José Luiz Datena, maior ícone dos programas policiais na televisão brasileira, disse à Folha de São Paulo que não agüenta mais fazer esse tipo de programa.
Datena apresenta o "Brasil Urgente" na Bandeirantes e faz o perfil do típico "justiçeiro demagogo", gritando bordões, palavras de ordem, vociferando contra criminosos e exigindo punição.
Datena "inovou" e pôs um varal no cenário do seu programa. No varal, há camisetas penduradas com frases de "indignação". Há desde o clamor por justiça a pedidos de "Fora Lula".
Datena disse à Folha que foi convidado por Sílvio Santos para apresentar o "novo" 'Aqui Agora', que o SBT volta a exibir a partir de hoje à noite, mas recusou o convite.
"Quando o Silvio Santos me chamou na casa dele em novembro para fazer o 'Aqui Agora', disse que para fazer a mesma coisa que faço na Band, fico aqui", revelou.
Datena se defendeu das acusações de que traz o "mundo-cão" para dentro da casa das pessoas. "O mundo cão é o que todos vivemos, um Brasil de desigualdades. Não sou responsável por esse tipo de programa nem pela violência", desabafou.
Datena quer dar uma de Pilatos e lavar as mãos, fugindo das suas responsabilidades. É óbvio que ele não é "responsável" pela violência, no sentido de que não é autor da violência, não a pratica.
Mas é claro que ele tem responsabilidade em relação ao programa que apresenta. Programa esse que sobrevive da exacerbação e da banalização da violência. Mais ainda. Programa que sobrevive da espetacularização da violência.
Datena, embora não admita, incita a violência, pois se comporta como legítimo representante da indignação do povo e estimula a prática da "justiça do grito".
É bom mesmo que ele diga que cansou de fazer esse tipo de programa e sua apologia à violência. Pode ser que essa "confissão" sirva para convencer o público desse formato d eprograma que a "indignação" gritada no ar não passa de bravata.
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