Comentário postado por Weden, no blog do Luis Nassif:
"Você lê uma Exame, uma revista Nova Escola, você percebe que não há problema ético nenhum nestas revistas.
Portanto, não: a política da difamação e a prática de jornalismo marrom não são uma marca do grupo Abril.
Os Civitas mantém o padrão de bom jornalismo nos outros produtos do grupo Abril, e devem ser admirados por isso.
Conversando com alguns jornalistas da revista, você também percebe que há diferenças de posição, há gente digna por ali, na Veja.
O câncer, Nassif, o câncer está na Veja. Mas, mais especificamente, o câncer está na cabeça da Veja.
A revista tem uma história a zelar. O grupo Abril tem uma história a zelar.
Quem não tem nada a zelar é o câncer na cabeça da Veja.
Porque o câncer só tem zelo com sua própria expressão maligna, seu verbo mortal, odioso pelo que circunda.
O câncer só conhece adjetivos podres, advérbios doentes, artigos indefinidos e interjeições chulas. O câncer vive da sintaxe maligna, da articulação dos ruins.
O câncer da Veja não tem classe, nem gramatical, nem civilizacional.
Ele sobrevive da morte dos órgãos, das células sãs. Pulsão de morte.
A propósito, o câncer não pulsa, ele paralisa. Não viceja, degenera.
O câncer da Veja mata o corpo da Veja, aos poucos; mata porque é um avanço às avessas, um progresso negativo.
O câncer que acomete a Veja quer levá-la embora.
Como todo câncer não tem consideração pelo corpo que habita, mas apenas pela própria possibilidade de crescer para fora, corroendo o que há por dentro."
Em Tempo
Não convidem Nassif e Eurípedes Alcântara, diretor de redação da "Veja", para a mesma mesa. Nassif, em seu blog no IG, acusa Eurípedes de manter ligações com o publicitário Eduardo Fischer e também com o banqueiro Daniel Dantas.
O diretor da "Veja" respondeu chamando Nassif de "turco ladrao, mascate, rato", num ataque pra lá de agressivo no próprio blog do Nassif.
Eurípedes Alcântara é o câncer da "Veja"?
sábado, 29 de dezembro de 2007
sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
Os segredos da Islândia: a campeã do mundo em IDH
De acordo com o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), a Islândia superou a Noruega e é a nova campeã do mundo em IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). No site Conciência.Net, encontrei um artigo falando sobre as razões que tornaram a pequena ilha no Atlântico Norte a número 1 em desenvolvimento humano.
O país, conhecido como "Terra do Gelo", tem 312.851 habitantes distribuídos em 103 quilômetros quadrados (pouco mais que a área de Pernambuco).
Em relação à economia, a Islândia tem o 126º PIB (Produto Interno Bruto) do mundo. O país depende da indústria pesqueira, que responde por 70% das exportações.
Apesar de não ser uma potência econômica mundial, a situação se inverte quando analisamos seus índices sociais.
Os gastos com saúde equivalem a 8,3% do PIB — bem mais que a iniciativa privada (1,6%) e quase o dobro do Brasil (4,8%), como mostram os dados do relatório do PNUD.
Os gastos são feitos com eficiência. A expectativa de vida é a terceira maior do mundo: 81,5 anos, só atrás de Japão e Hong Kong. Entre os homens, os islandeses são os que mais vivem (79,9 anos). A taxa de mortalidade infantil é a menor do planeta (2 mortes para cada mil nascimentos).
Os investimentos públicos em educação correspondem a 8,1% do PIB, a oitava maior proporção do mundo, só superada por outras ilhas — incluindo a campeã Cuba (9,8%) —, por Iêmen (9,6%) e Dinamarca (8,5%). O relatório aponta que os gastos do governo são aplicados sobretudo nos estágios iniciais: 40% vai para o pré-primário e o primário, 35% para o secundário e 19% para o ensino superior.
