sábado, 24 de março de 2007

BBC põe no ar desenho com personagem pedófilo

Desenho nada animador

De Marcos Linhares para o Blog do Noblat:

"Nunca fui afeito aos tais pré conceitos. Contudo, costumo questionar as iniciativas que mais confundem que constroem, e se envolverem meios de comunicação de massa, nem se fala. Nossa responsabilidade como profissionais da informação é imensa e deve ser muito pensada antes de atingir em cheio o desavisado cidadão que por acaso ouse ler um impresso ou um sítio de notícias, ouvir um programa de rádio ou ainda atrever-se a ligar seu aparelho televisor.

Segundo matéria da Reuters assinada por Michelle Green, em 2003, e depois comentários de Ivan Lessa, no site da BBC Brasil, a BBC colocou no ar, em sua nova emissora de tv digital, o BBC3, uma série de desenhos animados que recebeu o nome de Monkey Dust. Num dos desenhos, há um personagem pedófilo, que se passa, pela internet, por um garoto de 13 anos, cujo nome é Benji. Ele fica grande parte do tempo conversando com uma garotinha de nome Charlotte...

Em outro desenho, somos remetidos à dureza da relação entre pai e filho, no caso os personagens Daddy and Timmy. Onde matar-se acaba sendo a única saída que o pobre pai consegue encontrar para lidar com o comportamento do filho. Ele suicida-se das mais diferentes formas...

A tv inglesa até que tentou dar uma explicação, afirmando que pretendeu tão somente lançar um olhar, envolto em ironia e acidez, "sombriamente satírico" sobre a vida real. Pois é. Nós bem que precisamos realmente de tal criação. Pedófilos invadindo o imaginário do público alvo do desenho, os chamados adultos jovens.

Não é a toa que não param de aparecer nos quatro cantos do planeta casos de médicos, religiosos e professores (para não falar em outras áreas) envolvidos em casos de perversão infantil, ou seja, com os estímulos da vida moderna, envolta em estresse e super exposição a imagens, símbolos e textos permeando o cada vez mais descontrolado e confuso universo sexual moderno.

Não há mais modelos. Vende-se a permissão , a permissividade em um mundo que usa e abusa de tendências via meios de comunicação. Que saudades do tal compromisso com princípios como ética e entretenimento de qualidade. A BBC surpreende por ousar romper padrões educacionais que ela mesma preconizou. A tv pública feita para servir e inquietar, mobilizar e entreter, manuseando o conceito de público, como quem levanta a bandeira do estatal de todos nós.

Do jeito que a vida segue no vídeo, em breve o tal desenho desembarcará em praias televisivas tupiniquins (se isso já não tiver acontecido). Que o alerta não sirva de censura, mas de alerta.

Alerta de todas as cores para todas as cores. A venda e construção simbólica e semiótica do proibido, do voyeurismo que passa do olhar para o consumar o ato, em crianças e adolescentes que podem ser estimulados a aceitar o pacto da ruptura do ser para o estar, parte de um processo de insurreição sexual sem limites.

Que me perdoe a BBC, mas como comunicador não pretendo me calar. O silêncio remete ao consentimento e em plano maior, ao apoio velado. Que se faça humor, pois dele o mundo agoniza.

Sem humor a vida perde o brilho e a graça. Mas que se brinque com cuidado, pois há elementos que podem macular um mundo sem direção e com comunicação errando o alvo. Informar e entreter pode ser feito sem deformar e perverter. Que venham desenhos bem mais animadores que esse!"

Jovens representam 30% da população carcerária

Com informações da Folha Online:

O secretário Nacional da Juventude, Beto Cury, disse que os jovens entre 18 a 24 anos representam 30% da população carcerária do país. A afirmação ocorreu durante a abertura do encontro Vozes Jovens, promovido pela Secretaria Nacional da Juventude, ONU (Organização das Nações Unidas) e o Banco Mundial, na última segunda-feira (19).

