Na quinta-feira passada (22), a Polícia Federal realizou a Operação Jaleco Branco em Salvador e mandou a elite baiana para a cadeia.
A Operação Jaleco Branco teve como saldo a apreensão de 18 veículos e a prisão do presidente do TCE (Tribunal de Contas do Estado) da Bahia, Antônio Honorato de Castro, além de outros 15 acusados de fraudes em licitações públicas no Estado.
A rede de corrupção que atinge parte da elite baiana começou a ser desvendada em julho, após a Operação Navalha da PF, quando o Ministério Público da Bahia requisitou todos os contratos que envolviam as empresas investigadas pela Operação Octopus da PF.
A Operação Octopus deu origem à Navalha. A primeira se dedicou a investigar os políticos da Bahia, onde fica a sede da Construtora Gautama, do empreiteiro Zuleido Veras, que, segundo a PF, estava no topo do esquema que fraudava licitações de obras públicas em nove Estados e no Distrito Federal.
A devassa nos contratos das empresas baianas foi fruto do trabalho da Auditoria Geral do Estado (AGE), sob a coordenação da Casa Civil do governador Jaques Wagner (PT). De acordo com a "Terra Magazine", a investigação da AGE abrangeu os contratos vigentes em 2007. Esse relatório foi entregue ao MP da Bahia.
Segundo Bob Fernandes e Claudio Leal da "Terra Magazine", o material da Operação Jaleco que está em poder do Ministério Público "é uma nítida tomografia do sistema de poder montado pelo ex-senador Antonio Carlos Magalhães e ancorado em um seleto grupo de empresários e famílias que há quase duas décadas detêm poder político e econômico na Bahia."
De acordo com a Folha Online, em 10 anos, a quadrilha teria provocado um prejuízo de R$ 625 milhões aos cofres públicos, segundo cálculos da polícia.
O relatório tem 42 páginas e lista os nomes da "fina-flor dos endinheirados baianos", nas palavras de Bob Fernandes e Claudio Leal.
Entre os principais presos, estão: Marcelo Guimarães, ex-presidente do Esporte Clube Bahia e ex-deputado estadual; Antonio Honorato, presidente do Tribunal de Contas do Estado e ex-presidente da Assembléia Legislativa da Bahia; o servidor Hélcio de Andrade Júnior, os empresários Clemilton Andrade, Eujácio Andrade, Afrânio Mattos e Jairo Barão. A procuradora-geral da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Ana Guiomar, também foi presa.
Dono de empresas de segurança e influente nas administrações do falecido ACM, Marcelo Guimarães freqüenta as colunas sociais e os melhores salões baianos.
"Terra Magazine" também revela a lista de empresas investigadas na operação: Postdata Bahia Informática Ltda., Organização Bahia Serviços de Limpeza e Locação de Mão de Obra, Seviba (Segurança e Vigilância da Bahia Ltda.), Higiene Administração e Serviços Ltda., Organização Auxílio Fraterno, Ascop Vigilância e Segurança Patrimonial, Macrosel Serviços de Limpeza e Gestão Empresarial, Yumatã Empreendimentos e Serviços e Manutenção Ltda., Masp Locação de Mão-de-Obra Ltda. e Protector Segurança Ltda.
Foram investigadas 21 empresas, que, entre 1997 e junho de 2007, receberam do governo baiano cerca de R$ 1.380 bilhões. Mas as nomeadas na lista acima receberam mais atenção da comissão de auditores, porque foram essas empresas que ficaram com quase 74% do faturamento total, o que corresponde a mais de R$ 1 bilhão, enquanto as outras quatorze empresas ficaram com apenas 26% - pouco mais de R$ 363 milhões.
O relatório do Ministério Público anota que "a maior parte das empresas prestadoras de serviços analisadas iniciou suas atividades ou teve sua propriedade transferida para os grupos societários atuais no começo da década de 90, o que corresponde ao reinício das administrações carlistas".
Em 1990, ACM venceu a eleição para governador. Fez seus sucessores no cargo nas duas eleições seguintes: Paulo Souto e César Borges. Na prática, ACM era quem continuava mandando na Bahia. A hegemonia só foi quebrada em 2006, com a vitória de Jaques Wagner.
Impossível imaginar uma investigação como essa Operação Jaleco Branco nos tempos de ACM na Bahia.
Em Tempo
A "ditadura" de ACM não fez muito bem à Bahia. Os novos ventos, que chegaram com a alternância de poder, conquistada com a vitória de Jaques Wagner, está revelando ao Brasil que havia algo de muito podre no reinado carlista.
Leio nos jornais que os "demos" da Bahia querem voltar ao poder, começando pela Prefeitura de Salvador. O partido já indicou o ACM Neto como seu candidato para 2008. É ele mesmo, o galinho de briga que chamou Hugo Chávez de ditador e disse que na Venezuela não existe democracia porque não há alternância de poder.
É como diz o ditado popular, pimenta nos olhos dos outros é refresco.
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