No país gelado, o analfabetismo beira zero, a taxa bruta de matrícula é de 99% no ensino primário e 88% no secundário. Não há evasão no ciclo escolar inicial: 100% das crianças que entram na primeira série chegam à quinta.
O curioso é que a Islândia não tem Forças Armadas e, como conseqüência, gasta-se muito pouco com armamentos.
A taxa de desemprego é de 2,9%, a menor da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, entidade internacional de 30 países comprometidos com os princípios da economia de livre mercado).
Em tempo
O senador Eduardo Sulicy (PT-SP) foi à Islândia conhecer o programa de renda mínima que o país instituiu para seus cidadãos. Suplicy vem lutando há anos para que o programa seja implantado no Brasil. Pelo projeto, cada brasileiro teria direito a uma chamada renda básica de cidadania. O projeto foi aprovado e sancionado pelo preidente Lula, mas não há previsão de quando entrará em vigor.
O país, conhecido como "Terra do Gelo", tem 312.851 habitantes distribuídos em 103 quilômetros quadrados (pouco mais que a área de Pernambuco).
Em relação à economia, a Islândia tem o 126º PIB (Produto Interno Bruto) do mundo. O país depende da indústria pesqueira, que responde por 70% das exportações.
Apesar de não ser uma potência econômica mundial, a situação se inverte quando analisamos seus índices sociais.
Os gastos com saúde equivalem a 8,3% do PIB — bem mais que a iniciativa privada (1,6%) e quase o dobro do Brasil (4,8%), como mostram os dados do relatório do PNUD.
Os gastos são feitos com eficiência. A expectativa de vida é a terceira maior do mundo: 81,5 anos, só atrás de Japão e Hong Kong. Entre os homens, os islandeses são os que mais vivem (79,9 anos). A taxa de mortalidade infantil é a menor do planeta (2 mortes para cada mil nascimentos).
Os investimentos públicos em educação correspondem a 8,1% do PIB, a oitava maior proporção do mundo, só superada por outras ilhas — incluindo a campeã Cuba (9,8%) —, por Iêmen (9,6%) e Dinamarca (8,5%). O relatório aponta que os gastos do governo são aplicados sobretudo nos estágios iniciais: 40% vai para o pré-primário e o primário, 35% para o secundário e 19% para o ensino superior.
No país gelado, o analfabetismo beira zero, a taxa bruta de matrícula é de 99% no ensino primário e 88% no secundário. Não há evasão no ciclo escolar inicial: 100% das crianças que entram na primeira série chegam à quinta.
O curioso é que a Islândia não tem Forças Armadas e, como conseqüência, gasta-se muito pouco com armamentos.
A taxa de desemprego é de 2,9%, a menor da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, entidade internacional de 30 países comprometidos com os princípios da economia de livre mercado).
Em tempo
O senador Eduardo Sulicy (PT-SP) foi à Islândia conhecer o programa de renda mínima que o país instituiu para seus cidadãos. Suplicy vem lutando há anos para que o programa seja implantado no Brasil. Pelo projeto, cada brasileiro teria direito a uma chamada renda básica de cidadania. O projeto foi aprovado e sancionado pelo preidente Lula, mas não há previsão de quando entrará em vigor.
A Bússola de Ouro
Igreja Católica quer boicotar filme por "promover o ateísmo"
"A Bússola de Ouro", que estreou no Brasil terça-feira passada (25), irritou líderes católicos. O portal G1 informa que a Liga Católica dos Estados Unidos laçou uma campanha contra o filme, que é baseado na trilogia “Fronteiras do universo”, do escritor inglês Phillip Pullman. Os católicos acusam o filme de “levar as crianças ao ateísmo”.
O filme tem Nicole Kidman entre suas estrelas. A história retrata um mundo paralelo no qual criaturas chamadas “daemons” levam a alma das pessoas. Nesse mundo imaginário, tudo é controlado pelo Magistério – uma ordem religiosa que tira o livre-arbítrio e controla as almas das crianças. A heroína adolescente de 12 anos, Lyra Belacqua, vivida pela atriz Dakota Blue Richards, se revolta contra a ordem e utiliza a bússola dourada para encontrar outras crianças que foram capturadas.
