O filme só estréia nos cinemas em outubro, mas já é vendido nos camelôs de todo o Brasil - inclusive aqui em Natal.
Segunda-feira (03/09) a cópia pirata do dvd era vendida no calçadão do antigo Cine Rio Branco por R$ 4,00.
Confesso: eu comprei!
O filme do diretor José Padilha - o mesmo do documentário "ônibus 174" - é baseado no livro "Elite da Tropa" e mostra um retrato do BOPE (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar) do Rio de Janeiro. O filme enfoca a corrupção na Polícia Militar e o uso extremo da violência cometida pelos integrantes do BOPE. Há seqüências de tortura mostrando os policiais sufocando integrantes do tráfico de drogas com sacos plásticos.
O livro que serviu de base para a película foi escrito por André Batista (ex-integrante do Bope) em parceria com o sociólogo e ex-secretário nacional de Segurança Pública Luiz Eduardo Soares e pelo capitão reformado da PM Rodrigo Pimentel.
Ao retratar o combate ao tráfico de drogas e o dia-a-dia da profissão policial do ponto de vista dos policiais, o filme revela um Sistema-Estado repressor e corrompido, que legitima e estimula o uso da violência. Não é sem propósito a referência à obra "Vigiar e Punir" de Michel Focault.
Tem uma frase do Capitão Nascimento, vivido pelo ator Wagner Moura, que eu achei interessante: "Eu queria saber quantas crianças ainda vão morrer só pra um que playboy possa rolar um baseado".
A equipe do Bope havia subido o morro e encontrado um grupo de jovens fumando maconha e cheirando pó. Eram estudantes que moravam fora da favela. Os neguinhos do morro também estavam por lá. O Bope chegou atirando e matou um deles. O Capitão Nascimento arrastou um dos playbos até o corpo e fez ele olhar bem de perto o buraco da bala no peito do cara morto. O Capitão pergunta ao garoto quem tinha matado aquele cara. O playboy, apavorado e chorando, disse que tinha sido um dos homens do Bope. E o Capitão Nascimento reage: "Foi você, seu playboy de merda... Você matou ele... A gente sobe aqui pra desfazer as merdas que vocês fazem!".
O filme percorre extremos interessantes, porque ao mesmo tempo em mostra a corrupção nos aparelhos estatais de segurança e condena a banalização da violência dos policiais, mostra também uma sociedade perdida em seus valores, que faz passeata pela paz quando morre alguém da classe média, mas que não está nem aí quando morre alguém no morro. Os filhos da classe média que reclamam da violência, mas fumam um back e dão uma tecada no pó tranquilamente, como se não fizessem parte da cadeia que alimenta o tráfico de drogas e desencadeia a violência urbana.
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