Desenho nada animador
De Marcos Linhares para o Blog do Noblat:
"Nunca fui afeito aos tais pré conceitos. Contudo, costumo questionar as iniciativas que mais confundem que constroem, e se envolverem meios de comunicação de massa, nem se fala. Nossa responsabilidade como profissionais da informação é imensa e deve ser muito pensada antes de atingir em cheio o desavisado cidadão que por acaso ouse ler um impresso ou um sítio de notícias, ouvir um programa de rádio ou ainda atrever-se a ligar seu aparelho televisor.
Segundo matéria da Reuters assinada por Michelle Green, em 2003, e depois comentários de Ivan Lessa, no site da BBC Brasil, a BBC colocou no ar, em sua nova emissora de tv digital, o BBC3, uma série de desenhos animados que recebeu o nome de Monkey Dust. Num dos desenhos, há um personagem pedófilo, que se passa, pela internet, por um garoto de 13 anos, cujo nome é Benji. Ele fica grande parte do tempo conversando com uma garotinha de nome Charlotte...
Em outro desenho, somos remetidos à dureza da relação entre pai e filho, no caso os personagens Daddy and Timmy. Onde matar-se acaba sendo a única saída que o pobre pai consegue encontrar para lidar com o comportamento do filho. Ele suicida-se das mais diferentes formas...
A tv inglesa até que tentou dar uma explicação, afirmando que pretendeu tão somente lançar um olhar, envolto em ironia e acidez, "sombriamente satírico" sobre a vida real. Pois é. Nós bem que precisamos realmente de tal criação. Pedófilos invadindo o imaginário do público alvo do desenho, os chamados adultos jovens.
Não é a toa que não param de aparecer nos quatro cantos do planeta casos de médicos, religiosos e professores (para não falar em outras áreas) envolvidos em casos de perversão infantil, ou seja, com os estímulos da vida moderna, envolta em estresse e super exposição a imagens, símbolos e textos permeando o cada vez mais descontrolado e confuso universo sexual moderno.
Não há mais modelos. Vende-se a permissão , a permissividade em um mundo que usa e abusa de tendências via meios de comunicação. Que saudades do tal compromisso com princípios como ética e entretenimento de qualidade. A BBC surpreende por ousar romper padrões educacionais que ela mesma preconizou. A tv pública feita para servir e inquietar, mobilizar e entreter, manuseando o conceito de público, como quem levanta a bandeira do estatal de todos nós.
Do jeito que a vida segue no vídeo, em breve o tal desenho desembarcará em praias televisivas tupiniquins (se isso já não tiver acontecido). Que o alerta não sirva de censura, mas de alerta.
Alerta de todas as cores para todas as cores. A venda e construção simbólica e semiótica do proibido, do voyeurismo que passa do olhar para o consumar o ato, em crianças e adolescentes que podem ser estimulados a aceitar o pacto da ruptura do ser para o estar, parte de um processo de insurreição sexual sem limites.
Que me perdoe a BBC, mas como comunicador não pretendo me calar. O silêncio remete ao consentimento e em plano maior, ao apoio velado. Que se faça humor, pois dele o mundo agoniza.
Sem humor a vida perde o brilho e a graça. Mas que se brinque com cuidado, pois há elementos que podem macular um mundo sem direção e com comunicação errando o alvo. Informar e entreter pode ser feito sem deformar e perverter. Que venham desenhos bem mais animadores que esse!"
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