Para a Liga Católica, o Magistério é uma referência à Igreja. Segundo o G1, o presidente da organização religiosa, Bill Donohue, afirmou que o filme é uma tentativa de "promover o ateísmo e denegrir os cristãos aos olhos das crianças". A liga pediu aos católicos que se afastem do filme.
Para o crítico Christy Lemire, o mal que tenta manipular a mente dos jovens não é nenhuma igreja específica, mas sim o ensino autoritário e imposto da doutrina religiosa.
Estou ancioso para ver o filme. O boicote da Igreja Católica só fez aumentar meu interesse. É como se tivesse despertado aquele conhecido efeito do "é proibido? hummm...".
A Igreja (qualquer igreja) reage sempre do mesmo jeito, com boicotes e proibições, quando alguma coisa questiona seus dogmas e suas práticas.
"A Bússola de Ouro", que estreou no Brasil terça-feira passada (25), irritou líderes católicos. O portal G1 informa que a Liga Católica dos Estados Unidos laçou uma campanha contra o filme, que é baseado na trilogia “Fronteiras do universo”, do escritor inglês Phillip Pullman. Os católicos acusam o filme de “levar as crianças ao ateísmo”.
O filme tem Nicole Kidman entre suas estrelas. A história retrata um mundo paralelo no qual criaturas chamadas “daemons” levam a alma das pessoas. Nesse mundo imaginário, tudo é controlado pelo Magistério – uma ordem religiosa que tira o livre-arbítrio e controla as almas das crianças. A heroína adolescente de 12 anos, Lyra Belacqua, vivida pela atriz Dakota Blue Richards, se revolta contra a ordem e utiliza a bússola dourada para encontrar outras crianças que foram capturadas.
Para a Liga Católica, o Magistério é uma referência à Igreja. Segundo o G1, o presidente da organização religiosa, Bill Donohue, afirmou que o filme é uma tentativa de "promover o ateísmo e denegrir os cristãos aos olhos das crianças". A liga pediu aos católicos que se afastem do filme.
Para o crítico Christy Lemire, o mal que tenta manipular a mente dos jovens não é nenhuma igreja específica, mas sim o ensino autoritário e imposto da doutrina religiosa.
Estou ancioso para ver o filme. O boicote da Igreja Católica só fez aumentar meu interesse. É como se tivesse despertado aquele conhecido efeito do "é proibido? hummm...".
A Igreja (qualquer igreja) reage sempre do mesmo jeito, com boicotes e proibições, quando alguma coisa questiona seus dogmas e suas práticas.
quinta-feira, 27 de dezembro de 2007
Glória Maria está fora do "Fantástico"
A notícia está na edição de hoje da Folha de São Paulo:
"A apresentadora Gloria Maria deixou a apresentação do "Fantástico", da TV Globo. De acordo com uma nota da Central Globo de Comunicação, ela pediu um período sabático de dois anos para se dedicar a projetos pessoais, como escrever um livro, viajar a lazer e se dedicar às aulas de canto.Gloria estava à frente da atração havia dez anos. Neste domingo, ela será substituída por Renata Ceribelli. Patricia Poeta assume o posto a partir de 6 de janeiro."
Em 2003, se não me engano, assisti uma palestra de Glória Maria sobre empreendedorismo jovem, no auditório da reitoria da UFRN. Depois da palestra, Glória respondeu algumas perguntas da platéia.
Alguém lhe perguntou sobre "como ela se sentia apresentando o Fantástico". A pergunta foi bem babaquinha, mas a resposta é digna de nota: "Estou lá apenas enquanto eles não arranjam um rostinho bonito pra colocar no meu lugar", disse Glória.
