sexta-feira, 23 de novembro de 2007

"Expurgo"

A senha da oposição e da mídia conservadora contra o governo agora é "expurgo".

A palavra vem sendo usada para manipular a opinião pública e fazê-la crer que o Governo Federal promove uma caça às bruxas no IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Na semana passada, a direção do órgão, presidido pelo professor Márcio Pochmann, decidiu afastar quatro pesquisadores - Fabio Giambiagi, Otávio Tourinho, Gervásio Rezende e Regis Bonelli.

Em entrevista a Paulo Henrique Amorim, Márcio Pochmann disse que os pesquisadores Fábio Giambiagi e Otávio Tourinho são servidores do BNDES e trabalhavam no Ipea por meio de um convênio que acaba no início do próximo mês. Já os pesquisadores Gervásio Castro de Rezende e Régis Bonelli são aposentados e foram convidados a sair em função de irregularidades em seus contratos.

Giambiagi e Tourinho têm até o dia 7 de dezembro para entregar um relatório da pesquisa sobre o papel do BNDES no desenvolvimento do Brasil. Esse trabalho foi o motivo do convênio entre o Ipea e o BNDES.

A notícia de que os contratos de Gimabiagi e Tourinho não serão renovados causou polêmica porque os dois economistas são críticos da política econômica de Lula. "Demos" e tucanos (olha a turma do bloco do eu sozinho aí gente...) disseram que o governo estava querendo "amordaçar" o órgão, estabelecendo assim o "pensamento único" e desrespeitando a "independência e autonomia" do instituto.

A cobertura da mídia vai na mesma toada. Os (de)formadores de opinião de plantão - vide Míriam Leitão - repercutem o discurso da oposição e fazem uma cobertura enviesada dos fatos.

Eles só não dizem que Giambiagi, apesar de ter sido contratado pelo Ipea para investigar o papel do BNDES no desenvolvimento do Brasil, nos últimos tempos tem ocupado espaço na mídia para defender principalmente uma reforma da Previdência Social, nos moldes de países como o Chile, onde foi privatizada.

Como observa Paulo Henrique Amorim, "Fabio Giambiagi pode pensar o que quiser e escrever o que quiser. Mas, não pode usar o logotipo do IPEA ou do BNDES (do qual é funcionário) para falar mal do Governo."

A cientista política e menina do Jô, Lúcia Hipólito, é outra que adotou o discurso do "expurgo". Confira o que saiu numa matéria d'O Globo, ontem (22):

Apesar das mudanças no Ipea terem vindo à tona após a posse de Márcio Pochmann, a cientista política Lúcia Hipóllito acredita que “a tentativa de domesticar a opinião” vem desde a gestão de Glauco Arbix. Ele foi o primeiro economista a assumir à presidência do Ipea no primeiro mandato do presidente Lula”.

Em seu blog no IG, Luis Nassif revela que quem indicou os dirigentes (agora depostos) do IPEA-RJ foi o próprio Glauco Arbix. O grupo de Conjuntura, formado em torno de Paulo Levy, foi indicação de Arbix. Para Nassif, isso revela que esse discurso de “doutrinação” e “tentativa de domesticar a opinião pública” é papo furado.

"Veja o paradoxo. Para Lúcia, o grupo anterior visava 'domesticar a opinião pública'. Agora, o afastamento desse grupo visa também 'domesticar a opinião pública' ", comenta Nassif.

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