quinta-feira, 12 de julho de 2007

"Hugo Chávez não é populista", diz José Saramago

Na contramão das opiniões reinantes pelas bandas de cá, o escritor português José Saramago disse, nesta quinta-feira, que não considera o presidente venezuelano Hugo Chávez populista.

"É um jeito pejorativo de falar de alguém que se preocupar com as classes que durante gerações e gerações não saíam da miséria", afirmou.

Saramago disse ainda que Hugo Chávez "está usando de maneira correta" o dinheiro do petróleo venezuelano.

"O presidente Chávez é criticado muitas vezes por aquilo que chamam de seu populismo. Aceitando isso, cabe perguntar o que é não ser populista, como devemos chamar a alternativa".

Com informações do jornal O Globo

Stédile eleva o tom e diz que governo Lula é inimigo do MST

"O líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) disse que o latifúndio deixou de ser o principal inimigo do movimento e elegeu as empresas transacionais e o governo Lula, como principais inimigos na luta pela reforma agrária e mudança do modelo econômico em vigor no Brasil. A declaração foi feita hoje em discurso a sem-terra, pequenos agricultores e estudantes na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), em Cascavel, no Paraná.

"Antes era o latifúndio, agora são as empresas transacionais que exploram as nossas riquezas e levam para fora do país", afirma Stédile. Segundo ele, as empresas que dominam o agronegócio brasileiro enviaram para o exterior cerca de US$ 4 bilhões entre janeiro a junho deste ano, enquanto que a reforma agrária necessitaria de US$ 1 bilhão para ser executada pelo governo brasileiro. De acordo com dados do MST, existem 4 milhões de famílias de sem-terra no País.

Para Stédile, a reforma agrária no governo Luiz Inácio Lula da Silva está muito longe da expectativa dos movimentos sociais. "O MST se iludiu com o Lula porque ele não manda nada, vive viajando. Quem manda nesse País são os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Por isso, a reforma agrária não avança", diz o líder sem-terra. Para ele, o Estado brasileiro fez uma "aliança" com o agronegócio e nesse sentido cria leis para protegê-lo. "O Lula fica quieto porque recebeu dinheiro de campanha das empresas transacionais"."

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Espertos, muito espertos esses vereadores de Natal

Como foram pegos no pulo do gato, os vereadores que receberam propina para derrubar os vetos do prefeito Carlos Eduardo (PSB) às emendas do Plano Diretor, escândalo que veio à tona com a bem sucedida "Operação Impacto", ameaçam agora retaliar instalando uma Coimissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a reforma do Machadão. É uma tentativa de desgastar o prefeito Carlos Eduardo, a quem os espertinhos do legislativo municipal creditam forte influência por trás desse quiprocó todo.

E eu perginto: só agora eles desconfiam de que houve desvio de dinheiro público na reforma do Machadão?

Ah, faça-me o favor!

O vereador Salatiel de Souza, que serviu anos a fio ao agripinismo (que, como se sabe, é um sitema político profícuo em matéria de produção de homens públicos honestos) e agora está sem partido, saiu-se com uma história pra boi dormir. Disse que foi procurado pelo secretário-chefe do Gabinete Civil da Prefeitura, Bosco Pinheiro, que teria lhe oferecido vantagens para votar a favor dos vetos do prefeito.

Só agora você vem a público fazer a denúncia, vereador? Por quê a demora? Se é verdade que o prefeito lhe ofereceu dinheiro, o senhor deveria ter trazido o assunto ao conhecimento de todos de pronto. Se não o fez, foi porque deve ter se sentido atraído pela suposta proposta - mas acabou aceitando a das empreiteiras, né!

E só pra chatear, mais uma da Thaísa Galvão - estou adorando catalogar as m... que ela escreve!