Segundo a Política Nacional da Juventude - que avalia as situação dos jovens no país--, 71% das instituições de atendimento aos jovens infratores não atendem os padrões definidos pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).

Para a ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, os jovens precisam ser protagonistas das políticas elaboradas para eles."A aproximação do governo com essa vida ativa é o que faz a política ser mais real, possível", afirmou.

"A juventude brasileira vive ao longo da história uma descontinuidade das políticas públicas voltadas especificamente a esse setor", completou.

De acordo a Secretaria Nacional da Juventude, os jovens também enfrentam dificuldades de acesso à educação. Cerca de 11 milhões (66%) não concluíram o ensino médio. No meio rural, a taxa de analfabetismo é três vezes maior do que entre os adolescentes que moram nas cidades.

Morre lendário bandido de Natal: `Brinquedo do Cão´

Com informações do DN Online:

" Não tivesse sido assassinado com um tiro no rosto na quarta-feira passada em Cabedelo, região portuária na Paraíba, o lendário assaltante Edmilson Lucas da Silva, o ``Brinquedo do Cão'', provavelmente teria sido preso no dia seguinte por uma operação especial que capturou pessoas listadas em 13 endereços de mandados de busca e apreensão de combate ao crime organizado. Segundo notícias da imprensa paraibana, um dos endereços na lista era a casa onde Brinquedo do Cão vivia. Outro era a casa da mãe dele.

Edmilson Lucas era suspeito de venda de drogas e de ser informante da quadrilha desarticulada com os 13 mandados de busca. Na quarta-feira, antes da operação, ele foi baleado na rua, perto de um quartel da PM, e agonizou até morrer. Até o final da manhã desta sexta não havia informações sobre a prisão de algum acusado do crime.

Entre os anos 70 e 80 Edmilson Lucas da Silva foi o bandido mais conhecido e temido de Natal. Depois que chegou de Cabedelo (PB), onde nascera, morou com a família numa espécie de granja na Rua São João, onde hoje estão erguidos dois edifícios e onde funciona um condomínio de lojas, quase na esquina com a Avenida Alexandrino de Alencar, em Lagoa Seca."

"A insistência em cometer muitos crimes, a arrogância típica da juventude marginal, foram ingredientes que o transformaram num mito quando a imprensa passou a abrir manchetes de jornais com seu apelido jocoso: ``Brinquedo do Cão''. O termo lhe foi atribuído quando ainda era bem jovem, por um padre, que reclamou aos fiéis de impertinências que adolescentes faziam do lado de fora da igreja.

Houve uma época em que manchetes de jornais e programas de rádio o tinham como personagem quase cativo. Brinquedo do Cão ficou famoso ainda adolescente pelos roubos que cometeu. Mas nunca foi violento. Roubava sem matar. Várias condenações o colocaram na cadeia por quase duas décadas. Quando foi solto, no início dos anos 2000, sua liberdade virou novamente manchete de jornal. Edmilson, muito visado por causa da má fama em Natal, voltou para Cabedelo e lá, dizem as manchetes dos jornais policiais, estava vinculado ao mundo do crime organizado."

Ibama autoriza transposição do São Francisco

Com informações da Folha Online:

"O presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Marcus Barros, assinou nesta sexta-feira a licença de instalação do projeto de transposição do rio São Francisco.

No último dia 13, o Ministério da Integração Nacional publicou no "Diário Oficial da União" um aviso de licitação pública da primeira etapa do projeto de transposição, que prevê obras em municípios de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

A licitação está aberta para as empresas interessadas na execução de obras civis, instalação, montagem, testes e comissionamento dos equipamentos mecânicos e elétricos."

Ministro diz que licença para transposição não significa início das obras

O ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) disse à Folha Online que a "decisão do Ibama de conceder licença ambiental para o início das obras de transposição do rio São Francisco não será suficiente para que o projeto saia do papel".

