sábado, 24 de novembro de 2007

Ministério das Comunicações identifica 23 senadores sócios de emissoras de rádio e TV

Por Andrea Vianna, n'O Estado de São Paulo, hoje:


"A aproximação do julgamento do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que está licenciado da presidência do Senado e poderá ter o mandato cassado por acusação de usar laranjas na compra de duas rádios em Alagoas, reacende a discussão sobre a proibição a parlamentares de obter e manter concessões de emissoras de rádio e TV. Dos 81 senadores, 23 deles – quase um terço do total – aparecem como proprietários de empresas do gênero.

Entre esses 23 parlamentares, uma pesquisa do Estado no Sistema de Acompanhamento de Controle Societário (Siacco), do Ministério das Comunicações, mostra que pelo menos 17 têm parentes na sociedade e na direção do negócio – filhos, irmãos, mulheres ou ex-mulheres, entre outros.

Entregar a parentes o comando das emissoras, tal como fez Renan, mesmo quando a transferência não passa de mera formalidade, é a maneira como os senadores driblam o artigo 54 da Constituição e o artigo 4º do Código de Ética do Senado. É uma forma, como explica o ministro Marco Aurélio de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), de o parlamentar "fazer de conta" que não manda no veículo de comunicação.

No caso Renan, o relatório do senador Jefferson Péres (PDT-AM), aprovado pelo Conselho de Ética por 11 votos a 3, mostra que, depois de ter montado uma sociedade oculta com o usineiro João Lyra, o presidente licenciado do Senado entregou o Sistema Costa Dourada de Radiodifusão Ltda. ao filho José Renan Vasconcelos Calheiros Filho."

Matéria cita senadores potiguares

Os senadores potiguares Garibaldi Alves Filho (PMDB) e José Agripino Maia (DEM) são citados na matéria d'O Estado de São Paulo:

"O senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), mesmo não sendo formalmente proprietário da Inter TV, antiga Televisão Cabugi Ltda., tem várias gerações de familiares no comando da influente emissora, que é repetidora da Globo no Rio Grande do Norte".

(...)

"José Agripino Maia (DEM-RN) diz ganhou suas rádios e TV de "herança". Ele aparece como sócio de uma rádio de Currais Novos e outra de Mossoró, além da TV e Rádio FM Tropical Comunicação, retransmissora da Record, em Natal."

Para o senador Jefferson Péres (PDT-AM), não importa se o político é "proprietário ou gestor", a emissora sempre o colocará "em situação de privilégio". Exemplo disso são as transmissões diárias na TV Tropical dos pronunciamentos do senador Agripino Maia no Congresso Nacional.

Outros trechos da matéria

"O professor Dalmo Dallari, emérito da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), lembra que o objetivo do artigo 54 da Constituição era justamente impedir a influência do parlamentar sobre os meios de comunicação. "Ao controlá-los, eles ditam a pauta e podem mesmo ocultar o que não é do consentimento do seu grupo político. A regra é indispensável para garantir a autenticidade do processo democrático", afirma o jurista.

O artigo 54 deixa bem claro que deputados e senadores, depois de empossados, não podem ser "proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada". O descumprimento da regra implica, de acordo com o artigo 55, "perda do mandato".

O Código de Ética do Senado proíbe os senadores, no artigo 4º, de "dirigir ou gerir empresas, órgãos e meios de comunicação", assim considerados aqueles que executem serviços de rádio e televisão.

Novo Verbo

Você sabe o que é "youtubar"?

Não, não é um xingamento obsceno, como muitos maliciosos podem imaginar.

É o novo verbo criado pela galera que navega na internet.

"Youtubar" é o ato de postar algum vídeo no Youtube.

Não é a Oi, mas é simples assim.

Informaçãozinha mais inútil essa, né?! Relax...

Empresas investem em comunicação

Da "Terra Magazine":

"Uma pesquisa recém divulgada, em novembro, pela ABERJE - Associação Brasileira de Comunicação Empresarial, realizada junto a 164 grandes empresas do país, revelou que estas organizações investem cada vez mais em comunicação com os seus empregados. Para isto, estas empresas mantêm departamentos especializados e muitos veículos de comunicação. A abrangência da atividade de comunicação empresarial voltada para os empregados é de provocar inveja em quem trabalha no ambiente da comunicação de massa.

As corporações pesquisadas, a maioria com atuação global, assim procedem porque pretendem entendido e legitimado - por seus exércitos de gerentes, operários e todo o tipo de gente - aquilo que produzem, as suas metodologias, os seus valores, as suas atitudes e os seus objetivos.

(...)

A maior disposição das empresas em se comunicar com os empregados não significa uma comunicação de boa qualidade. A idéia geográfica de comunicação interna parece trazer embutida a idéia de que este tipo de comunicação, para alguém que não é o consumidor, não precisa de investimento em pensamento e produção.

A idéia de comunicação interna é a expressão do trabalhador como público desqualificado. O que é um paradoxo, diante do fato de as empresas precisarem do envolvimento de seus empregados para garantir coisas como a qualidade e segurança de produtos e processos, além de boa reputação e posição de mercado."

Nos tempos de ACM não era assim

Na quinta-feira passada (22), a Polícia Federal realizou a Operação Jaleco Branco em Salvador e mandou a elite baiana para a cadeia.

A Operação Jaleco Branco teve como saldo a apreensão de 18 veículos e a prisão do presidente do TCE (Tribunal de Contas do Estado) da Bahia, Antônio Honorato de Castro, além de outros 15 acusados de fraudes em licitações públicas no Estado.

A rede de corrupção que atinge parte da elite baiana começou a ser desvendada em julho, após a Operação Navalha da PF, quando o Ministério Público da Bahia requisitou todos os contratos que envolviam as empresas investigadas pela Operação Octopus da PF.