Eis que a editora-chefe d'O Jornal de Hoje divulgou em seu blog a lista com os nomes das entidades ligadas aos movimentos sociais que assinaram o manifesto de apoio à Operação Impacto. Veja só o comentário dela: "É tanta entidade, tanto nome estranho, tanta coisa que ninguém tinha ouvido falar... O fato é que elas existem e assinaram a nota".

Pô, Thaísa, você também não facilita, né! Depois não vem reclamar que eu pego no seu pé.

Tenho uma explicação para o fato de você (e da maioria dos coleguinhas de profissão) não conhecer os movimentos sociais: você está longe das ruas! Não sabe o que se passa no ceio do povo, não conhece a realidade dos que lutam por uma sociedade com menos desigualdade, por um outro mundo possível. O seu mundo é o mundo dos conchavos políticos, dos chás das cinco, das confrarias de não sei o que lá... Não é de se estranhar que a existênncia de tantos movimentos sociais organizados lhe deixe desorientada.

"Operação Impacto" na imprensa

Manchetes dos princiapis jornais de Natal sobre a Operação Impacto:

Tribuna do Norte: "MP acusa 8 vereadores de venderem votos na Câmara"

Diário de Natal: "MP acusa vereadores de cobrarem propinas"

O Jornal de Hoje: "Vereadores receberam propinas para derrubar vetos do prefeito"

Correio da Tarde: "Telefonemas comprovam que vereadores receberam propina"

Os dois primeiros impressos, mais tradicionais da cidade, optaram por ficar em cima do muro, colocando a denúncia do propinoduto na Câmara Municipal na boca do MP: "MP acusa". Os jornais não querem se comprometer com as denúncias - por sinal, mais que comprovadas com escutas telefônicas nas quais os sapientíssimos vereadores demonstram toda sua capacidade verborrágica.

É bom lembrar que um dos vereadores envolvidos no esquema, Geraldo Neto (PMDB), é da família dos donos da Tribuna do Norte. Alguém esperava que eles não aliviassem a barra do menino?

O Jornal de Hoje e o Correio da Tarde foram mais enfáticos, suas respectivas manchetes traduzem melhor a verdade dos fatos: "Vereadores receberam propina". Os dois vespertinos se posicionaram ao lado do MP e contra os vereadores. Foram mais corajosos.

Agora, a Thaisa Galvão, que vem a ser editora-chefe d'O Jornal de Hoje, não tem jeito mesmo. Na edição de hoje do seu blog, ela diz estranhar que o MP tenha listado os nomes de 16 vereadores que votaram pela derrubada dos vetos às emendas do Plano Diretor. O argumento dela é que a votação foi secreta.

Ora, bolas! Até a verde grama do jardin da Câmara Municipal conhecia o voto de cada vereador, pois, em mais de uma oportunidade, eles declararam o que fariam na urna - isso mesmo que vc tá pensando, uma grande cagada!

Além disso, a nobre colega jornalista deve ter lido as transcrições das escutas telefônicas feitas pelo MP, com autorização judicial, onde os tais vereadores conversam sem nenhum pudor sobre o esquema de propinas que rolou na Casa do Povo - que a julgar pelo perfil da maioria dos seus inquilinos, está mais para zona.

Quanto aos vereadores sacanas, eles estão utilizando uma velha prática de quem é pego com a boca na botija: negar tudo até a morte. A faca pode entrar de bucho a dentro, mas eles negam tudo. "Essa voz gravada não é minha". Faz-me rir - pra não chorar de raiva! A tática conjunta também é a de desqualificar a ação do MP e da Polícia Civil.

E o vereador Siqueira, hein! Pego com R$ 5 mil escondidos debaixo do tapete do carro, ele disse que o dinheiro seria utilizado para pagar uma pendência judicial com um ex-funcionário. Só não disse o porquê da grana estar escondida em local tão incomum.