Para o ministro, a licença representa um "avanço", mas ele se disse de "mãos amarradas", porque é necessário a aprovação do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) para que as verbas para o início das obras sejam iniciadas.

O Projeto de Lei do PAC eleva de R$ 4,5 bilhões para R$ 11,3 bilhões o volume de investimentos federais a serem feitos em 2007 sem impacto nas metas fiscais. A transposição ficaria com R$ 455 milhões extras.

O projeto de transposição do rio São Francisco está orçado em R$ 6 bilhões.

Polêmica

"O projeto de transposição divide a região Nordeste. Bahia, Sergipe, Alagoas e Minas Gerais --Estados que são chamados de "doadores" das águas do rio-- são contrários às obras. Por outro lado, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará --que serão receptores das águas transpostas-- defendem a liberação da licença ambiental para que o projeto tenha início.

O rio São Francisco nasce em Minas Gerais e cruza o Nordeste pelos Estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco e Alagoas. Pelo projeto de transposição, canais a serem construídos levariam água para o interior de Pernambuco, para o Ceará, para a Paraíba e para o Rio Grande do Norte."

P.S. : O ministro Gedel Vieira Lima é da Bahia, Estado contrário à transposição. Aliás, o próprio ministro é contra o projeto do rio São Francisco. Registre-se.

Franklin Martins: "A imprensa não está numa redoma".

Em entrevista à Folha de S. Paulo na edição de hoje, o jornalista Franklin Martins, que vai assumir a pasta de imprensa e publicidade no segundo governo do presidente Lula, disse que "a imprensa será criticada sempre que avançar o sinal".

Na opinião do futuro ministro, o sinal é ultrapassado quando "vai além do trabalho de dar informação, de fazer circular a informação e de aumentar o debate público. Quando pretende puxar a sociedade pelo nariz para um lado e para o outro. Essa não é uma função da imprensa.".

Leia na íntegra a entrevista concedida ao jornalista Kennedy Alencar da Folha:

"FOLHA - Colocar numa mesma pasta a verba publicitária do governo e a relação com a imprensa não traz o risco de tentativa de manipulação política da mídia?

FRANKLIN MARTINS - Viver é muito perigoso, como dizia Guimarães Rosa. Risco sempre existe, mas não é um risco novo. No governo federal, sempre foi assim. Tivemos casos em que o porta-voz do presidente [diplomata Sérgio Amaral, no governo Fernando Henrique] controlava a publicidade.

FOLHA - No segundo mandato, FHC separou as funções. E Lula as deixou assim até agora.

FRANKLIN - O Sérgio Amaral controlou a verba de publicidade e isso não resultou em coisa escusa, malandragem. Não houve nada.

FOLHA - Separar publicidade e imprensa não é mais imparcial?

FRANKLIN - Os guichês serão absolutamente separados. As empresas de comunicação no Brasil, de modo geral e em sua maioria, são empresas sérias. Não aceitariam misturar os guichês. Sou uma pessoa séria e não aceito misturar os guichês. O governo é serio e não aceita misturar os guichês.

FOLHA - Concorda com a tese do PT de que é preciso democratizar os meios de comunicação, estimulando a criação de veículos de comunicação simpáticos ao governo, dando-lhes financiamento?

FRANKLIN - Essa questão de democratização dos meios de comunicação é uma fórmula na qual cabe tudo. Sou a favor, óbvio. Quanto mais democrática e plural a circulação de idéias na sociedade, melhor. Mas não cabe ao governo plantar, regar e colher órgãos de comunicação simpáticos a ele. Quem cria órgãos de comunicação é a sociedade. O governo tem uma função na relação com a imprensa: garantir a liberdade de imprensa. Ponto. O resto é a sociedade quem faz.

FOLHA - A rede pública de TV não corre risco de virar uma nova Radiobrás ou TV Voz do Brasil? Ela terá qual formato?

