domingo, 18 de novembro de 2007

Delegado é censurado no Programa do Jô

Do Fazendo Média:

"O Programa do Jô, da TV Globo, cortou parte da entrevista concedida pelo delegado de Polícia Civil do RJ Orlando Zaccone. Gravada nesta segunda-feira (12) e exibida ontem [quinta-feira 15], a entrevista do policial sofreu um corte no momento em que ele comentou o filme Tropa de Elite. O trecho simplesmente não foi ao ar. Segundo Zaccone, Jô Soares ficou irritado com o seguinte comentário: "Essa classe média que está batendo palma para o filme não agüenta um tapa de polícia na rua". O apresentador teria respondido algo como "Não concordo. Isso é sua opinião". Zaccone ainda foi polido. Em vez de responder o óbvio, que havia sido convidado justamente para emitir sua opinião, ainda tentou contemporizar, explicando que as palmas a que se referia eram para as cenas de tortura e execuções sumárias.


Quem assistiu à entrevista pôde notar que Zaccone levou Jô na flauta. Ao contrário da maioria dos programas, em que o apresentador costuma aparecer mais que o convidado, o delegado conseguiu oferecer uma boa exposição sobre o conteúdo de seu livro recém-lançado (Acionistas do nada - quem são os traficantes de drogas). Abordou com bastante propriedade a teoria da seletividade da pena e mostrou, através de experiência própria, que a esmagadora maioria dos presos por tráfico não são violentos. Além disso, ainda achou espaço para criticar a mídia: "Recentemente um jornal do Rio de Janeiro publicou uma foto de uma mulher armada, de shortinho e piercing no umbigo. Só que esse estereótipo não condiz com a realidade". Jô ficou meio atordado e o interrompeu: "Mudando de assunto, já que os convidados vêm aqui para falar de sua vida, me fala sobre quando você era Hare Krishna". Zaccone falou alguns segundos e logo deu um jeito de voltar a criticar a criminalização da pobreza. O sujeito estava impossível. Como diz o Yuka [Marcelo Yuka, ex-integrante do grupo O Rapa], o cara consegue, fácil, vender picolé no inverno russo. Além do livro, Zaccone levou um exemplar do jornal "Sol quadrado - também brilha!", editado por mim [Marcelo Salles, do Fazendo Média]. A capa, diagramada com perfeição por Évlen Bispo, foi exposta em close durante generosos segundos. No final do programa até o prefeito de Nova Iguaçu, o petista Lindeberg Farias, telefonou para parabenizar o delegado. Que, apesar da censura, tirou o gordo pra dançar."

Comentário

Vi a entrevista e concordo que o delegado se saiu muito bem. Jô, só pra variar, estava perdido. Ele fica nervosinho quando o entrevistado, mesmo elegantemente, o contraria e não se derrete em elogios.

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