A Operação Octopus deu origem à Navalha. A primeira se dedicou a investigar os políticos da Bahia, onde fica a sede da Construtora Gautama, do empreiteiro Zuleido Veras, que, segundo a PF, estava no topo do esquema que fraudava licitações de obras públicas em nove Estados e no Distrito Federal.

A devassa nos contratos das empresas baianas foi fruto do trabalho da Auditoria Geral do Estado (AGE), sob a coordenação da Casa Civil do governador Jaques Wagner (PT). De acordo com a "Terra Magazine", a investigação da AGE abrangeu os contratos vigentes em 2007. Esse relatório foi entregue ao MP da Bahia.

Segundo Bob Fernandes e Claudio Leal da "Terra Magazine", o material da Operação Jaleco que está em poder do Ministério Público "é uma nítida tomografia do sistema de poder montado pelo ex-senador Antonio Carlos Magalhães e ancorado em um seleto grupo de empresários e famílias que há quase duas décadas detêm poder político e econômico na Bahia."

De acordo com a Folha Online, em 10 anos, a quadrilha teria provocado um prejuízo de R$ 625 milhões aos cofres públicos, segundo cálculos da polícia.

O relatório tem 42 páginas e lista os nomes da "fina-flor dos endinheirados baianos", nas palavras de Bob Fernandes e Claudio Leal.

Entre os principais presos, estão: Marcelo Guimarães, ex-presidente do Esporte Clube Bahia e ex-deputado estadual; Antonio Honorato, presidente do Tribunal de Contas do Estado e ex-presidente da Assembléia Legislativa da Bahia; o servidor Hélcio de Andrade Júnior, os empresários Clemilton Andrade, Eujácio Andrade, Afrânio Mattos e Jairo Barão. A procuradora-geral da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Ana Guiomar, também foi presa.

Dono de empresas de segurança e influente nas administrações do falecido ACM, Marcelo Guimarães freqüenta as colunas sociais e os melhores salões baianos.

"Terra Magazine" também revela a lista de empresas investigadas na operação: Postdata Bahia Informática Ltda., Organização Bahia Serviços de Limpeza e Locação de Mão de Obra, Seviba (Segurança e Vigilância da Bahia Ltda.), Higiene Administração e Serviços Ltda., Organização Auxílio Fraterno, Ascop Vigilância e Segurança Patrimonial, Macrosel Serviços de Limpeza e Gestão Empresarial, Yumatã Empreendimentos e Serviços e Manutenção Ltda., Masp Locação de Mão-de-Obra Ltda. e Protector Segurança Ltda.

Foram investigadas 21 empresas, que, entre 1997 e junho de 2007, receberam do governo baiano cerca de R$ 1.380 bilhões. Mas as nomeadas na lista acima receberam mais atenção da comissão de auditores, porque foram essas empresas que ficaram com quase 74% do faturamento total, o que corresponde a mais de R$ 1 bilhão, enquanto as outras quatorze empresas ficaram com apenas 26% - pouco mais de R$ 363 milhões.

O relatório do Ministério Público anota que "a maior parte das empresas prestadoras de serviços analisadas iniciou suas atividades ou teve sua propriedade transferida para os grupos societários atuais no começo da década de 90, o que corresponde ao reinício das administrações carlistas".

Em 1990, ACM venceu a eleição para governador. Fez seus sucessores no cargo nas duas eleições seguintes: Paulo Souto e César Borges. Na prática, ACM era quem continuava mandando na Bahia. A hegemonia só foi quebrada em 2006, com a vitória de Jaques Wagner.

Impossível imaginar uma investigação como essa Operação Jaleco Branco nos tempos de ACM na Bahia.

Em Tempo

A "ditadura" de ACM não fez muito bem à Bahia. Os novos ventos, que chegaram com a alternância de poder, conquistada com a vitória de Jaques Wagner, está revelando ao Brasil que havia algo de muito podre no reinado carlista.

Leio nos jornais que os "demos" da Bahia querem voltar ao poder, começando pela Prefeitura de Salvador. O partido já indicou o ACM Neto como seu candidato para 2008. É ele mesmo, o galinho de briga que chamou Hugo Chávez de ditador e disse que na Venezuela não existe democracia porque não há alternância de poder.

É como diz o ditado popular, pimenta nos olhos dos outros é refresco.

O PSDB criou e o PT copiou

Vocês devem ter visto uma dessas inserções do PSDB nos intervalos comerciais da televisão. O narrador diz que o PSDB criou determinado programa (Bolsa Escola, por exemplo) no governo de FHC e o PT, no governo Lula, apenas copiou.

Aí eu me lembrei de uma coisa que os tucanos criaram e os também petistas copiaram - só que essa coisa não aparece na propaganda deles.

Foi o "mensalão". O Procurador Geral da República denunciou 15 pessoas no STF por envolvimento no mensalão tucano de Minas Gerais.

Paulo Henrique Amorim diz que o mensalão tucano envolve "a fina flor do tucanato: Eduardo Azeredo e Aécio Neves."

Explica-se. O mensalão tucano diz respeito à lavagem de dinheiro e ao peculato cometidos para beneficiar o senador tucano Eduardo Azeredo, então governador de Minas e candidato à reeleição. Outro beneficiado foi o candidato a vice de Eduardo Azeredo e vice do governador tucano Aécio Neves, no primeiro mandato (2003 a 2007), Clésio Andrade.

O dinheiro que abastecia o mensalão tucano de MG saiu de empresas estatais (dinheiro público): Copasa e Cemig (controladas pelo então governador do PSDB, Eduardo Azeredo).