FRANKLIN - Não vai funcionar guiada pela questão comercial. Isso coloca limitações para uma série de TVs que necessitam adquirir uma determinada escala de audiência e respondem a estímulos comerciais porque são empresas que visam lucro. As televisões privadas não podem fazer determinadas programações que são importantíssimas.

FOLHA - Não é importante ter audiência?

FRANKLIN - É importante. Eu estou falando de escala de audiência. Não tem obrigação de concorrer para liderar a audiência no horário nobre.

FOLHA - Quem vai escolher a diretoria da TV?

FRANKLIN - Evidentemente, a escolha inicial parte do governo. Mas o governo não precisa escolher os partidários do governo. O que senti na conversa com o presidente é uma TV pública e não estatal. Plural e não partidária. Aberta para contribuição e presença das diferentes identidades regionais e não com uma programação com uma cara só. Com programação variada, com jornalismo, com parte cultural voltada para cidadania.

FOLHA - As primeiras reações de parte dos veículos privados têm sido de reticência.

FRANKLIN - Foram reações próprias de um debate inicial. Editoriais, como os da Folha, criticavam a TV do governo, mas, se for uma TV pública, a coisa muda de figura. O que mais quero como ministro da comunicação social é ajudar a qualificar o debate político, o debate público. Pode haver gente tão a favor da liberdade de imprensa quanto eu, mais a favor não tem. A imprensa não está numa redoma. O presidente pode ser criticado, o ministro, o papa, a imprensa pode ser criticada e será criticada sempre que avançar o sinal. Quando isso ocorre? Quando vai além do trabalho de dar informação, de fazer circular a informação e de aumentar o debate público. Quando pretende puxar a sociedade pelo nariz para um lado e para o outro. Essa não é uma função da imprensa.

FOLHA - O sr. identifica veículos que avançam sinal hoje? FRANKLIN - A sociedade pode fazer essa crítica. Não sou eu quem devo fazer.

FOLHA - Como ministro, o sr. manterá o processo contra o jornalista Diogo Mainardi?

FRANKLIN - Vou.

FOLHA - Por quê?

FRANKLIN - Não estou fazendo nada contra a liberdade de imprensa. Manter o processo contra esse senhor não tem nada a ver sobre o que eu penso ou o que ele acha que eu penso. É um direito que ele tem. Ele me acusou de crimes, de ter praticado tráfico de influência e de ter participado da quebra de sigilo do caseiro Francenildo Costa. Sem nenhum elemento. Mais do que isso, ele e a revista dele ["Veja"] se recusaram a publicar a minha resposta. Que liberdade de imprensa é essa na qual um lado fala e nem sequer publica o outro lado? Fiz o que se faz no Estado de Direito. Quando se acha que sua honra foi atingida, se recorre à Justiça.

FOLHA - Como ministro, não ganhará mais peso esse processo em seu favor?

FRANKLIN - A Justiça não vai agir assim porque sou ministro. Pelo ritmo no Brasil, a Justiça só terá julgado esse processo depois que eu deixar de ser ministro. Ele terá toda a oportunidade de provar todas as acusações. E, se for isso, quem vai ficar mal sou eu.

FOLHA - Esse episódio foi determinante para a sua saída da Globo?

FRANKLIN - Fiz essa pergunta à direção, e eles disseram que não. A alegação que me deram é que eu estava com imagem fraca como jornalista. Eu disse a eles que achava que a explicação não me convencia. A pergunta tem de ser feita à Globo.

FOLHA - Como o sr. pretende se relacionar com a Globo?

FRANKLIN - Quem olha para trás vira estátua de sal. Será um relacionamento profissional.

FOLHA - Qual é a sua avaliação da cobertura da imprensa a respeito do governo Lula?

FRANKLIN - Vou falar como acho que deve ser daqui para frente. Profissional, séria, crítica, sem preconceito.

