quarta-feira, 11 de julho de 2007

Um dia a casa cai

O título é de um filme do final da década de 1980, sucesso protagonizado por Tom Hanks. Mas serve como luva à Câmara Municipal de Natal (CMN). Todos os sites noticiosos, os telejornais locais e alguns vespertinos impressos deram conta da Operação Impacto, realizada hoje pelo Ministério Público Estadual e a Polícia Civil.

O resumo da ópera é o seguinte: policiais civis e promotores públicos realizaram diligências e apreenderam computadores documentos em gabinetes, escritórios e casas de oito vereadores de Natal acusados de receber propina para derrubar os vetos do prefeito Carlos Eduardo às emendas do Plano Diretor.

A lista de vereadores sob suspeita é esta: o presidente da CMN Dickson Nasser (PSB), Geraldo Neto (PMDB), Sargento Siqueira (PV), Renato Dantas (PMDB), Adenúbio Melo (PSB), Júlio Protásio (PV), Emílson Medeiros (PPS) e Salatiel de Souza (sem partido).

Na casa do vereador Geraldo Neto, sobrinho do senador e ex-governador Garibaldi Alves Filho (PMDB), foram encontrados R$ 77 mil em espécie. Na casa do seu colega, vereador Emílson Medeiros, foram encontrados mais de R$ 12 mil. Enquanto isso, uma das diligências encontrou R$ 5 mil escondidos debaixo do tapete do carro do vereador Sargento Siqueira.

Não se sabe ao certo de onde partiram as denúncias que originaram a operação. A imprensa noticiou que quem denunciou o esquema foi o vereador Sid Fonseca (PR). Mas ele negou a informação. O fato é que as escutas realizadas com autorização judicial, divulgadas pelo MPE, mostraram a participação dos nobres representantes do povo no esquema ilícito.

Até aí nenhuma novidade. Até o gramado do jardim da Câmara Municipal sabia que os vereadores receberam por fora para sabotar o Plano Diretor de Natal, apresentando emendas que atendiam aos interesses dos empreiteiros.

Depois que o escândalo veio à tona, os doutos signatários da vontade popular se saíram com os desmentidos de praxe. Todos juraram inocência e disseram estar com a consciência tranqüila. Eu acredito neles. Claro, também acredito em Papai Noel, Fada Madrinha, Duendes...

Engraçado foi o que eu li no blog da Thaisa Galvão. Sobre o dinheiro encontrado na casa de Emílson Medeiros, ela disse assim: "E vamos e venhamos, sem querer defender ninguém, 15 mil reais não é valor para pagamento de propina".

Quase morri de rir. Quer dizer então que os vereadores de Natal estabeleceram um piso pra receberem propina? Só vale acima de R$ 15 mil?

Mandei o comentário para o blog, mas ela não publicou. Vai saber o porquê...

O que ninguém atentou ainda é para o fato de que se há vereadores que receberam propina é porque essa oferta surgiu de alguém. Quem são os corruptores? Vamos esperar que as investigações comandadas pelo procurador-geral de Justiça, José Augusto Peres, a procuradora do Município Marise Costa de Souza Duarte e a Polícia Civil encontrem a resposta.

Além da lista dos oito, outros vereadores também são suspeitos de integrar o sistema de recebimento de propina: Adão Eridan (PR, de licença médica), Aquino Neto (PV), Edivan Martins (PV, que pretendia derrubar os vetos mas mudou de opinião), Carlos Santos (PR), Luiz Carlos (sem partido), Aluízio Machado (PSB, que era líder do prefeito mas votou contra o prefeito), Enildo Alves (PSB) e Bispo Francisco de Assis (PSB). As informações são d'O Jornal de Hoje.

Mesmo que o caso não dê em nada e ninguém seja punido, já vale por desmascarar o discurso safado dessa máfia instalada naquela que deveria ser a casa do povo. Quando vejo eles jurando inocência, tenho vontade de chegar e perguntar: "Vem cá, tu acha que eu sou otário, é?"

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