Glória tinha razão. Patrícia Poeta tem um rostinho lindo - além de ser mulher do diretor da Globo Internacional, Amauri Soares.
"A apresentadora Gloria Maria deixou a apresentação do "Fantástico", da TV Globo. De acordo com uma nota da Central Globo de Comunicação, ela pediu um período sabático de dois anos para se dedicar a projetos pessoais, como escrever um livro, viajar a lazer e se dedicar às aulas de canto.Gloria estava à frente da atração havia dez anos. Neste domingo, ela será substituída por Renata Ceribelli. Patricia Poeta assume o posto a partir de 6 de janeiro."
Em 2003, se não me engano, assisti uma palestra de Glória Maria sobre empreendedorismo jovem, no auditório da reitoria da UFRN. Depois da palestra, Glória respondeu algumas perguntas da platéia.
Alguém lhe perguntou sobre "como ela se sentia apresentando o Fantástico". A pergunta foi bem babaquinha, mas a resposta é digna de nota: "Estou lá apenas enquanto eles não arranjam um rostinho bonito pra colocar no meu lugar", disse Glória.
Glória tinha razão. Patrícia Poeta tem um rostinho lindo - além de ser mulher do diretor da Globo Internacional, Amauri Soares.
O que é ser de esquerda
"O acriticismo militante foi nefasto para a esquerda. Sem ser crítico, não se pode ir a nenhum lado, se reproduz o pior. Para mim, ser de esquerda não significa estar contra a direita, mas contra o poder, seja quem for que o exerça".
[Canek Sánchez Guevara, neto do líder revolucionário Che Guevara, em entrevista ao jornal espanhol "El País"]
[Canek Sánchez Guevara, neto do líder revolucionário Che Guevara, em entrevista ao jornal espanhol "El País"]
José Agripino: o mala sem alça de 2007
Ailton Medeiros elegeu o senador potiguar José Agripino, líder dos "demos", "o mala sem alça de 2007".
"Este homem que costuma tratar amigos, correligionários e jornalistas - os daqui, diga-se de passagem - com desprezo e arrogância, é idolatrado pelos nossos jornais como se fosse um Picasso, um Victor Hugo, um Balzac", afirma Ailton.
Ailton, eu também tô nessa: Agripino é minha anta!
"Este homem que costuma tratar amigos, correligionários e jornalistas - os daqui, diga-se de passagem - com desprezo e arrogância, é idolatrado pelos nossos jornais como se fosse um Picasso, um Victor Hugo, um Balzac", afirma Ailton.
Ailton, eu também tô nessa: Agripino é minha anta!
Repensando o Natal
Artigos questionam tradição do Natal
O Natal já passou. Papai Noel regressou ao Pólo Norte e ficará por lá, coçando o saco, até dezembro do ano que vem.
Agora é hora das mensagens de ano novo. Os jornais vão falar das simpatias pra virada do ano, o significado das cores das roupas, o cardápio da festa, a queima de fogos na praia de Copacabana e outras baboseiras do tipo.
Recebi por e-mail dois artigos muito bons questionando a tradição natalina. Os dois podem ser acessados no site do Fazendo Media (www.fazendomedia.com). O primeiro artigo é de Marcelo Salles: "Pro inferno a mídia e seu Natal!".
Marcelo começa seu artigo dizendo que o Natal "é uma boa oportunidade para pensarmos e repensarmos nossas próprias vidas", mas ele chama a atenção para a necessidade de refletirmos em profundidade primeiro sobre a realidade em que vivemos, antes de "divagar sobre o significado da existência humana num plano filosófico distante".
"Estou falando de uma realidade em que 2,8 bilhões de pessoas sobrevivem com dois dólares por dia e 1 bilhão de seres humanos não têm acesso à água potável, de acordo com o relatório da WorldWatch de 2004. Trata-se de uma situação alarmante, escandalosa, mas que parece não sensibilizar aqueles que governam o mundo, a não ser quando promovem campanhas que apenas remedeiam a situação com dinheiro deduzido do Imposto de Renda. Pra poderem dormir com a consciência tranqüila", diz um trecho do artigo.