FOLHA - O sr. participou da luta armada contra a ditadura militar de 1964. Como avalia hoje aquele período? Arrepende-se de algo? Faria diferente?
FRANKLIN - [Faria] muitas coisas diferentes com a visão que tenho hoje. Não me arrependo do central. Lutei do lado certo. Lutei ao lado da democracia contra a ditadura."

Rede pública paga quase igual à particular

De ANTÔNIO GOIS na Folha de S.Paulo, hoje:

"Um estudo que será divulgado na segunda-feira contesta um dos mitos mais disseminados da educação brasileira: o de que o ensino público vai mal quando comparado ao particular por causa dos baixos salários dos professores.

Feito pelos pesquisadores Samuel Pessoa, Fernando de Holanda Barbosa Filho e Luís Eduardo Afonso, da FGV e da USP, o trabalho mostra que a renda média de professores da rede privada é quase a mesma dos seus colegas da rede pública. A diferença não passa de 11%, no caso dos que trabalham no ensino médio.

No entanto, se forem considerados os benefícios da aposentadoria no setor público, a situação se inverte em favor dos professores estaduais, municipais e federais.

O estudo será apresentado no seminário Remuneração do Professor, Gestão e Qualidade da Educação, realizado pela Fundação Lemann, pelo Instituto Futuro Brasil (IFB) e pelo Ibmec para discutir as causas do fracasso do ensino público.

No Saeb (exame do MEC que avalia a qualidade da educação básica), os resultados da rede privada no 3º ano do ensino médio são significativamente superiores aos da rede pública.

Numa escala de 0 a 500, as médias na rede privada foram de 307 pontos em matemática e 333 em português. No setor público, elas caem, respectivamente, para 249 e 260.

O Enem (outro exame do MEC restrito ao ensino médio) mostra o mesmo quadro. De 0 a 100, a média nas escolas particulares foi de 52,7, enquanto nas públicas ficou em 39,5.

Essa diferença de desempenho, para os autores do estudo, tem muito pouco ou nada a ver com o salário dos professores. Para chegar a essa conclusão, eles compararam pelo Censo 2000 do IBGE a renda média de professores da rede pública com os da rede privada em todos os níveis de ensino.

Levando em conta apenas a renda, a diferença a favor da rede privada variou apenas de 4,9% no caso da pré-escola para 11% no caso do ensino médio.

Os autores do estudo, no entanto, ampliaram essa análise levando em conta também o regime de contribuição previdenciária e aposentadoria em cada rede. Ao fazer isso, perceberam que os rendimentos pagos na rede pública são melhores do que os da rede privada se, nessa análise, forem considerados os descontos que os trabalhadores fazem para contribuir para a previdência e o valor dos rendimentos após aposentados."

Não conheço os números que serviram de base para o estudo feito pelos pesquisadores da FGV e da USP. Portanto, não tenho como contestá-los.

Entretanto, conheço a realidade dos professores aqui do Rio Grande do Norte.

E posso assegurar que a diferença de remuneração entre os docentes da rede pública e das escolas privadas é bem maior pelas bandas de cá.

O salário base de um professor estadual aqui no RN é de pouco mais de R$ 400,00.

Mas concordo que isso não pode servir de desculpa para o caos do ensino público.

Há professores despreparados nas salas de aula.

Há professores preguiçosos que empurram as coisas com a barriga, não se atualizam, não mudam a "fórmula" das aulas.

Há professores que fazem de conta que ensinam, enquanto os alunos fazem de conta que aprendem.

Há professores que se acham donos absolutos da verdade, do conhecimento, do saber. Nunca admitem o próprio erro, nunca voltam atrás, nunca ouvem a opinão dos alunos.

Há professores que descarregam frustrações pessoais e profissionais em cima dos alunos.

E...

Há alunos que vão à escola em busca apenas de notas.

Há alunos que chegam ao ensino médio sem saber ler nem escrever corretamente.

Há alunos que nunca leram um livro na vida.