Então, como se pode observar, nesse caso nós também podemos dizer: "Mensalão: O PSDB criou e o PT copiou".

Em tempo

Os tucanos mais emplumados não admitem falar em "mensalão tucano de MG". Dizem que houve "apenas" uma "operação financeira" para abastecer um caixa de campanha. Turma boa de eufemismos essa dos tucanos.

É como eu sempre disse por aqui quando via esses tucanos e os seus coleguinhas "demos" se arvorando como defensores da ética e da moral pública: são como velhas meretrizes pregando a castidade.

Roberta Sá em Natal

Hotel tem show em Natal da melhor cantora do Rio Grande do Norte. É claro que estou falando da minha adorada Roberta Sá.

O chato é que o show é apenas para convidados. O show é para comemorar o lançamento Bosque dos Poetas, novo empreendimento imobiliário da Capuche, no final da Avenida Ayrton Senna.

Felizes os que estão nessa lista e farão parte desse belo estranho dia para se ter alegria.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

"Expurgo"

A senha da oposição e da mídia conservadora contra o governo agora é "expurgo".

A palavra vem sendo usada para manipular a opinião pública e fazê-la crer que o Governo Federal promove uma caça às bruxas no IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Na semana passada, a direção do órgão, presidido pelo professor Márcio Pochmann, decidiu afastar quatro pesquisadores - Fabio Giambiagi, Otávio Tourinho, Gervásio Rezende e Regis Bonelli.

Em entrevista a Paulo Henrique Amorim, Márcio Pochmann disse que os pesquisadores Fábio Giambiagi e Otávio Tourinho são servidores do BNDES e trabalhavam no Ipea por meio de um convênio que acaba no início do próximo mês. Já os pesquisadores Gervásio Castro de Rezende e Régis Bonelli são aposentados e foram convidados a sair em função de irregularidades em seus contratos.

Giambiagi e Tourinho têm até o dia 7 de dezembro para entregar um relatório da pesquisa sobre o papel do BNDES no desenvolvimento do Brasil. Esse trabalho foi o motivo do convênio entre o Ipea e o BNDES.

A notícia de que os contratos de Gimabiagi e Tourinho não serão renovados causou polêmica porque os dois economistas são críticos da política econômica de Lula. "Demos" e tucanos (olha a turma do bloco do eu sozinho aí gente...) disseram que o governo estava querendo "amordaçar" o órgão, estabelecendo assim o "pensamento único" e desrespeitando a "independência e autonomia" do instituto.

A cobertura da mídia vai na mesma toada. Os (de)formadores de opinião de plantão - vide Míriam Leitão - repercutem o discurso da oposição e fazem uma cobertura enviesada dos fatos.

Eles só não dizem que Giambiagi, apesar de ter sido contratado pelo Ipea para investigar o papel do BNDES no desenvolvimento do Brasil, nos últimos tempos tem ocupado espaço na mídia para defender principalmente uma reforma da Previdência Social, nos moldes de países como o Chile, onde foi privatizada.

Como observa Paulo Henrique Amorim, "Fabio Giambiagi pode pensar o que quiser e escrever o que quiser. Mas, não pode usar o logotipo do IPEA ou do BNDES (do qual é funcionário) para falar mal do Governo."

A cientista política e menina do Jô, Lúcia Hipólito, é outra que adotou o discurso do "expurgo". Confira o que saiu numa matéria d'O Globo, ontem (22):

Apesar das mudanças no Ipea terem vindo à tona após a posse de Márcio Pochmann, a cientista política Lúcia Hipóllito acredita que “a tentativa de domesticar a opinião” vem desde a gestão de Glauco Arbix. Ele foi o primeiro economista a assumir à presidência do Ipea no primeiro mandato do presidente Lula”.

Em seu blog no IG, Luis Nassif revela que quem indicou os dirigentes (agora depostos) do IPEA-RJ foi o próprio Glauco Arbix. O grupo de Conjuntura, formado em torno de Paulo Levy, foi indicação de Arbix. Para Nassif, isso revela que esse discurso de “doutrinação” e “tentativa de domesticar a opinião pública” é papo furado.

"Veja o paradoxo. Para Lúcia, o grupo anterior visava 'domesticar a opinião pública'. Agora, o afastamento desse grupo visa também 'domesticar a opinião pública' ", comenta Nassif.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

O problema de Veja

Por Pedro Dória (http://pedrodoria.com.br)

A troca de mensagens pública entre o repórter Jon Lee Anderson e o editor de Internacional de Veja, Diogo Schelp é um bocado importante – e não pelo que ela diz a respeito de Schelp; pelo que diz sobre Veja.

A argumentação de Schelp em sua defesa é ruim. Fonte não deve qualquer sigilo a repórter – a nossa é uma profissão que deve operar às claras. O sistema de filtro de mensagens da Abril é de fato muito rigoroso e dá problema com mensagens perdidas a toda hora. Mas este é um problema que a Abril deve resolver com sua equipe técnica. Numa empresa jornalística, é um problema sério. Usar o anti-spam como desculpa para não ter contatado uma fonte é piada.

Por fim, ele reconheceu publicamente que Veja tem uma lista negra: quem cai lá não sai na revista. Não é o único órgão de comunicação grande que tem uma lista dessas, mas há um motivo pelo qual ninguém assume sua existência. É que não pode ter. Noticia-se, sempre, o que é notícia; e procura-se, sempre, quem melhor pode informar a respeito de um assunto. Quando uma publicação reconhece que tem uma lista negra, está dizendo que não tem pudores de usar sua influência para fazer com que alguém suma do mapa da relevância, independentemente de ser notícia ou não. (Não que, neste caso específico, Anderson vá sentir falta.)