Marcelo fala ainda sobre a desigualdade social, que condena milhões de seres humanos à exclusão e expõe essa imensa parcela da população à violência urbana. Marcelo culpa os governos e as organizações capitalistas do mundo por essa situação camitosa. A face mais perceptível desse sistema de exploração é o rosto de cada pessoa faminta nos quatro cantos do planeta.
"Que sentido pode haver num planeta onde habitam 6,5 bilhões de pessoas, cuja produção de comida é suficiente para alimentar 11 bilhões de seres humanos, mas que ainda assim 1,3 bilhão desses passam fome, segundo dados da ONU? Que sentido pode haver num país como o Brasil, dono de uma das maiores riquezas naturais do mundo, se a cada 12 minutos uma criança morre por desnutrição?", questiona Marcelo.
Depois de falar sobre desigualdade, violência e fome, Marcelo chama nossa atenção para a atualidade da mensagem de Jesus, que pregava o combate às injustiças, à desigldade e à exploração. "Jesus Cristo também nos ensinou a solidariedade, que depois a Igreja capitalista tentou transformar em caridade. São coisas diferentes. A caridade é vertical, ela humilha quem recebe. Por outro lado, solidariedade é estar ao lado de quem precisa. É pegar chuva, sentir fome, frio, medo, apenas para confortar alguém com sua presença. E se a caridade pode ser cotada pelo mercado, além de aliviar consciências em troca de moedas, a solidariedade desconhece tais valores."
Por fim, Marcelo responsabiliza a mídia corporativa pela tentativa de "reduzir o significado do Natal a uma corrida maluca por presentes" e por "impor um comportamento alienado". Por tudo isso, ele diz: "pro inferno esse sistema e sua mídia que incentivam o consumo desenfreado enquanto milhões passam fome."
O Natal tem Espírito?
O segundo artigo é do teólogo batista Eduardo Gomes. Segundo ele, o Natal foi comemorado em várias datas diferentes ao longo dos anos, até que o dia 25 de dezembro fosse oficializado como o dia de Natal, para se contrapor às antigas festas pagãs que celebravam a Saturnália e o sostício de inverno.
Os séculos se passaram e os cristãos foram incorporando outras tradições e símbolos pagãos ao Natal. Mas, para Eduardo Gomes, o mais importante a se destacar sobre a data natalina "é o nascimento do Salvador da humanidade". "Porém, como imaginar uma data tão festiva e que propõe tantas possibilidades de alegria, diante de uma carta de uma criança enviada ao Papai Noel, em cujo conteúdo encontra-se o pedido de um presente no mínimo curioso: um pão com manteiga e um copo de leite?", questiona ele.
Em seguida, Eduardo pega carona no significado em hebraíco de Belém, cidade onde Jesus nasceu, para dizer que o verdadeiro significado do Natal é "alimentar os que têm fome". Belém significa "Casa de Pão".
"Não é sugestivo que aquele que é motivo da comemoração do dia 25 de dezembro e que multiplicou pães para alimentar multidões tenha nascido justamente numa “Casa de Pão”? Não é, da mesma forma sugestivo, que o que nasceu em uma “Casa de Pão” tenha dito em um dos seus momentos de embates com os religiosos e políticos de sua época: “Eu sou o pão da vida”? Também não é curioso que aquele que nasceu em uma “Casa de Pão” e se colocou como o “pão da vida” tenha feito um último discurso para os seus discípulos na Ceia comparando o seu corpo com um pão, do qual todos deveriam comer, sob pena de não ter comunhão com Ele? E ainda, como podemos relacionar o “pão da vida” com as muitas pessoas que pedem de presente ao Papai Noel, no dia do Natal, um pão com manteiga e um copo de leite? O que aconteceu com o espírito do Natal? Se é que existe esse tal espírito! Mas se existe, será que ele não se equivocou assumindo em sua trajetória histórico-afetiva um compromisso maior com a tradição religiosa, quando deveria assumir tal compromisso com a humanidade em suas reais necessidades?"