Há alunos que saem da escola, chegam em casa e correm pra assistir programas educativos como "Patrulha da Cidade", "Caso de Polícia", "Malhação", esquecendo cadernos e livros num canto qualquer da casa.

Há alunos que até querem estudar de verdade, aprender algo além de fórmulas e conceitos prontos.

Mas...

Falta o que comer em casa.

Falta dinheiro para pagar a passagem e ir à escola.

Faltam livros, bibliotecas, internet.

Falta dignidade: há crianças, adolescentes e jovens vítimas de abuso sexual, violência doméstica, trabalho escravo.

Certa vez, uma aluna chegou até mim e disse-me: "Professor, amanhã não virei à aula porque vou fazer uma faxina pra ganhar algum dinheiro... lá em casa não tem mais o que comer".

Outra vez, outra aluna contou-me que não iria mais às aulas do curso profissionalizante porque seu pai achava que ela saia de casa para se prostituir (ela era uma das melhores alunas e conseguiu um estágio numa grande empresa da cidade).

Numa tarde, fui surpreendido pelo depoimento de um aluno que voltara a assitir as aulas depois de um longo tempo sumido. Ele confessou-me que andara praticando alguns assaltos à mão armada: celulares, bolsas etc. Mas havia colocado a cabeça no lugar e decidira lutar por um futuro melhor.

Ele ficou com medo da minha reação. Achava que eu iria persegui-lo.

O rapaz também foi encaminhado a um estágio. Hoje, prepara-se para o vestibular. Ele quer ser administrador de empresas.

Há professores que não se interessam pela história de seus alunos.

Há escolas que se parecem mais com centros de repressão, quando deveriam ser centros de esperança.

Há escolas desconectadas da realidade.

Há escolas tristes, escuras, feias... escolas que não simbolizam nada de bom... escolas que não sugerem nenhuma mudança de vida... escolas que não servem de estímulo.

E há quem não enxergue nada disso...

Enquanto houver professores, alunos e escolas assim, a educação continuará um caos.

Avisa aí que eu tô voltando...

Assim cantava o Olodum:

"Avisa lá... avisa lá... avisa lá ô ô... avisa lá que eu eu... avisa lá que eu vou chegar mais tarde..."

É isso... aviso a todos que eu tô de volta...

Meu estágio na Tribuna do Norte terminou ontem (agora é levantar as mãos ao céu e pedir a Deus que eles me contratem... hehehehehehe...).

Então, agora tô com tempo de novo pra blogar.

Vamos nessa...

domingo, 18 de março de 2007

A Record chega lá?

O céu é o limite
De LAURA MATTOS na Folha de S.Paulo, hoje:

"Você liga a TV e vê Fernanda Montenegro na novela. Depois, começa a transmissão da Olimpíada. Globo? Não, Record.Após chegar ao segundo lugar de audiência, estar a um passo de "roubar" os Jogos Olímpicos de 2012 da Globo e fazer uma proposta tentadora à maior atriz do país, onde a Record vai parar?

Se na Globo esta é uma dúvida cruel, na emissora ligada à Igreja Universal, um novo e imodesto bordão não esconde a fé na conquista maior: "A caminho da liderança".

A rede, que bate a Globo em alguns momentos, como no matutino "Hoje em Dia", apresentado por Ana Hickmann, quer alcançar a rival em três anos. Não será fácil. A distância ainda é grande, em audiência e faturamento. Mas há um "detalhe": dinheiro não parece ser um problema para o bispo Edir Macedo.

A fim de adquirir o Campeonato Brasileiro de 2009, a emissora acaba de oferecer R$ 500 milhões aos organizadores, mais do que a Globo paga.

Também foi superior a oferta feita pelos direitos dos Jogos Olímpicos de 2012. Com isso, e com o compromisso de dar mais espaço às competições do que a Globo costuma conceder, a Record está levando a melhor. O contrato não foi assinado, mas já houve o aperto de mãos.

