A Folha de S. Paulo divulgou hoje a pesquisa Datafolha que mostra o crescimento do apoio dos brasileiros à pena de morte. O índice atingiu os 55%.
Há duas semanas, conforme noticiado aqui no blog ("Show de Violências" - 26/03), o mesmo Datafolha havia atestado o aumento da "percepção" da violência pela população, principal problema brasileiro na opinião de 31% da população.
A matéria da Folha credita o aumento da "mobilização popular e a repercussão na mídia do tema insegurança pública" ao assassinato do menino João Hélio Fernandes, em fevereiro.
Reafirmo o que escrevi quando da divulgação da primeira pesquisa Datafolha. Esses números sobre a violência e a pena de morte coincidem com a hiperexposição do assunto na mídia.
Mas não é só isso. Esse alarmismo midiático em torno da violência, alimentando na população o desejo daquilo que Fernando de Barros e Silva, em artigo na Folha, chamou de "justiça justiceira", só ocorre porque o menino João Hélio Fernandes era branco e filho de uma família de classe média.
Crianças, adolescentes e jovens morrem todos os dias nas periferias das grandes cidades brasileiras. Mas essa verdadeira tragédia é quase ignorada, porque essas crianças, adolescentes e jovens morrem nos morros, são pobres e têm a cor da exclusão. Nas palavras de Gilberto Dimenstein, são "seres humanos quase invisíveis". Essas mortes não aparecem no Jornal Nacional nem causam comoção às pessoas.
Não mudo de opinião. A paz real será impossível enquanto não se mudar essa estrutura cruel e excludente da nossa sociedade, enquanto pensarmos nela [a paz] apenas como fruto do poder coercitivo do Estado e enquanto continuarmos relegando tantos brasileiros ao esquecimento.
Há duas semanas, conforme noticiado aqui no blog ("Show de Violências" - 26/03), o mesmo Datafolha havia atestado o aumento da "percepção" da violência pela população, principal problema brasileiro na opinião de 31% da população.
A matéria da Folha credita o aumento da "mobilização popular e a repercussão na mídia do tema insegurança pública" ao assassinato do menino João Hélio Fernandes, em fevereiro.
Reafirmo o que escrevi quando da divulgação da primeira pesquisa Datafolha. Esses números sobre a violência e a pena de morte coincidem com a hiperexposição do assunto na mídia.
Mas não é só isso. Esse alarmismo midiático em torno da violência, alimentando na população o desejo daquilo que Fernando de Barros e Silva, em artigo na Folha, chamou de "justiça justiceira", só ocorre porque o menino João Hélio Fernandes era branco e filho de uma família de classe média.
Crianças, adolescentes e jovens morrem todos os dias nas periferias das grandes cidades brasileiras. Mas essa verdadeira tragédia é quase ignorada, porque essas crianças, adolescentes e jovens morrem nos morros, são pobres e têm a cor da exclusão. Nas palavras de Gilberto Dimenstein, são "seres humanos quase invisíveis". Essas mortes não aparecem no Jornal Nacional nem causam comoção às pessoas.
Não mudo de opinião. A paz real será impossível enquanto não se mudar essa estrutura cruel e excludente da nossa sociedade, enquanto pensarmos nela [a paz] apenas como fruto do poder coercitivo do Estado e enquanto continuarmos relegando tantos brasileiros ao esquecimento.
Um comentário:
Grande Alisson! Tenho concordar com suas palavras. Sei que meus comentários são bens mais interessessantes quando tranzem um "que" de crítica, mas dessa vez, você mandou muito bem!
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