Mas não era Schelp que deveria responder pela crítica e é injusto que a revista o tenha exposto desta forma. Nenhum jovem jornalista deveria ser obrigado a debater com um repórter de primeira linha do jornalismo mundial. É um debate perdido de início e, portanto, uma exposição cruel.

A reportagem sobre Che não saiu como saiu porque esta é a qualidade de trabalho que Schelp pode apresentar. Quem o conhece diz que é bom repórter, que jamais tem preguiça de apurar. A reportagem saiu assim porque assim é a linha editorial de Veja: a tese já está definida antes que qualquer repórter se lance à apuração. As fontes consultadas são aquelas que confirmarão a tese. Se alguém disser o contrário, que seja ignorado. Não é a curiosidade, a tentativa de compreender o mundo, que move a pauta de Veja. O que lhe move é a vontade de dizer o que seus leitores devem pensar.

O caso de Reinaldo Azevedo é diferente de Schelp. Este tem por função entrar mesmo nestas polêmicas e argumenta como lhe é típico: quando o debate é impossível de ser encarado, parte-se para lidar com os acessórios. Nos EUA, isto tem nome e há especialistas do ramo. São os spin doctors. Daí, que se debata a tradução, alguma questão ética imaginária, que se insinue que um repórter sênior da New Yorker, uma das revistas mais influentes do mundo, sentirá falta de ver seu nome em Veja.

Veja já foi a quarta revista mais vendida do mundo – hoje, deve estar entre a quinta e a sexta. Já foi uma revista indispensável. Veja foi uma revista que pautou a discussão no país. Há capas memoráveis – a do aborto, por exemplo, com incontáveis mulheres contando suas histórias pessoais; a entrevista de Pedro Collor que disparou o processo de um ano que culminaria com o impeachment de seu irmão.

Não foi sempre assim: o conceito de uma revista séria e rigorosa, com o noticiário semanal, era novo no Brasil de quando ela veio às bancas. Durante uma década, deu prejuízo. Quase quebrou a Abril, até então uma editora de pouca influência. Mas, aos poucos, Veja tornou-se indispensável. São muitos anos de trabalho para construir influência. Influência jornalística é ganha com trabalho sério, no dia-a-dia e chega apenas muito lentamente.

Jornal e revista também são produtos de hábito. Leitores cariocas por certo reconhecerão o exemplo do Jornal do Brasil. Foi um grande jornal, influente, importante. Começou seu lento processo de decadência há uns quinze anos. Mesmo quando já era evidente que o JB não era mais o mesmo, muitos leitores continuaram o comprando. Aí foram perdendo o hábito. A influência é perdida quando, dia após dia, semana após semana, o veículo vai provando que simplesmente não é mais o que foi.

Um veículo de comunicação constrói uma comunidade. É o comentar ‘você viu a Revista de Domingo ontem?’, ‘você viu aquela matéria no Fantástico?’ O veículo é relevante quando sugere o assunto, influi na conversa pública, dá a seu leitor ou espectador a percepção de que ele está informado, que tem assunto, que está capacitado a formar opinião, preparado para a conversa e o debate.

Influência, este espaço na formação do debate público, demora muito tempo para ser construída. Depois que foi, a influência pode ser mantida ou não. Não é de uma hora para a outra que a influência é perdida – mas, depois que foi, não há quem a reerga. É este o patrimônio que Veja tem e está, muito lentamente, dilapidando.

Aos poucos, muito aos poucos, começa-se a ouvir o seguinte comentário nas ruas: ‘você viu aquela matéria na Época?’ Não é questão de ser de esquerda ou ser de direita, este é um debate que interessa apenas a meia dúzia de leitores. A questão é aquela curiosidade inicial que leva o jornalista à rua. Ele não tem uma tese para comprovar, tem dúvidas. Está disposto a ser convencido, de apresentar tantos lados de uma história quantos possa haver.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Vão ter que engolir

Comissão da Câmara aprova entrada da Venezuela no Mercosul; oposição vai ter que engolir mais essa derrota

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira por 44 votos favoráveis e 17 contrários o parecer do deputado Paulo Maluf (PP-SP) que pede a adesão da Venezuela ao Mercosul. Agora, a proposta será apreciada pelo plenário da Casa. A informação é da Folha Online.

Os "demos" e os tucanos votaram contra o parecer e sairam derrotados novamente.

O galinho de briga dos "demos", deputado ACM Neto (DEM-BA), neto do falecido capitão mor da Bahia, Antônio Carlos Magalhães, disse que é contra a entrada do país vizinho no bloco econômico porque "na Venezuela não existe uma democracia plena, mas uma ditadura disfarçada" e justificou sua afirmação dizendo que na Venezuela "não há a garantia da alternância de poder nem liberdade de opinião e crítica". Para o neto do ex-mandatário da Bahia, Hugo Chávez "é um ditador emergente que está dando um golpe disfarçado na Venezuela".

"Quem está aqui falando em democracia foram defensores da ditadura no Brasil", afirmou o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) em resposta a ACM Neto.

Como disse Paulo Henrique Amorim em seu "Conversa Afiada", ACM Neto é especialista nesse assunto de se perpetuar no poder.

O falecido ACM, avô do galinho de briga dos "demos", se perpetuou no poder da Bahia durante décadas. A falta de alternância de poder na Bahia, nessa época, não preocupava ACM Neto.

O neto pode alegar que seu avô se perpetuava pelo voto. Hugo Chávez também.

ACM, o avô, após anos de domínio, caiu do poder pelo voto. Hugo Chávez, um dia, sairá do poder da mesma forma - pelo voto.

Recorro novamente ao sarcasmo de Paulo Henrique Amorim para dizer que ACM Neto também é especialista em hipocrisia.