Além das investidas em grandes eventos esportivos, a Record amplia sua força nos campeonatos regionais. Já são dela o Baiano e o Catarinense, cujos jogos às vezes batem a Globo nos Estados. Na última semana, fechou a compra da rede Guaíba, do Rio Grande do Sul, com jornal, rádio e TV. Dessa forma, levou o Campeonato Gaúcho.

Também não há economia na hora de assediar globais. Fora a corrida por grandes estrelas da dramaturgia, como Fernanda Montenegro e Antonio Fagundes, a emissora abre o cofre para o jornalismo.

Chega a oferecer até cinco vezes o salário de repórteres "grifes" para convencê-los a trocar de canal. Os investimentos alcançam também emissoras regionais. Algumas, como as de Florianópolis, Belo Horizonte, Brasília e Salvador, receberam recentemente equipes de São Paulo com a missão de levar o "padrão Record de qualidade". Em Minas, por exemplo, foi totalmente reformulado um telejornal -que fazia até merchandising.

A meta agora é diminuir o sensacionalismo de telejornais vespertinos de afiliadas do Nordeste. Embora os filhotes de "Cidade Alerta" rendam altas audiências e até batam a Globo, não trazem anunciantes e prejudicam o projeto de melhorar a imagem da rede.

Com o crescimento em audiência e faturamento, a Record tem conseguido pegar retransmissoras de outras redes, especialmente do SBT, cuja programação mostra-se cada vez mais instável e o ibope, conseqüentemente, mais baixo.

Macedo pretende também ampliar a produção regional de jornalismo e restringir os programas da Igreja Universal às madrugadas, como já fez em São Paulo e agora faz no Rio.Quanto mais desvinculada estiver a imagem da emissora da religião, melhor para os dois negócios, avalia ele.

Sua mais surpreendente determinação foi a de dar ampla cobertura à visita do papa Bento 16 ao Brasil, em maio.

Até as missas serão em parte transmitidas, a fim de enterrar de vez o fatídico chute que um bispo da Universal desferiu ao vivo em uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, em 1995.

"A decisão de exibir a visita do papa é baseada em estratégia de audiência", afirmou Alexandre Raposo, 36, presidente da rede, em entrevista à Folha.

Um eventual "sim" de Fernanda Montenegro teria forte impacto nesse contexto. À Folha, a agente da atriz disse que a atriz pensará no convite "com carinho"."

Procuradoria investiga leilões na TV

De Daniel Castro na Folha de S.Paulo, hoje:

"O Ministério Público Federal em São Paulo abriu uma investigação para apurar a legalidade do mais novo caça-níquel da televisão, os leilões reversos, que começam a virar mania.

O negócio funciona da seguinte forma: o telespectador liga para um telefone celular e faz um lance pelo produto anunciado na TV, a maioria motocicletas e eletrodomésticos. Se, ao final da duração do leilão (que varia de um dia a até mais de uma semana), seu lance for o menor e único, ele ganha o direito de comprar o produto pelo valor que ofertou.

Por exemplo: um determinado programa anuncia o leilão de uma geladeira que vale R$ 3.000; o telespectador liga e se propõe a pagar R$ 12,32 por ela; se ninguém mais ofertar R$ 12,32 e se todos os lances inferiores a esse valor tiverem, cada um, mais de um proponente, esse telespectador que deu lance de R$ 12,32 será o vencedor.

O chamariz dos leilões é a "oportunidade" de o telespectador adquirir um produto caro por um valor simbólico. Está funcionando. A Band, pioneira nesses leilões, registrou 200 mil usuários (telespectadores diferentes que fizeram lances) em agosto do ano passado, primeiro mês de funcionamento do serviço. Em janeiro, o leilão da emissora, que tem o nome de Lancemania, já acumulava 5 milhões de usuários diferentes.

