quarta-feira, 5 de março de 2008

Uribe, 'O Beligerante'

No sábado passado (dia 1º), o exército colombiano invadiu o território do Equador e bombardeou um acampamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), assassinando o comandante Raul Reyes, o principal interlocutor da guerrilha para as negociações humanitárias de libertação de reféns mantidos pelas Farc.

A operação foi ordenada pelo presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, que contou com a ajuda de satélites norte-americanos para localizar o grupo das Farc no território equatoriano.

O Equador protestou contra o ataque à sua soberania e foi prontamente apoiado pela Venezuela do presidente Hugo Chávez.

Equador e Venezuela mandaram fechar suas embaixadas na Colômbia e cortaram relações com o país de Álvaro Uribe.

Brasil, Argentina, Chile e França condenaram a invasão colombiana ao Equador.

Os Estados Unidos, obviamente, apoiaram a ação do Exército colombiano. O detalhe é que a Colômbia é o país que mais recebe ajuda militar dos americanos - US$ 290 milhões em 1999.

Em entrevista ao "Terra Magazine", Juan Carlos Lecompte, marido de Ingrid Betancourt, ex-candidata à presidência da Colômbia e seqüestrada pelas Farc desde fevereiro de 2002, disse que não compartilha "política beligerante do presidente Álvaro Uribe".

Lecompte comparou a Colômbia de hoje com a Alemanha nazista por conta da "adoração" do povo ao presidente Uribe. "A Colômbia se encontra em uma etapa de adoração quase religiosa do presidente", disse.

Confira a entrevista completa a seguir:

Terra Magazine - Quais são as últimas notícias que o senhor teve de sua esposa?

Juan Carlos Lecompte - O que contou Luís Eladio Pérez, um dos seqüestrados liberados na semana passada, com quem tive a oportunidade de conversar na segunda-feira, é que a situação para Ingrid é desesperadora, tem que fugir do Exército e a guerrilha trata pior a Ingrid pois ela não se vendeu à guerrilha. Não permite nenhum tipo de aproximação como fizeram outros seqüestrados. Sua posição vertical lhe causou muitos castigos e humilhações. Ingrid tentou escapar várias vezes. Em julho de 2005, Luís Eladio me contou que eles tentaram escapar juntos, durante cinco dias, até que acabou a comida. Ingrid queria continuar, mas ele me confessou que não tinha mais forças. Ele é diabético e não podia mais. Ingrid, ela sim, queria, mas compreendeu que se continuassem, ele poderia perder a vida. Decidiram entregar-se e quando se entregaram, a guerrilha os acorrentou... Sei que tratam muito mal a Ingrid, seu estado físico não lhe permite permanecer muito mais tempo lá. Se não a resgatarem o quanto antes, ela pode morrer.

O que significa a morte de Raúl Reyes para a possível liberação de Ingrid Betancourt e dos outros reféns?

A guerrilha mandou um comunicado há dois dias dizendo que eles não iriam agir em represália contra os seqüestrados, que continuavam em busca de um acordo humanitário, um acordo pelo qual nós temos lutado há mais de cinco anos. Tomara que a morte de Raúl Reyes não seja um obstáculo para a liberação. O presidente do Equador disse que eles tinham contatos com Reyes para libertar Ingrid e outros seqüestrados, assim como a França.

O senhor estava a par das incitativas equatorianas?

Não tinha certeza, mas havia ouvido vários países estavam nos ajudando e que o Equador era um deles. Acho muito bom que eles, como a França, estejam nesse trabalho humanitário, coisa que agradeço muito aos presidentes Correa e Chávez. Chávez é o que mostrou resultados concretos, com a liberação de seis reféns em dois meses. A França também sempre esteve conosco. Na época de Chirac, a França mandou umas 16 ou 17 missões secretas, entraram em contato com Raúl Reyes por diversas vezes, mas infelizmente não conseguiram destravar o problema. Agora, Sarkozy veio com mais força, com maior compromisso, e esperamos que com a ajuda de outros países possamos ir adiante.

Há pessoas no governo colombiano que inspirem confiança neste assunto?

Não, não temos nenhum apoio, nenhum tipo de solidariedade. É um comportamento desumano. Eles preferem a guerra, o resgate por via militar, sabendo que isso equivale a uma condenação à morte para os seqüestrados. Na selva é impossível aplicar o fator surpresa. A guerrilha controla a selva, tem informantes em pequenas aldeias. Tem anéis de segurança, campos minados, se sabem que o Exército está a caminho tem ordem de matar sem misericórdia os seqüestrados, como já o fizeram. E quando o Exército chega, encontra somente os cadáveres. Tomara que não passe na cabeça do governo colombiano fazer uma loucura dessas.