E hoje tem lavagem da escadaria da Câmara Municipal. Haja sabão pra limpar tanta sujeira.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Um dia a casa cai

O título é de um filme do final da década de 1980, sucesso protagonizado por Tom Hanks. Mas serve como luva à Câmara Municipal de Natal (CMN). Todos os sites noticiosos, os telejornais locais e alguns vespertinos impressos deram conta da Operação Impacto, realizada hoje pelo Ministério Público Estadual e a Polícia Civil.

O resumo da ópera é o seguinte: policiais civis e promotores públicos realizaram diligências e apreenderam computadores documentos em gabinetes, escritórios e casas de oito vereadores de Natal acusados de receber propina para derrubar os vetos do prefeito Carlos Eduardo às emendas do Plano Diretor.

A lista de vereadores sob suspeita é esta: o presidente da CMN Dickson Nasser (PSB), Geraldo Neto (PMDB), Sargento Siqueira (PV), Renato Dantas (PMDB), Adenúbio Melo (PSB), Júlio Protásio (PV), Emílson Medeiros (PPS) e Salatiel de Souza (sem partido).

Na casa do vereador Geraldo Neto, sobrinho do senador e ex-governador Garibaldi Alves Filho (PMDB), foram encontrados R$ 77 mil em espécie. Na casa do seu colega, vereador Emílson Medeiros, foram encontrados mais de R$ 12 mil. Enquanto isso, uma das diligências encontrou R$ 5 mil escondidos debaixo do tapete do carro do vereador Sargento Siqueira.

Não se sabe ao certo de onde partiram as denúncias que originaram a operação. A imprensa noticiou que quem denunciou o esquema foi o vereador Sid Fonseca (PR). Mas ele negou a informação. O fato é que as escutas realizadas com autorização judicial, divulgadas pelo MPE, mostraram a participação dos nobres representantes do povo no esquema ilícito.

Até aí nenhuma novidade. Até o gramado do jardim da Câmara Municipal sabia que os vereadores receberam por fora para sabotar o Plano Diretor de Natal, apresentando emendas que atendiam aos interesses dos empreiteiros.

Depois que o escândalo veio à tona, os doutos signatários da vontade popular se saíram com os desmentidos de praxe. Todos juraram inocência e disseram estar com a consciência tranqüila. Eu acredito neles. Claro, também acredito em Papai Noel, Fada Madrinha, Duendes...

Engraçado foi o que eu li no blog da Thaisa Galvão. Sobre o dinheiro encontrado na casa de Emílson Medeiros, ela disse assim: "E vamos e venhamos, sem querer defender ninguém, 15 mil reais não é valor para pagamento de propina".

Quase morri de rir. Quer dizer então que os vereadores de Natal estabeleceram um piso pra receberem propina? Só vale acima de R$ 15 mil?

Mandei o comentário para o blog, mas ela não publicou. Vai saber o porquê...

O que ninguém atentou ainda é para o fato de que se há vereadores que receberam propina é porque essa oferta surgiu de alguém. Quem são os corruptores? Vamos esperar que as investigações comandadas pelo procurador-geral de Justiça, José Augusto Peres, a procuradora do Município Marise Costa de Souza Duarte e a Polícia Civil encontrem a resposta.

Além da lista dos oito, outros vereadores também são suspeitos de integrar o sistema de recebimento de propina: Adão Eridan (PR, de licença médica), Aquino Neto (PV), Edivan Martins (PV, que pretendia derrubar os vetos mas mudou de opinião), Carlos Santos (PR), Luiz Carlos (sem partido), Aluízio Machado (PSB, que era líder do prefeito mas votou contra o prefeito), Enildo Alves (PSB) e Bispo Francisco de Assis (PSB). As informações são d'O Jornal de Hoje.

Mesmo que o caso não dê em nada e ninguém seja punido, já vale por desmascarar o discurso safado dessa máfia instalada naquela que deveria ser a casa do povo. Quando vejo eles jurando inocência, tenho vontade de chegar e perguntar: "Vem cá, tu acha que eu sou otário, é?"