova o que disse PHA. A expressão "mensalão mineiro" é uma tentativa de suavizar para os tucanos, evitando que a opinião pública relacione o PSDB ao esquema do "valerioduto".
É assim que a mídia estabelece não somente o assunto a ser discutido pela opinião pública, mas também como esse assunto deve ser discutido. A mídia dá o "tom" da conversa.
Está em curso também a tentativa de desviar o foco da discussão sobre o "mensalão tucano". O destaque às acusações contra o ministro da Articulação Política de Lula, Walfrido dos Mares Guia, vem sendo muito maior do que a repercussão dada ao pivô do caso, o senador do PSDB de MG Eduardo Azeredo, ex-presidente da sigla.
No editorial de hoje, a Folha chega a dizer que Wlafrido é "o próximo ministro a ser afastado pelos escândalos em que se enredou."
Mais uma vez, fica comprovado que a mídia escolheu um lado.
A grosso modo, a Agenda Setting compreende a pauta de assuntos ditados pela mídia e que faz a cabeça de leitores, ouvintes, telespectadores e internautas. A mídia destaca determinados temas e ofusca ou ignora outros. A teoria foi formulada por Maxwell McCombs e Donald Shaw na década de 1970.
Paulo Henrique Amorim diz que a mídia emplacou a expressão "mensalão" e agora "vai emplacar a expressão "mensalão mineiro", em lugar do mensalão do PSDB, já que duas cabeças coroadas do PSDB aparecem na lista: Eduardo Azeredo, que foi presidente do partido, e o Governador Aécio Neves."
Uma leitura rápida pelos jornais da grande mídia comprova o que disse PHA. A expressão "mensalão mineiro" é uma tentativa de suavizar para os tucanos, evitando que a opinião pública relacione o PSDB ao esquema do "valerioduto".
É assim que a mídia estabelece não somente o assunto a ser discutido pela opinião pública, mas também como esse assunto deve ser discutido. A mídia dá o "tom" da conversa.
Está em curso também a tentativa de desviar o foco da discussão sobre o "mensalão tucano". O destaque às acusações contra o ministro da Articulação Política de Lula, Walfrido dos Mares Guia, vem sendo muito maior do que a repercussão dada ao pivô do caso, o senador do PSDB de MG Eduardo Azeredo, ex-presidente da sigla.
No editorial de hoje, a Folha chega a dizer que Wlafrido é "o próximo ministro a ser afastado pelos escândalos em que se enredou."
Mais uma vez, fica comprovado que a mídia escolheu um lado.
Analista tucano diz que "mensalão mineiro" é uma farsa
Augusto de Franco, ex-integrante do governo FHC, disse que o "mensalão mineiro" é uma farsa. "A farsa do mensalão mineiro" é o título do seu artigo publicado na Folha de São Paulo desta quinta-feira 27.
No artigo, ele afirma que "Não houve mensalão em Minas, pois não houve compra de parlamentares e partidos para votar com o governo."
O que houve em Minas, segundo o ex-conselheiro de FHC, "foi um embrião do chamado valerioduto, voltado para abastecer caixa dois."
Não foi esse o mesmo argumento usado pelo PT para negar a existência do chamado "mensalão".
Tucanos são assim mesmo. Aos amigos tudo, aos inimigos a lei.
Mas não ficou só nisso. Augusto de Franco também fez questão de dizer que o PSDB e o PT são diferentes:
"Não consta que o PSDB tenha comprado apoio político para montar um Estado paralelo no país a partir da ocupação organizada da administração federal, das estatais e paraestatais e dos fundos de pensão, com o objetivo precípuo de falsificar a rotatividade democrática, retendo o poder nas mãos de um mesmo grupo privado pelo maior tempo possível. Essa é a origem e a razão do mensalão, quer dizer, do caixa três, não do caixa dois."
Tucanos também têm memória seletiva. "Esqueceram" da compra de votos para reeleição de FHC - o maior balcão de compra de votos instalado no Congresso Nacional.
E qual era o objetivo da reeleição? Não era criar as condições necessárias, alterando as regras do jogo no meio da partida, para que eles (os tucanos) se perpetuassem no poder, "falsificando a rotatividade democrática"?
No artigo, ele afirma que "Não houve mensalão em Minas, pois não houve compra de parlamentares e partidos para votar com o governo."
O que houve em Minas, segundo o ex-conselheiro de FHC, "foi um embrião do chamado valerioduto, voltado para abastecer caixa dois."
Não foi esse o mesmo argumento usado pelo PT para negar a existência do chamado "mensalão".
Tucanos são assim mesmo. Aos amigos tudo, aos inimigos a lei.
