sábado, 28 de abril de 2007

Colunista de 'No Mínimo' fala sobre tipos de messianismos

Por Guilherme Fiuza - No Mínimo:

"Por que o presidente se expôs dessa forma, bancando essa piada de mau gosto que é a criação de uma Secretaria de Ações de Longo Prazo, com status de ministério, entregue ao folclórico Roberto Mangabeira Unger?

Ao longo do primeiro mandato, dizia-se muito que um dos ministros a dar mais solidez política ao governo, na opinião de Lula, era Ciro Gomes. (Para se ver como esse governo é realmente um milagre). O ministério do Longo Prazo seria então uma forma de manter Ciro por perto, quem sabe como um nome para sucedê-lo em 2010.

Pode ser. Mas Mangabeira Unger, o luminar da cátedra internacional, é hoje um aliado do baixo clero evangélico no PRB, partido de José Alencar e Marcelo Crivella, o senador sobrinho do Bispo Macedo. É interessante notar que o messianismo – acadêmico, político ou religioso – sempre converge. É o milagre da igreja universal de Harvard.

Talvez essa “nova” força política brasileira também não justificasse a manobra desse ministério de anedota. Mas é preciso não esquecer que o núcleo mais ou menos duro do Projeto Lula acredita em guerrilha de comunicação, à la dicotomia chavista, no estilo “nós contra eles” (Delúbio já alertava para a conspiração da direita contra o governo popular). Nesse caso, os irmãos do PRB podem significar uma aliança divina com seus tentáculos de fé, rádio e TV.

O mistério permanece. De concreto, sabe-se que o novo ministro do Longo Prazo vai mandar no Ipea – centro de excelência que Dirceu e companhia há muito estão querendo enquadrar ideologicamente.

É tudo realmente muito estranho. Mas sempre há a esperança de que o governo crie o ministério do Curto Prazo e comece a trabalhar."

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