A melhor tirada

"Médico pensa que é Deus - jornalista tem certeza. Nada como fazer um blog para descobrir que não é Deus."

(Ricardo Noblat, jornalista e blogueiro)

Segundo a ONU, 33,2 milhões de pessoas no mundo vivem com o vírus da Aids

A ONU divulgou ontem (20) o relatório de 2007 do Programa para HIV/Aids (Unaids). No documento, a ONU reduziu de 39,5 milhões no ano passado para 33,2 milhões em 2007 a estimativa do número de pessoas vivendo com o vírus no mundo. A informação é da Folha de São Paulo.

De acordo com o relatório, há uma estabilização do número de infectados e ligeira queda nas taxas de novos casos.

Em 2006, a Unaids indicava que havia 5,9 milhões de indianos infectados com o HIV, mas agora os novos estudos afirmam que o número correto para o país no ano passado era de 2,5 milhões de portadores do vírus.

Novos casos

A Unaids estima em 2,5 milhões, de 2006 para 2007, o número de novos casos em todo o mundo -o que significa 6.800 contaminações a cada dia.

O órgão estima ainda que 2,1 milhões de pessoas morreram devido à Aids em 2006.

No Brasil, 620 mil têm Aids

O relatório da Unaids de 2007 sobre o HIV indica que há 620 mil pessoas vivendo com o vírus no Brasil. A taxa está estabilizada desde o final da década de 1990, segundo especialista em HIV ouvido pela Folha.

A estimativa do Ministério da Saúde brasileiro é de há 613 mil infectados. O número nacional está dentro do intervalo calculado pela ONU, que tem mínimo de 370 mil e máximo de 1 milhão de casos.

O número de infectados no Brasil corresponde a um terço de todas as pessoas vivendo com HIV na América Latina. Na região, a maior parte das transmissões de HIV ocorre, diz o texto do relatório, entre grupos com maior risco de exposição, incluindo prostitutas e homens que fazem sexo com outros homens.

O número de novos casos na América Latina em 2007 é estimado em 100 mil, elevando a quantidade total de pessoas vivendo com o vírus para 1,6 milhão.

"Somália é há anos uma emergência esquecida", diz funcionário da ONU

Da Folha de São Paulo, hoje:

"Há um ano, os 35 km de asfalto esburacado entre Afgooye e a capital somali, Mogadício, eram só uma estradinha típica. Hoje são um corredor repleto de miséria, com 200 mil pessoas recém-deslocadas apertadas em campos inchados onde o estoque de comida está no fim. Altos funcionários da ONU disseram que a Somália tem índices mais altos de desnutrição, mais derramamento de sangue e menos funcionários de organizações humanitárias do que Darfur, no Sudão.

Combates urbanos constantes em Mogadício entre um governo de transição impopular -instalado em parte com a ajuda dos EUA- e uma insurgência islâmica determinada têm levado multidões de desesperados à estrada. As pessoas nesses acampamentos passam fome, vivem ao relento, estão doentes e moribundas. E as poucas organizações humanitárias que se dispõem a enfrentar o ambiente perigoso, em que nenhuma lei vigora, não dão conta de atender às necessidades mais básicas das pessoas.

"Muitas dessas crianças vão morrer", diz Eric Laroche, chefe das operações humanitárias da ONU na Somália. "Se isso estivesse acontecendo em Darfur, haveria uma grande repercussão. Mas a Somália é há anos uma emergência esquecida." "A situação na Somália é a pior do continente", afirma Ahmedou Ould Abdallah, o mais alto representante da ONU para o país. Essa situação inclui inundações, secas, gafanhotos, atentados, bombas e assassinatos políticos quase diários.

Funcionários da ONU hoje admitem que o país estava em situação melhor durante o breve reinado do movimento islâmico somali, no ano passado. Ould Abdallah descreveu como "a era de ouro da Somália" aqueles seis meses -o único período de paz vivido pela maioria dos somalis em anos.

Mas quando o movimento islâmico de base emergiu do caos dos clãs e assumiu o controle de boa parte da Somália em meados de 2006, os EUA e a Etiópia, país vizinho e rival, apressaram-se em rotular os islâmicos como ameaça e a acusá-los de abrigar a Al Qaeda. A esmagadora invasão etíope, apoiada pelos EUA, ajudou um governo de transição a chegar a Mogadício em dezembro.

Desde então, esse governo vem lutando contra uma insurgência que soma islâmicos, clãs rivais e aproveitadores. Está claro que alguns dos problemas da Somália não são culpa do governo. Mas a maioria dos diplomatas ocidentais concorda que, se o governo de transição não fizer gestos de aproximação com elementos islâmicos, ele irá fracassar, como os 13 governos de transição que o precederam."

A canoa furada da Folha

CASO CISCO-PT

Saldos de um vazamento desastrado

Por Alberto Dines, no "Observatório da Imprensa":


"Vazamentos costumam molhar muita gente. Tanto os vazamentos hidráulicos como os jornalísticos. Quando no domingo (18/11) a Folha de S.Paulo reproduziu as denúncias sopradas pela Polícia Federal contra empresas ligadas à multinacional Cisco – sem qualquer trabalho prévio de apuração – deveria ter pressentido os graves riscos que corria.

Na terça-feira (20), duas edições depois, a Folha foi obrigada a reproduzir na íntegra, e com chamada na primeira página, duas contestações à sua primeira matéria nada confortáveis.

Nenhuma fonte está acima de suspeitas, a não ser quando o jornal e os jornalistas verificam antes a veracidade das informações que oferece. A Folha confiou cegamente na PF e agora paga uma multa por sua ingenuidade.

Qualquer que seja o desfecho final do caso Cisco, o desastrado vazamento teve uma função didática: mostrou aos jornalistas que não existe jornalismo investigativo sem investigações."