Mas não ficou só nisso. Augusto de Franco também fez questão de dizer que o PSDB e o PT são diferentes:
"Não consta que o PSDB tenha comprado apoio político para montar um Estado paralelo no país a partir da ocupação organizada da administração federal, das estatais e paraestatais e dos fundos de pensão, com o objetivo precípuo de falsificar a rotatividade democrática, retendo o poder nas mãos de um mesmo grupo privado pelo maior tempo possível. Essa é a origem e a razão do mensalão, quer dizer, do caixa três, não do caixa dois."
Tucanos também têm memória seletiva. "Esqueceram" da compra de votos para reeleição de FHC - o maior balcão de compra de votos instalado no Congresso Nacional.
E qual era o objetivo da reeleição? Não era criar as condições necessárias, alterando as regras do jogo no meio da partida, para que eles (os tucanos) se perpetuassem no poder, "falsificando a rotatividade democrática"?
"Se o ministro Mares Guia fosse um sindicalista, o céu já teria desabado", diz Elio Gaspari
Leia o artigo de Elio Gaspari publicado na Folha de São Paulo de ontem (quarta-feira 26):
“Se o ministro da Articulação Política do governo fosse um petista saído do movimento sindical, o céu já teria desabado sobre Brasília.
Imagine-se um companheiro metido numa reunião para definir a arrecadação da caixinha eleitoral de um candidato que acabou derrotado na eleição de 1998. Some-se um empréstimo pessoal feito por esse mesmo petista ao candidato, depois de sua derrota. Walfrido Mares Guia fez tudo isso, mas o tucanato trata o assunto com um silêncio retumbante, indicador do oportunismo com que manipula a moralidade alheia.
Mares Guia não é um sindicalista, mas próspero empresário; não está no ABC, mas na plutocracia mineira; não se meteu na campanha dos companheiros, mas na do então governador Eduardo Azeredo, que viria a ser presidente do PSDB. Sua praia é outra, a do tucanato que considera falta de educação tratar das maracutaias do andar de cima.
A principal gracinha propagada pelos defensores de Eduardo Azeredo é a teoria do "não sabia". Se ele não sabia que sua campanha era azeitada por recursos tungados à Viúva e entregues a Marcos Valério, qualquer tentativa de associá-lo à roubalheira é injusta. Afinal, Lula diz que não sabia das mesmas trambicagens, praticadas quatro anos depois pela direção do PT com o mesmo Marcos Valério. Nas palavras da assessoria do tucano: "As questões financeiras da campanha não foram de [sua] responsabilidade".
Seria um caso clássico de dois pesos e duas medidas. Todavia, o argumento é falso. Para que fosse verdadeiro, precisaria aparecer um empréstimo pessoal de R$ 511 mil, feito por Lula junto a um petista amigo que participou da coordenação de sua campanha. (Em 2003, Paulo Okamotto, atual presidente do Sebrae, pagou uma conta de R$ 29 mil de Lula, mas não esteve na banca petista de 2002.) Isso não permite sugerir que Lula não sabia dos malfeitos de Delúbio Soares, ou que não sabe de onde veio o dinheiro de Okamotto. Indica apenas que não se acharam as suas impressões digitais. No caso de Azeredo, elas estão lá, no empréstimo de Mares Guia.
Quando um petista é confrontado com as mutretas de seus companheiros, se enraivece e atribui a referência a algum tipo de conspiração elitista. Quando um tucano fica na mesma situação, ofende-se e corre para a blindagem do silêncio. Assim desconversou-se em 2000, quando apareceram as planilhas da segunda campanha de FFHH. Elas indicavam um caixa clandestino de pelo menos R$ 8 milhões. Uma parte desse dinheiro passara pela destilaria de Marcos Valério, cuja tecnologia financeira foi adquirida pelo PT na eleição seguinte.
Vice-governador de Eduardo Azeredo, ministro de Lula, Mares Guia é uma encruzilhada de gentilezas. Foi na sua vizinhança (e de Lula) que se disparou a demissão do engenheiro Dimas Toledo de uma diretoria de Furnas. Essa foi a faísca que incendiou os sentimentos do deputado Roberto Jefferson e a crise do mensalão.
O PT já buscou a indulgência de seus crentes com a teoria do "fizemos-o-que-todo-mundo-faz". A novidade no desdobramento das investigações do mensalão tucano está na paralisia mental do PSDB.
O comando tucano diz que vai discutir a situação de Azeredo. Vai nada. Se falasse sério, teria feito isso há dois anos. Correm atrás do prejuízo que poderá advir de uma denúncia do procurador-geral da República contra o ex-governador.”
“Se o ministro da Articulação Política do governo fosse um petista saído do movimento sindical, o céu já teria desabado sobre Brasília.