Hoje, além da Band, já oferecem leilões reversos o SBT (Preço Mínimo do Baú), a Rede TV! (Menor Preço Único) e a TV Gazeta (Paga Quanto?). A Record interrompeu seu leilão, o Oferta Única, há duas semanas, oficialmente para se diferenciar das outras TVs (ou ficar mais parecida com a Globo).

À exceção do SBT, todas as redes exploram o caça-níquel em programas femininos.

O telespectador que participa dos leilões, mas não ganha, arca "apenas" com os telefonemas. O valor das ligações varia de acordo com o local de onde se telefona. Cada leilão opera com um único número em todo o país. Logo, as ligações são interurbanas para boa parte dos usuários. A Band usa um celular de Belo Horizonte. Só o SBT opera um número de São Paulo.O serviço também é oferecido na versão SMS pela Band e SBT.

Nesse caso, em vez de telefonar, o telespectador manda uma mensagem pelo celular. Essa mensagem, que normalmente custa, sem os impostos, R$ 0,31 (é o quanto se paga para, por exemplo, votar nos "paredões" do "Big Brother"), sai por R$ 1 nos leilões (mais até R$ 0,40 de tributos).

Encanto

O negócio tem um efeito encantador sobre os telespectadores. Segundo um dos operadores desses leilões, cada usuário faz em média entre dois e três lances por leilão. Trinta por cento dos vencedores fazem mais 15 telefonemas.

As empresas criaram limites para os usuários, mas eles são bem dilatados. Nos leilões da Band e SBT, o usuário "só" pode fazer cem ligações por mês. Se assinar um termo de responsabilidade, esse limite cai.

Os leilões envolvem vários atores econômicos. Além das TVs e das operadoras de telefonia, há duas "operadoras" (a ResponsFabrikken e a CellCast), empresas que administram as plataformas telefônicas, e os varejistas (Eletro Direto e Americanas), que vendem e entregam as mercadorias.

Jogo de azar

O Ministério Público Federal quer saber se os leilões reversos não estão lesando o consumidor e se não se configuram como um telejogo, como o 0900.

O órgão enviou ofício à Caixa Econômica Federal, a quem compete expedir autorizações para sorteios e promoções comerciais, perguntando se os leilões não se enquadram em uma dessas categorias. Nenhum leilão foi autorizado pela CEF.

Os operadores não vêem problemas. Primeiro, porque leilões são atividades legais. Segundo, porque vendem produtos -e não sorteiam. "Nós submetemos os leilões à Caixa e recebemos um "de acordo". Não é preciso autorização", diz Percival Palesel, diretor da CellCast.

As empresas admitem que parte da remuneração do negócio vem da participação nas receitas das telefônicas ("alguns poucos centavos"). Contam que o que sustenta os leilões são os patrocinadores. "Os leilões atraem audiência, são uma ótima mídia para as marcas. A Brastemp acaba pagando para ter seus produtos leiloados", afirma Michel Castaldelli, diretor-executivo da dinamarquesa ResponsFabrikken.

As TVs dizem que vendem espaços, como merchandising, mas têm participação nos resultados. Enfatizam que os serviços têm regulamentos publicados em sites e são auditados.

A CEF informou que ainda não recebeu ofício do Ministério Público e nega ter recebido consultas das operadoras."

A "trapalhada" do Fantástico

O Fantástico exibiu neste domingo uma matéria sobre os 30 anos do programa "Os Trapalhões".

O sucesso do quarteto formado por Didi, Dedé, Mussum e Zacarias marcou muitas gerações.

O programa só deixou de ser exibido depois da morte de Zacarias e Mussum.

A Globo ainda exibiu reprises durante alguns anos.

Hoje em dia, Didi (Renato Aragão) tem um programa nas tardes de domingo da emissora: A Turma do Didi.

O Fantástico cometeu uma gafe imperdoável.

Entrevistaram apenas Renato Aragão e "esqueceram" Dedé.

Trapalhada feia!