Leia meu comentário sobre essa assunto no post "Fato ou opinião?".

Crônica de um professor desapontado

Em artigo publicado no blog do "Fazendo Média", o historiador, professor e escritor Denilson Botelho narra como começou sua carreira de professor numa escola pública do Rio de Janeiro e, pouco tempo depois, como o sonho de realização profissional se tornou um pesadelo.

"Algumas semanas em sala de aula naquela escola do subúrbio do Rio me fizeram cogitar seriamente de um pedido de exoneração. Aliás, ainda cogito freqüentemente. Se não o fiz até hoje foi por desejo (de ensinar) e necessidade (de trabalhar para sobreviver). Ao perceber que ali – e em cada uma dessas escolas municipais – está montada uma engrenagem cujo objetivo é produzir o fracasso escolar em larga escala, passei a conviver com essa angústia. Afinal, não somos professores em sala de aula, mas sim operadores (ou técnicos do saber, como diria Sartre) de uma cruel engrenagem que produz analfabetos funcionais em massa. Tudo é feito de modo a incutir nos professores um profundo sentimento de impotência diante desse sistema, cuja última e mais eloqüente inovação foi a aprovação automática."

No artigo, ele também comenta "o discurso recorrente que a grande mídia produz a respeito desse quadro desanimador" e se diz "cansado de ler nas páginas dos grandes jornais e revistas do país as mesmas tentativas esfarrapadas de explicar e solucionar o problema". "Sempre acusam o professor e afirmam que aumentar os salários dos docentes não vai resolver nada. Ora, até quando vamos aturar tamanho cinismo?", questiona-se.

De acordo com Denilson, "não há como começar a desmontar essa gigantesca engrenagem que fabrica analfabetos funcionais (...) sem alterar as condições de trabalho dos professores."

Alterar as condições de trabalho significa, na prática, dar ao professor uma remuneração digna e satisfatória: "Com salários suficientes para manter suas famílias e dedicando-se exclusivamente ao ensino em uma só escola, aí sim seria razoável cobrar progressivamente maior qualidade no trabalho desenvolvido em sala de aula. Antes de se criar essas condições mínimas e básicas, não há como esperar mudança expressiva no ensino público no país."

Dá pra entender?

Virou o samba do crioulo doido ou a casa da mãe Joana. Quando estava tudo pronto para votar o processo de cassação do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), vem a oposição e atrasa a votação.

O responsável pelo adiamento da votação foi o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), que vai relatar o caso na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Segundo a Folha Online, Virgílio vai encaminhar seu relatório à comissão na próxima quarta-feira, o que permite que o processo chegue ao plenário do Senado somente no início de dezembro.

Ainda segundo a Folha Online, inicialmente, a apresentação do parecer de Virgílio à CCJ estava prevista para esta quinta-feira. A oposição se articula para pedir vista ao texto do relator, o que poderá adiar ainda mais a votação do parecer na comissão.

E eu fico me perguntando aqui com meus botões: o que quer a oposição com esse adiamento? Não era essa mesma oposição que pedia todos os dias, via mídia, a cabeça de Renan Calheiros numa bandeja de prata?

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Essa história rende

Biógrafo de Che Guevara escreve tréplica para repórter da Veja

Jon Lee Anderson, principal biógrafo de Che Guevara, escreveu uma tréplica ao repórter Diogo Schelp, editor de internacional da revista Veja, que, em reposta à primeira mensagem de Anderson, o cahmou de anti-ético e disse que ele não apareceria mais nas páginas da revista.

A polêmica é por causa daquela capa da Veja sobre Che Guevara. A reportagem é assinada por Diogo Schelp, para quem Che não passa de uma farsa de herói. Anderson divulgou um e-mail que mandou para Schelp criticando a matéria da Veja. Schelp respondeu e agora Anderson escreve sua tréplica.

Leia a íntegra da mensagem:

Prezado Diogo Schelp, agradeço pelo sua “gentil” resposta. (Soube que você é de fato uma pessoa muito “gentileza”; você mesmo o disse duas vezes em suas mensagens – claro que isso é uma ironia de Anderson com o inglês preciso do editor de internacional de Veja). Só agora percebo, o mal-entendido entre nós nasceu exclusivamente por conta de meu caráter profundamente falho. Eu jamais deveria ter presumido que você recebera meu e-mail inicial em resposta ao seu ou minha segunda mensagem a respeito de sua reportagem. Muito menos deveria ter considerado que você pudesse ter decidido ignorá-los. É evidente que você tem um sistema de bloqueio de spams muito rigoroso. Uma dica técnica: talvez devesse configurar seu sistema como “moderado” e não “extremo”. Se o fizer, talvez comece a receber seus e-mails sem quaisquer problemas. Lembre-se, Diogo: moderado, não “extremo”. Esta é a chave.

Você me acusa de ser antiético, um “mau jornalista”. Questiona até se posso ser chamado de jornalista. Nossa, você TEM raiva, não tem?

Enquanto tento parar as gargalhadas, me permita dizer que, vindo de você, é elogio. Permita, também, recapitular por um momento a metodologia utilizada por você para distorcer as informações que o público de Veja recebeu:

Você publicou na capa e na reportagem uma grande quantidade de fotografias de Che, aproveitando-se assim da popularidade da imagem de Guevara para vender mais cópias de sua revista. Para preencher seu texto, você pinçou uma certa quantidade de referências previamente escritas sobre ele – incluindo a minha – para sustentar sua tese particular, qual seja, a de que o heroismo de Che não passa de uma construção marxista, como sugere seu título: “Che, a farsa do herói”.