Imagine-se um companheiro metido numa reunião para definir a arrecadação da caixinha eleitoral de um candidato que acabou derrotado na eleição de 1998. Some-se um empréstimo pessoal feito por esse mesmo petista ao candidato, depois de sua derrota. Walfrido Mares Guia fez tudo isso, mas o tucanato trata o assunto com um silêncio retumbante, indicador do oportunismo com que manipula a moralidade alheia.
Mares Guia não é um sindicalista, mas próspero empresário; não está no ABC, mas na plutocracia mineira; não se meteu na campanha dos companheiros, mas na do então governador Eduardo Azeredo, que viria a ser presidente do PSDB. Sua praia é outra, a do tucanato que considera falta de educação tratar das maracutaias do andar de cima.
A principal gracinha propagada pelos defensores de Eduardo Azeredo é a teoria do "não sabia". Se ele não sabia que sua campanha era azeitada por recursos tungados à Viúva e entregues a Marcos Valério, qualquer tentativa de associá-lo à roubalheira é injusta. Afinal, Lula diz que não sabia das mesmas trambicagens, praticadas quatro anos depois pela direção do PT com o mesmo Marcos Valério. Nas palavras da assessoria do tucano: "As questões financeiras da campanha não foram de [sua] responsabilidade".
Seria um caso clássico de dois pesos e duas medidas. Todavia, o argumento é falso. Para que fosse verdadeiro, precisaria aparecer um empréstimo pessoal de R$ 511 mil, feito por Lula junto a um petista amigo que participou da coordenação de sua campanha. (Em 2003, Paulo Okamotto, atual presidente do Sebrae, pagou uma conta de R$ 29 mil de Lula, mas não esteve na banca petista de 2002.) Isso não permite sugerir que Lula não sabia dos malfeitos de Delúbio Soares, ou que não sabe de onde veio o dinheiro de Okamotto. Indica apenas que não se acharam as suas impressões digitais. No caso de Azeredo, elas estão lá, no empréstimo de Mares Guia.
Quando um petista é confrontado com as mutretas de seus companheiros, se enraivece e atribui a referência a algum tipo de conspiração elitista. Quando um tucano fica na mesma situação, ofende-se e corre para a blindagem do silêncio. Assim desconversou-se em 2000, quando apareceram as planilhas da segunda campanha de FFHH. Elas indicavam um caixa clandestino de pelo menos R$ 8 milhões. Uma parte desse dinheiro passara pela destilaria de Marcos Valério, cuja tecnologia financeira foi adquirida pelo PT na eleição seguinte.
Vice-governador de Eduardo Azeredo, ministro de Lula, Mares Guia é uma encruzilhada de gentilezas. Foi na sua vizinhança (e de Lula) que se disparou a demissão do engenheiro Dimas Toledo de uma diretoria de Furnas. Essa foi a faísca que incendiou os sentimentos do deputado Roberto Jefferson e a crise do mensalão.
O PT já buscou a indulgência de seus crentes com a teoria do "fizemos-o-que-todo-mundo-faz". A novidade no desdobramento das investigações do mensalão tucano está na paralisia mental do PSDB.
O comando tucano diz que vai discutir a situação de Azeredo. Vai nada. Se falasse sério, teria feito isso há dois anos. Correm atrás do prejuízo que poderá advir de uma denúncia do procurador-geral da República contra o ex-governador.”
terça-feira, 25 de setembro de 2007
Marisa Monte canta no complexo do Alemão
Marisa Monte vai levar seu "Universo Particular" para o complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. O evento ocorre no próximo dia 30 e faz parte do projeto "Conexões Urbanas", organizado pelo grupo cultural AfroReggae. O projeto leva vários shows às favelas do Rio de Janeiro.
O local da festa é um palco na favela da Canitá e começas às 19h. Luciano Huck vai apresentar o show. Pelo mesmo palco passarão o grupo musical do AfroReggae e os funkeiros da Furacão 2000.
Marisa, AfroReggae e funk no Alemão. A chapa vai ferver.
O local da festa é um palco na favela da Canitá e começas às 19h. Luciano Huck vai apresentar o show. Pelo mesmo palco passarão o grupo musical do AfroReggae e os funkeiros da Furacão 2000.
Marisa, AfroReggae e funk no Alemão. A chapa vai ferver.
domingo, 23 de setembro de 2007
Artigo
Sobreviventes do mundo do espetáculo
Por Bia Abramo, na Folha de São Paulo, hoje:
"GRANDES PROGRAMAS de TV não nascem todos os dias, crianças, sim". A frase vem de um esquete criado cinco anos atrás pelo comediante Jamie Kennedy, em que dois executivos de TV apresentam a pais incrédulos seu projeto de um reality show. A paródia coincide com a popularidade dos programas de competição por sobrevivência, como "Survivor", e, claro, com o que passou pela cabeça de gente do lado de cá e do lado de lá da TV: "E se inventarem um reality show com, digamos, crianças"?
