O bonapartismo de araque e a lei da selva
Por Alberto Dines no Observatório da Imprensa:
O Observatório da Imprensa não é um tribunal, é um fórum, e este observador não se considera juiz nem emite sentenças. Opina em um site pluralista que funciona ininterruptamente há 12 anos.
Ao longo destes anos, é fácil constatar que este observador considera o jornalismo dito "engajado" – à direita ou à esquerda – como mau jornalismo, porque contraria todos os compromissos da imprensa com a sociedade: confunde a busca da verdade com um bonapartismo de araque e troca o esclarecimento pelo justiçamento sumário. O idealismo inerente à "última profissão romântica" não pode conviver com o paredón e o linchamento.
Quando o engajamento jornalístico manifesta-se em cruzadas contra ou a favor de interesses comerciais, corre o risco de ser avaliado como jogada comercial. Neste caso, a discussão deixa a esfera da qualidade profissional para ingressar inevitavelmente no campo moral.
Quando o UOL "demitiu" este Observatório da Imprensa do seu portal no ano 2000, respondia à acusação de que a grande mídia antecipava-se à emenda constitucional que permitiria a participação do capital estrangeiro em empresas de comunicação.
Para ilustrar a denúncia, foi citado o caso da Folha, que abriu o capital da sua subsidiária gráfica para um parceiro americano antes da legalização deste tipo de associação. Como o contrato com o UOL venceria proximamente, o Observatório foi avisado de que o compromisso não seria renovado. Houve tempo, portanto, para que fosse escolhido outro provedor. O aviso prévio não é apenas uma conquista trabalhista, é uma norma comercial capaz de impedir a universalização da lei da selva.
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