A novidade política da semana que se inicia é a reportagem de capa da revista "Época". A revista conta a história das supostas fraudes praticadas por Victor Samuel Cavalcante da Ponte, Diretor de Administração do Banco do Nordeste. Victor é amigo de muitos anos do deputado Ciro Gomes (PSB-CE). "Época" refere-se a Victor como "amigo problemático" de Ciro e tenta vincular o nome do deputado pessebista às irregularidades que seu amigo teria cometido.
Victor está sendo investigado pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela Polícia Federal (PF) por suspeita de fraude no Banco do Nordeste. "Época" diz que ele é acusado de assinar de maneira irregular um acordo que teria reduzido de R$ 65 milhões para R$ 6,6 milhões uma dívida da empresa Frutas do Nordeste do Brasil S.A. (Frutan) com o Banco do Nordeste, em junho do ano passado, descumprindo uma proibição expressa da Advocacia-Geral da União (AGU).
A revista afirma que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ligou para Ciro Gomes a fim de informá-lo que abriria processo administrativo contra o amigo do deputado.
Em nota distribuída à imprensa, Ciro Gomes disse que recomendou ao ministro Mantega "a abertura de um inquérito que apure tudo, aguardando o investigado, fora do cargo, as conclusões."
Ciro também declarou que vincular seu nome a alguma suposta irregularidade praticada por seu amigo “é forçar notoriamente a barra”.
"Época" inverteu a ordem dos fatos ao tratar Ciro Gomes como investigado, quando quem está sob investigação é o senhor Victor Samuel Cavalcante da Ponte. Atribuir supostas irregularidades cometidas pelo “amigo problemático” ao próprio Ciro Gomes é exercício de patinação jornalística.
Ter “amigos problemáticos” não é privilégio específico de nenhum político. Muitos deles gravitam em torno da órbita de políticos de todas as cores ideológicas. Se fôssemos aplicar a máxima “diga-me com quem andas e eu te direi quem tu és”, todos seriam sumariamente condenados.
"Época" parece que aprendeu a lição direitinho com a "Veja", que tentou a todo custo depor o presidente Lula sob o argumento de que se os amigos do presidente estavam envolvidos em maracutaia, claro que o Lula também estaria.
Agora, o argumento é o mesmo contra Ciro Gomes: “O amigo do Ciro está envolvido em maracutaia, então o Ciro também está”. A imprensa tem investido muito neste flanco do “teste das hipóteses”, como disse Ali Kamel, o todo poderoso do jornalismo da Globo.
É bom lembrar que a Época pertence à Editora Globo. Ciro tem sido um dos críticos mais contundentes contra o papel e o poder que a grande mídia (leia-se “Rede Globo”) desempenham no Brasil. Na revista "Carta Capital" da semana passada, Ciro Gomes declarou que "A imprensa brasileira é um desastre. A mídia faz a novelização escandalosa da política".
Ao contrário do presidente Lula - que tem medo de discutir novas regras para a mídia - Ciro tem reiterado sua posição contra o monopólio vigente no país e a favor da democratização da informação.
As Organizações Globo não querem nem ouvir falar nessa discussão sobre a necessidade de estabelecer regras para a mídia e estão partindo para o ataque contra Ciro Gomes - que, uma vez eleito presidente, poderia vir a lhe dar muito trabalho.
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