Para Eduardo, a "tradição do Natal", tal qual a conhecemos nos dias atuais, interessa "somente aqueles cuja força é capaz de transformar um espírito natalino em espectro fantasmagórico que leva terror ao invés de segurança pública; aqueles que já perderam de vista as necessidades do próximo em detrimento de seus próprios interesses; aqueles que, a exemplo do rei Herodes que mandou matar todas as crianças de dois anos para baixo, quando do nascimento de Jesus, com medo de perder o trono, destroem sonhos e até mesmo pessoas com medo de perder o poder; aqueles que capitalizam votos nas campanhas eleitorais coronelificando (se me permitem o neologismo) o nepotismo. A estes interessa manter a tradição, pois para eles a tradição é a estrutura ideológica do poder."
Eduardo finaliza seu artigo com um pequeno alerta: "Lembre-se: o Natal é dia de gente e não de estruturas!"
O Natal já passou. Papai Noel regressou ao Pólo Norte e ficará por lá, coçando o saco, até dezembro do ano que vem.
Agora é hora das mensagens de ano novo. Os jornais vão falar das simpatias pra virada do ano, o significado das cores das roupas, o cardápio da festa, a queima de fogos na praia de Copacabana e outras baboseiras do tipo.
Recebi por e-mail dois artigos muito bons questionando a tradição natalina. Os dois podem ser acessados no site do Fazendo Media (www.fazendomedia.com). O primeiro artigo é de Marcelo Salles: "Pro inferno a mídia e seu Natal!".
Marcelo começa seu artigo dizendo que o Natal "é uma boa oportunidade para pensarmos e repensarmos nossas próprias vidas", mas ele chama a atenção para a necessidade de refletirmos em profundidade primeiro sobre a realidade em que vivemos, antes de "divagar sobre o significado da existência humana num plano filosófico distante".
"Estou falando de uma realidade em que 2,8 bilhões de pessoas sobrevivem com dois dólares por dia e 1 bilhão de seres humanos não têm acesso à água potável, de acordo com o relatório da WorldWatch de 2004. Trata-se de uma situação alarmante, escandalosa, mas que parece não sensibilizar aqueles que governam o mundo, a não ser quando promovem campanhas que apenas remedeiam a situação com dinheiro deduzido do Imposto de Renda. Pra poderem dormir com a consciência tranqüila", diz um trecho do artigo.
Marcelo fala ainda sobre a desigualdade social, que condena milhões de seres humanos à exclusão e expõe essa imensa parcela da população à violência urbana. Marcelo culpa os governos e as organizações capitalistas do mundo por essa situação camitosa. A face mais perceptível desse sistema de exploração é o rosto de cada pessoa faminta nos quatro cantos do planeta.
"Que sentido pode haver num planeta onde habitam 6,5 bilhões de pessoas, cuja produção de comida é suficiente para alimentar 11 bilhões de seres humanos, mas que ainda assim 1,3 bilhão desses passam fome, segundo dados da ONU? Que sentido pode haver num país como o Brasil, dono de uma das maiores riquezas naturais do mundo, se a cada 12 minutos uma criança morre por desnutrição?", questiona Marcelo.
Depois de falar sobre desigualdade, violência e fome, Marcelo chama nossa atenção para a atualidade da mensagem de Jesus, que pregava o combate às injustiças, à desigldade e à exploração. "Jesus Cristo também nos ensinou a solidariedade, que depois a Igreja capitalista tentou transformar em caridade. São coisas diferentes. A caridade é vertical, ela humilha quem recebe. Por outro lado, solidariedade é estar ao lado de quem precisa. É pegar chuva, sentir fome, frio, medo, apenas para confortar alguém com sua presença. E se a caridade pode ser cotada pelo mercado, além de aliviar consciências em troca de moedas, a solidariedade desconhece tais valores."