8 comentários:

Anônimo disse...

Há duas maneiras de se solucionar a questao das FARC na Colômbia: ou se divide o território em dois, criando-se paises distintos, sendo um deles administrado pelas FARC; ou se elimina a guerrilha via ataque militar.
Obviamente que o Sr. Lecompte é contra uma investida militar, visto que colocaria a vida de sua esposa em risco. Infelizmente, guerra é guerra, e morte é condição sine qua non.
Penso eu, que se fosse o presidente do Brasil, e aqui ocorresse uma guerrilha financiada por sequestro e narcotrafico, que ocupa 40% do território, a primeira coisa que faria seria uma investida militar pesada, a fim de eliminar a guerrilha de vez. Os EUA e a Europa classificam as FARC como grupo terrorista. Não vejo outra maneira de se ver um grupo que já sequestrou 10.000 pessoas.
Falo isso sem qualquer comprometimento ideologico. Sou da opinião que a ideologia só serve para dividir as pessoas, não para uni-las. Boa administração se faz pautada em tomadas de decisões lógicas, buscando-se o máxima eficiência de cada centavo público gasto, levando-se em conta a relação custo-benefício, conveniência e oportunidade, independentemente de ideologia.
Como falou algum estadista, pior que uma guerra é uma nação dividida.

Anônimo disse...

Claro que o Lecompte está tentando manter a Sra. Ingrid viva. Essa, quando se enfiou na selva fazendo campanha, estava sabendo de sobra dos riscos imensos de ser sequestrada e infelizmente se for vitimada num ataque aéreo é realmente um caso de "colateral damage". Se fosse parente nosso não pensaríamos assim, mas é "só" uma pessoa pública metida numa zona de guerra por vontade própria, não se parece em nada com as vítimas de Bagdá, Jerusalém ou Gaza que são realmente inocentes.
Apesar do Uribe estar em campanha pela 3a reeleição (tomara que a moda não pegue) assim como o Bufão-Coronel da Venezuela também tentou, ele de uma forma ou de outra conseguiu tornar a Colômbia num país, não num Rio de Janeiro piorado como era quando ele assumiu.

Anônimo disse...

Na minha opinião as Farc deveriam ser avisadas que se não se renderem seriam atacadas e dizimadas. Dando assim uma chance de tudo acabar sem derramamento de sangue, se eles não aceitarem, devem ser atacados pois não são e não podem ser tratados como pessoas do bem. Terroristas devem ser tratados como terroristas.

Anônimo disse...

Ridiculo, se a Ingrid Betancourt esta presa é culpa das FARC, e talvez sua também por estar apoiando as FARC(Lacompte). O governo colombiando busca acabar com o grupo TERRORISTA E NARCOTRAFICANTE DAS FARC, que apenas prejudicam o pais, e se voce comparar venezuela e equador com economicamente com a colombia, pode ver claramente como a Colombia esta melhor, mesmo sem ter petroleo e tendo um grupo terrorista narcotraficante dentro do pais, devido a governos competentes e não péssimos governos FINANCIADORES E FINANCIADOS POR TERRORISTAS e NARCOTRAFICANTES, é só ver como está a venezuela pós-chavez e como deve ficar equador com correa.

Anônimo disse...

AS FARC DEVERIA MATAR OS REFÉNS.
NÃO DEIXAR NENHUM DESTE CAPITALISTAS VIVOS!
VIVA LAS FARCS!!!
MORTES AOS YANKES E SEU CACHORROS COLOMBIANOS!!!!

Anônimo disse...

Opiniões como essa, que defende a execução dos reféns fazem a gente torcer não só pela eliminação total das FARC, mas quem sabe até de seus apoiadores, como o Chávez.

Anônimo disse...

Impressionante que hajam pessoas ainda a defender o crime. A FARC nada tem de diferente do PCC, somente se esconde sob a alcunha de facção ideológica... mas que ideologia é essa que se apoia na ideologia da COCAÍNA?

É absolutamente esperado que um país que tenha passado por um longo período de desmando tenha alguma idolatria por um presidente que traga ordem ao país.

Desse modo, falar de morte pelas mãos de criminosos é apologia ao crime... figura típica no nosso Código Penal, abra o olho "anônimo" seu IP fica registrado...

Anônimo disse...

O governo Lula se calou quando tropas venezuelanas invadiram a Guiana, há quatro meses. Hugo Chávez quer petróleo e minérios por lá.
E daí caras-pálidas e caras-afrodescentes???
diante dessa pequena invasãozinha venezuelana, que tem pretensões expansionistas (imperialistas!!! portanto) qual a posição do Celso, do Lula, do Marco "top-top" Aurélio?
por que não produziram veementes condenações?