Para chegar a uma conclusão assim arrasa-quarteirão, você também entrevistou, pelas minhas contas, sete pessoas. Uma delas era um antigo oponente de Che dos tempos da Bolívia. As outras seis, exilados cubanos anti-castristas, incluindo ex-prisioneiros políticos e veteranos de várias campanhas paramilitares para derrubar Fidel. (Um destes, o professor Jaime Suchlicki, você não informou a seus leitores, é pago pelo governo dos EUA para dirigir o assim chamado Projeto de Transição Cubana.) Percebi também que você prestou particular atenção no testemunho de Felix Rodriguez, ex-agente da CIA responsável pela operação que culminou na execução de Che. O fato de que você o destaca quer dizer que você o considera sua melhor testemunha? Ou terá sido porque ele foi o único que algum repórter realmente entrevistou pessoalmente? Com os outros, parece, Veja só falou por telefone. Mas como são rigorosos os critérios de reportagem de Veja!

Como disse em minha “carta aberta” a você, escrever uma reportagem deste tipo usando este tipo de fonte é o equivalente a escrever um perfil de George W. Bush citando Mahmoud Ahmadinejad e Hugo Chávez. Em outras palavras, não é algo que deva ser levado a sério. É um exercício curioso, dá para fazer piada, mas NÃO é jornalismo. Dizer a seus leitores, como você diz na abertura da reportagem, que “Veja conversou com historiadores, biógrafos, ex-companheiros de Che no governo cubano” passa a impressão de que você de fato fez o dever de casa, que estava oferecendo aos leitores um trabalho jornalístico bem apurado, que apresentaria algo novo. Infelizmente, a maior parte do que você escreveu é mera propaganda, um requentado de coisas que vêm sendo ditas e reditas, sem muitas provas, pela turma de oposição a Fidel em Miami nos últimos quarenta e tantos anos.

Minha questão não é política. Escrevi um livro, como você mesmo disse, que é “a mais completa biografia” de Che. Há muito lá que pode ser utilizado para criticar Che, mas também há muitos aspectos a respeito de sua vida e personalidade que muitos consideram admiráveis. Em outras palavras, é um retrato por inteiro. Como sempre disse, escrevi a biografia para servir de antídoto aos inúmeros exercícios de propaganda que soterraram o verdadeiro Che numa pilha de hagiografias e demonizações, caso de seu texto.

Não cometa o erro de me acusar de defender Che porque critico você. Serei claro: a questão aqui não é Che, é a qualidade do seu jornalismo. Sua reportagem, no fim das contas, é simplesmente ruim e me choca vê-la nas páginas de uma revista louvável como Veja (não, Anderson, Veja não tem nada de louvável. Talvez você precise lê-la um pouco mais). Seus leitores merecem mais do que isso e, se aparecerei ou não novamente nas páginas da revista enquanto você estiver por aí, não me preocupa. O que PREOCUPA é que, com tantos jornalistas brilhantes como há no Brasil, foi a você que Veja escolheu para ser “editor de internacional”.

Cordialmente,

Jon Lee Anderson.

Fonte: Blog do Rovai

Jornalista da Folha dá conselhos para o PSDB voltar ao poder

Eliane Cantanhêde, colunista da Folha de São Paulo, resolveu escancarar que é PSDB de carteirinha.

Na coluna "Pensata" da Folha Online, ela dá dicas do que os tucanos devem fazer para reconquistar a Presidência do Brasil em 2010.

Apesar de considerar José Serra, atualmente governador de São Paulo, virtualmente eleito em 2010, Eliane avisa: "é bom desconfiar". "Lula tem a máquina, mais de 60% de popularidade, uma economia que venta a favor e, por fim, tudo o que ele diz "cola". A única chance de os tucanos voltarem ao poder é uma união - de fato, não de foto - entre Serra, Aécio e os novos líderes que emergem no partido. Senão, não", sugere ela.

Eliane também diz qual o discurso que os tucanos (assim como ela) devem encampar: "E a únicas bandeiras que a tucanada de fato tem são os governos de São Paulo e de Minas, bem avaliados pelas pesquisas, e o governo Fernando Henrique Cardoso, com a estabilidade da economia e as bases de muitos dos êxitos do sucessor Lula. Ou a campanha encampa esse discurso solidamente, ou não vai para frente. Senão, não."

Imagine se os conselhos de Eliane pegarem e em 2010 tiver uma chapa Serra-Aécio (não necessariamente nessa mesma ordem)... É capaz dela parir um boi de tanta felicidade.

Leituras de Lygia

"A beleza não está nem na luz da manhã nem na sombra da tarde, está no crepúsculo, nesse meio-tom, nessa ambiguidade."

(Ricardo, personagem do conto "Venha ver o pôr-do-sol" de Lygia Fagundes Telles)

ABC na fita

Falei no jogo do ABC no post abaixo e depois vi essa notícia no site d'O Mais Querido:

Quinta tem ABC no Globo Esporte nacional

Quinta-feira, dia do jogaço entre ABC x Bahia na Fonte Nova, o Globo Esporte nacional vai exibir uma reportagem especial sobre os finalistas da Série C.

A gravação dessa matéria acontecerá amanhã, quarta-feira, feriado municipal em Natal, às 13h, no estádio Frasqueirão.Vamos mostrar a força da Frasqueira!

A reunião já serve de prévia para o clássico-rei que acontecerá à noite, válido pela Copa RN, no estádio municipal João Machado.

Pegando no tranco

Meus caros, ontem o dia foi corrido e não tive tempo de postar nada aqui no blog. Trabalhei até às 2h30 da manhã de hoje.

Tirei a tarde pra descansar e somente agora tô voltando à órbita da Terra.

Só que tô igual a baiano... com uma preguiiiça...