Por fim, Marcelo responsabiliza a mídia corporativa pela tentativa de "reduzir o significado do Natal a uma corrida maluca por presentes" e por "impor um comportamento alienado". Por tudo isso, ele diz: "pro inferno esse sistema e sua mídia que incentivam o consumo desenfreado enquanto milhões passam fome."
O Natal tem Espírito?
O segundo artigo é do teólogo batista Eduardo Gomes. Segundo ele, o Natal foi comemorado em várias datas diferentes ao longo dos anos, até que o dia 25 de dezembro fosse oficializado como o dia de Natal, para se contrapor às antigas festas pagãs que celebravam a Saturnália e o sostício de inverno.
Os séculos se passaram e os cristãos foram incorporando outras tradições e símbolos pagãos ao Natal. Mas, para Eduardo Gomes, o mais importante a se destacar sobre a data natalina "é o nascimento do Salvador da humanidade". "Porém, como imaginar uma data tão festiva e que propõe tantas possibilidades de alegria, diante de uma carta de uma criança enviada ao Papai Noel, em cujo conteúdo encontra-se o pedido de um presente no mínimo curioso: um pão com manteiga e um copo de leite?", questiona ele.
Em seguida, Eduardo pega carona no significado em hebraíco de Belém, cidade onde Jesus nasceu, para dizer que o verdadeiro significado do Natal é "alimentar os que têm fome". Belém significa "Casa de Pão".
"Não é sugestivo que aquele que é motivo da comemoração do dia 25 de dezembro e que multiplicou pães para alimentar multidões tenha nascido justamente numa “Casa de Pão”? Não é, da mesma forma sugestivo, que o que nasceu em uma “Casa de Pão” tenha dito em um dos seus momentos de embates com os religiosos e políticos de sua época: “Eu sou o pão da vida”? Também não é curioso que aquele que nasceu em uma “Casa de Pão” e se colocou como o “pão da vida” tenha feito um último discurso para os seus discípulos na Ceia comparando o seu corpo com um pão, do qual todos deveriam comer, sob pena de não ter comunhão com Ele? E ainda, como podemos relacionar o “pão da vida” com as muitas pessoas que pedem de presente ao Papai Noel, no dia do Natal, um pão com manteiga e um copo de leite? O que aconteceu com o espírito do Natal? Se é que existe esse tal espírito! Mas se existe, será que ele não se equivocou assumindo em sua trajetória histórico-afetiva um compromisso maior com a tradição religiosa, quando deveria assumir tal compromisso com a humanidade em suas reais necessidades?"
Para Eduardo, a "tradição do Natal", tal qual a conhecemos nos dias atuais, interessa "somente aqueles cuja força é capaz de transformar um espírito natalino em espectro fantasmagórico que leva terror ao invés de segurança pública; aqueles que já perderam de vista as necessidades do próximo em detrimento de seus próprios interesses; aqueles que, a exemplo do rei Herodes que mandou matar todas as crianças de dois anos para baixo, quando do nascimento de Jesus, com medo de perder o trono, destroem sonhos e até mesmo pessoas com medo de perder o poder; aqueles que capitalizam votos nas campanhas eleitorais coronelificando (se me permitem o neologismo) o nepotismo. A estes interessa manter a tradição, pois para eles a tradição é a estrutura ideológica do poder."
Eduardo finaliza seu artigo com um pequeno alerta: "Lembre-se: o Natal é dia de gente e não de estruturas!"
terça-feira, 25 de dezembro de 2007
O que me irrita no natal
Muitas coisas me irritam no natal.
Em primeiro lugar, fico irritado com a exploração comercial da data. Tudo é comércio. A publicidade explora a compulsão consumista das pessoas e as estimula a consumir mais ainda quando vem chegando o natal.