Pois a CBS inventou e conseguiu convencer 40 pais e mães, à base de um contrato leonino, a deixarem seus filhos participar. O primeiro episódio de "Kid Nation" foi ao ar na última quarta-feira. O vídeo promocional, amplamente divulgado, na TV e na internet, explica do que se trata: 40 crianças entre 8 e 15 anos, vivendo sem adultos em uma cidade cenográfica, Bonanza, por 40 dias.
À diferença dos reality shows adultos, elas não são eliminadas e podem ir para casa se quiserem. À semelhança, as crianças são divididas em grupos, têm que competir por privilégios, são instadas a querer ganhar prêmios em dinheiro e a inventar maneiras de se organizar e suprir suas necessidades básicas.
A emissora negou como pôde as críticas que, claro, começaram a pipocar aqui e ali. No meio dos talk shows mais ou menos indignados com denúncias de que algumas crianças teriam ingerido alvejante e uma outra teria queimado o rosto com gordura quente, além de outras, mais graves, de exploração de trabalho infantil, um espectador anônimo, num desses videocasts espalhados no YouTube, resumia o que deve ter animado a enfrentar a polêmica com "consciência limpa": "Uma mistura de "Survivor" e "O Senhor das Moscas", quem não vai querer ver?".
O comentarista refere-se ao romance de William Golding, que conta como um grupo de garotos sobrevive a um acidente aéreo e se vê numa ilha deserta. O impacto do livro consiste em acompanhar a deterioração dos valores civilizatórios dentro de um grupo homogêneo e, em tese, menos afetado pelo mal por ser constituído de crianças. É esquemático, mas lá ainda estamos no reino da elaboração literária, onde, mesmo que os personagens cheguem a extremos da experiência, não passam de criações mentais .
Em "Kid Nation", nem mesmo essa distinção será possível. O espetáculo de crianças treinadas pela mídia e para a mídia já é, em si, muito triste. Junta-se a isso a perversidade intrínseca do reality show, que conduz pessoas reais a se transformarem em simulacros de suas personalidades e aí temos um problema bem maior do que uma intoxicação por ingestão de cloro.
Por Bia Abramo, na Folha de São Paulo, hoje:
"GRANDES PROGRAMAS de TV não nascem todos os dias, crianças, sim". A frase vem de um esquete criado cinco anos atrás pelo comediante Jamie Kennedy, em que dois executivos de TV apresentam a pais incrédulos seu projeto de um reality show. A paródia coincide com a popularidade dos programas de competição por sobrevivência, como "Survivor", e, claro, com o que passou pela cabeça de gente do lado de cá e do lado de lá da TV: "E se inventarem um reality show com, digamos, crianças"?
Pois a CBS inventou e conseguiu convencer 40 pais e mães, à base de um contrato leonino, a deixarem seus filhos participar. O primeiro episódio de "Kid Nation" foi ao ar na última quarta-feira. O vídeo promocional, amplamente divulgado, na TV e na internet, explica do que se trata: 40 crianças entre 8 e 15 anos, vivendo sem adultos em uma cidade cenográfica, Bonanza, por 40 dias.
À diferença dos reality shows adultos, elas não são eliminadas e podem ir para casa se quiserem. À semelhança, as crianças são divididas em grupos, têm que competir por privilégios, são instadas a querer ganhar prêmios em dinheiro e a inventar maneiras de se organizar e suprir suas necessidades básicas.
A emissora negou como pôde as críticas que, claro, começaram a pipocar aqui e ali. No meio dos talk shows mais ou menos indignados com denúncias de que algumas crianças teriam ingerido alvejante e uma outra teria queimado o rosto com gordura quente, além de outras, mais graves, de exploração de trabalho infantil, um espectador anônimo, num desses videocasts espalhados no YouTube, resumia o que deve ter animado a enfrentar a polêmica com "consciência limpa": "Uma mistura de "Survivor" e "O Senhor das Moscas", quem não vai querer ver?".
O comentarista refere-se ao romance de William Golding, que conta como um grupo de garotos sobrevive a um acidente aéreo e se vê numa ilha deserta. O impacto do livro consiste em acompanhar a deterioração dos valores civilizatórios dentro de um grupo homogêneo e, em tese, menos afetado pelo mal por ser constituído de crianças. É esquemático, mas lá ainda estamos no reino da elaboração literária, onde, mesmo que os personagens cheguem a extremos da experiência, não passam de criações mentais .
Em "Kid Nation", nem mesmo essa distinção será possível. O espetáculo de crianças treinadas pela mídia e para a mídia já é, em si, muito triste. Junta-se a isso a perversidade intrínseca do reality show, que conduz pessoas reais a se transformarem em simulacros de suas personalidades e aí temos um problema bem maior do que uma intoxicação por ingestão de cloro.
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