Ops... não é bom nem falar em baiano... vai que atraia coisa ruim... amanhã tem Bahia x ABC na Fonte Nova.

Abraços a todos.

domingo, 18 de novembro de 2007

Delegado é censurado no Programa do Jô

Do Fazendo Média:

"O Programa do Jô, da TV Globo, cortou parte da entrevista concedida pelo delegado de Polícia Civil do RJ Orlando Zaccone. Gravada nesta segunda-feira (12) e exibida ontem [quinta-feira 15], a entrevista do policial sofreu um corte no momento em que ele comentou o filme Tropa de Elite. O trecho simplesmente não foi ao ar. Segundo Zaccone, Jô Soares ficou irritado com o seguinte comentário: "Essa classe média que está batendo palma para o filme não agüenta um tapa de polícia na rua". O apresentador teria respondido algo como "Não concordo. Isso é sua opinião". Zaccone ainda foi polido. Em vez de responder o óbvio, que havia sido convidado justamente para emitir sua opinião, ainda tentou contemporizar, explicando que as palmas a que se referia eram para as cenas de tortura e execuções sumárias.


Quem assistiu à entrevista pôde notar que Zaccone levou Jô na flauta. Ao contrário da maioria dos programas, em que o apresentador costuma aparecer mais que o convidado, o delegado conseguiu oferecer uma boa exposição sobre o conteúdo de seu livro recém-lançado (Acionistas do nada - quem são os traficantes de drogas). Abordou com bastante propriedade a teoria da seletividade da pena e mostrou, através de experiência própria, que a esmagadora maioria dos presos por tráfico não são violentos. Além disso, ainda achou espaço para criticar a mídia: "Recentemente um jornal do Rio de Janeiro publicou uma foto de uma mulher armada, de shortinho e piercing no umbigo. Só que esse estereótipo não condiz com a realidade". Jô ficou meio atordado e o interrompeu: "Mudando de assunto, já que os convidados vêm aqui para falar de sua vida, me fala sobre quando você era Hare Krishna". Zaccone falou alguns segundos e logo deu um jeito de voltar a criticar a criminalização da pobreza. O sujeito estava impossível. Como diz o Yuka [Marcelo Yuka, ex-integrante do grupo O Rapa], o cara consegue, fácil, vender picolé no inverno russo. Além do livro, Zaccone levou um exemplar do jornal "Sol quadrado - também brilha!", editado por mim [Marcelo Salles, do Fazendo Média]. A capa, diagramada com perfeição por Évlen Bispo, foi exposta em close durante generosos segundos. No final do programa até o prefeito de Nova Iguaçu, o petista Lindeberg Farias, telefonou para parabenizar o delegado. Que, apesar da censura, tirou o gordo pra dançar."

Comentário

Vi a entrevista e concordo que o delegado se saiu muito bem. Jô, só pra variar, estava perdido. Ele fica nervosinho quando o entrevistado, mesmo elegantemente, o contraria e não se derrete em elogios.

Hahahahahahaha

Zelda o quê?

Desculpem a onomatopéia do título, mas é que quase morri de rir quando vi o vídeo abaixo. O engomadinho William Wack, apresentador do Jornal da Globo, se "confunde" e chama a repórter Zelda Melo de "Zelda Merda". Hahahahahahahaha...

O que será que Willian tinha na cabeça, hein?

Eu acho, testando hipóteses, que o rapaz tinha dado um tapa na pantera, mas o baseado tava estragado. Hahahahahahahaha...

Fato ou opinião?

A separação entre fato e opinião é uma das premissas básicas do jornalismo. Nos últimos tempos, porém, essa separação deixou de existir na prática. A grande mídia, que desde a eleição do presidente Lula vem atuando sistematicamente como um partido de oposição, derrubou o muro que separava fato e opinião.

A manchete de hoje do portal UOL é um bom exemplo disso: "Cisco usou 'laranjas' para doar R$ 500 mil ao PT".

A manchete da capa da Folha de São Paulo atribui a informação à Polícia Federal: "Cisco usou 'laranjas' para doar R$ 500 mil ao PT, afirma PF".

O verbo "usou", nos dois casos, é empregado como opinião. No primeiro caso, o portal não disfarça a opinião. A Folha ainda tenta suavizar, recorrendo à expressão "afirma PF", mas a opinião vem antes do registro da fonte e mostra o que tem mais importância para o jornal.

A Folha poderia ter dado a manchete de outra maneira: "PF afirma que Cisco usou 'laranjas' para doar R$ 500 mil ao PT". Ao inverter a ordem, o jornal deixou claro sua opção editorial pela opinião em detrimento da notícia.

Na matéria, a Folha diz que o PT recebeu R$ 500 mil em doações das empresas ABC Industrial e a Nacional Distribuidora de Eletrônicos Ltda. Essas empresas, segundo o jornal, seriam “laranjas” da Cisco, multinacional investigada no Brasil por suspeita de ter fraudado a Receita Federal em R$ 1 bilhão.

A conclusão da PF, segundo a Folha, testando hipóteses, é que em troca das doações, o PT teria atuado para que uma empresa ligada à Cisco fosse favorecida em um pregão da Caixa Econômica Federal.

A fonte das acusações não é revelada. O jornal limita-se a dizer que são dois executivos da Cisco.

O jornal parte da premissa, antes do fim da investigação da PF, que a Cisco realmente usou empresas laranjas para doar dinheiro ao PT e que o partido favoreceu mesmo a Cisco na CEF. A defesa do PT é publicada apenas como mera formalidade jornalística - mesmo assim, em espaço muito menor que o dedicado à acusação.

Como diz a filósofa e professora da USP Marilena Chauí, acusações são publicadas em machetes garrafais e depois são desmentidas em cantos de página.