Não suporto os comerciais de natal. As Mensagens, músicas, sorrisos... Tudo artificial. Tudo ensaiado. Tudo feito para comover os trouxas. Os bancos, que passam o ano todo assaltando o bolso da gente com taxas exorbitantes, se transformam na fantástica fábrica de felicidade nos comerciais.
Os telejornais também conseguem me irritar ainda mais no natal. Todo ano é a mesma coisa. As mesmas matérias sobre "solidariedade e espírito natalino", as mesmas pautas sem nenhuma criatividade. Haja história de Papai Noel! Como dizem uns conhecidos meus, "ninguém merece". Além disso, só mostram as comemorações e tradições católicas. A mensagem do Papa também merece destaque.
A religiosidade com cheiro de naftalina e os discursos sem nenhuma novidade também me irritam. Ontem, véspera de natal, fui à igreja que freqüentei na minha adolescência e parte da minha juventude na cidade onde nasci, na esperança de ouvir alguma mensagem revigoradora. Não passou de esperança. Ouvi um discurso velho, o mesmo relato do nascimento do menino Jesus, algumas metáforas batidas, palavras que não empolgavam, não levavam a nenhuma reflexão nem incomodavam. Porque eu acho que as palavras têm que provocar e incomodar, para que saíamos da pasmaceira habitual.
Esse tipo de discurso e esse tipo de religiosidade, além de me irritar, me cansam. O natal perdeu, há muito tempo, seu sentido original. De que adianta falar no natal, no nascimento de Cristo, se esse Cristo do natal não faz nenhuma diferença em nós?
Acho que é justamente isso o que mais me irrita no natal. Essa é apenas uma data festiva como outra qualquer para a maioria das pessoas. É uma data que não faz a menor diferença.
O natal não faz o menor sentido se o Cristo do natal não nascer e renascer todos os dias para cada um de nós.
Em primeiro lugar, fico irritado com a exploração comercial da data. Tudo é comércio. A publicidade explora a compulsão consumista das pessoas e as estimula a consumir mais ainda quando vem chegando o natal.
Não suporto os comerciais de natal. As Mensagens, músicas, sorrisos... Tudo artificial. Tudo ensaiado. Tudo feito para comover os trouxas. Os bancos, que passam o ano todo assaltando o bolso da gente com taxas exorbitantes, se transformam na fantástica fábrica de felicidade nos comerciais.
Os telejornais também conseguem me irritar ainda mais no natal. Todo ano é a mesma coisa. As mesmas matérias sobre "solidariedade e espírito natalino", as mesmas pautas sem nenhuma criatividade. Haja história de Papai Noel! Como dizem uns conhecidos meus, "ninguém merece". Além disso, só mostram as comemorações e tradições católicas. A mensagem do Papa também merece destaque.
A religiosidade com cheiro de naftalina e os discursos sem nenhuma novidade também me irritam. Ontem, véspera de natal, fui à igreja que freqüentei na minha adolescência e parte da minha juventude na cidade onde nasci, na esperança de ouvir alguma mensagem revigoradora. Não passou de esperança. Ouvi um discurso velho, o mesmo relato do nascimento do menino Jesus, algumas metáforas batidas, palavras que não empolgavam, não levavam a nenhuma reflexão nem incomodavam. Porque eu acho que as palavras têm que provocar e incomodar, para que saíamos da pasmaceira habitual.
Esse tipo de discurso e esse tipo de religiosidade, além de me irritar, me cansam. O natal perdeu, há muito tempo, seu sentido original. De que adianta falar no natal, no nascimento de Cristo, se esse Cristo do natal não faz nenhuma diferença em nós?
Acho que é justamente isso o que mais me irrita no natal. Essa é apenas uma data festiva como outra qualquer para a maioria das pessoas. É uma data que não faz a menor diferença.
O natal não faz o menor sentido se o Cristo do natal não nascer e renascer todos os dias para cada um de nós.
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