Saiu o novo capítulo do "Dossiê Veja", produzido pelo jornalista Luis Nassif.
Faz algum tempo que não comento sobre a série do Nassif sobre a Veja. Acho que parei em "O falso dossiê". Depois dele vieram "O bookmark de Mainardi", "Lula, meu álibi", "Os mais vendidos", "A Imprensa e o Estilo Dantas", "O método jornalístico de Veja" e, agora, "A cara da Veja".
É melhor vocês irem ao Blog do Nassif no IG para lerem os capítulos atrasados.
Neste mais recente capítulo, Nassif comenta o papel de Reinaldo Azevedo na revista, "incumbido dos ataques aos adversários e dos elogios aos amigos e à empresa".
Nassif faz acusações pesadas contra Azevedo, que, para ele, "representa uma espécie de caricatura, a parte mais ostensiva do processo de degradação editorial da revista [Veja]".
O autor do "Dossiê Veja" também ironiza a nova campanha publicitária da revista, cujo slogan é: "Veja, indispensável para o país que queremos ser".
"Uma revista é o que ela publica, não o que a publicidade imagina", arremata Nassif.
Para ilustrar a contradição entre o que a revista afirma ser na propaganda e o que ela publica de verdade, Nassif transcreveu trechos de postagens do blog de Reinaldo Azevedo, no site da Veja, além de comentários de supostos leitores, que demonstram o estilo "boca suja" e agressivo do dito cujo, que faz escola entre a sua audiência.
Num dos trechos, Azevedo escreve um comentário preconceituoso contra o senador democrata Barack Obama:
"Bem, meus caros, como vocês sabem, escreve alguém que não caiu na chamada “Obamamania”. Deixei a exaltação do “corpo moreno, cheiroso e gostoso, da cor do pecado” de Obama para Marcelo Coelho e para a desinibida Amber Lee. Acho Obama um picareta de estilo terceiro-mundista que irrompe na política americana. Mas, até aí, convenham, é questão de gosto.
(...) Que diabo se passa com o Partido Democrata americano, que tem como favoritos uma mulher e um negro com sobrenome islâmico e nenhum homem branco paraenfrentá-los? (...) Para bom entendedor: tomo o par “homem branco” como apelo simbólico à tradição e à conservação de um modelo que, inegavelmente, deu certo e fez a maior, mais importante e mais rica democracia do mundo, que venceu, por exemplo, o embate civilizatório com o comunismo."
Em seguida, como se a zombar da farsa, Nassif remete ao slogan da revista: "Veja, indispensável para o país que queremos ser".
Leia abaixo a íntegra do capítulo:
A cara da Veja, para todos os leitores que freqüentam o portal da revista, é o Blog de Reinaldo Azevedo.
Assista à campanha institucional da revista. Analise as imagens, mostrando os problemas nacionais, a miséria, as criancinhas, a violência. E confira, na prática, “qual o pais” que Veja quer ser.
Uma revista é o que ela publica, não o que a publicidade imagina.
Azevedo foi um jornalista apagado até os 40 anos de idade. Depois, entrou para a revista “Primeira Leitura”, que cerrou as portas quando foi denunciado o esquema de patrocínios políticos que a mantinha.
Foi, então, contratado por Mario Sabino para se tornar o blogueiro da Veja, incumbido dos ataques aos adversários e dos elogios aos amigos e à empresa. Pratica ambos com notável desenvoltura.
Dedica a Sabino temor reverencial. Quando não recebe ordens diretas da direção, procura se antecipar ao que considera ser a opinião da revista.
Às vezes erra e entra em pânico.
Quando Barack Obama despontou nas pesquisas, escreveu comentário preconceituoso contra ele. No final de semana a edição da revista elogiava o candidato. Sua reação foi enviar um e-mail temeroso a Sabino, perguntando das conseqüências do escorregão.
Acalmou-se quando recebeu o “nihil obstat”.
Tenta reproduzir o ideal “yuppie” do grupo, como apregoar que sempre foi bem sucedido (até os 40 anos era jornalista apagado; até dois anos atrás, jornalista desempregado), gostar de uísque escocês e separar parte de suas cinco horas de sono para “fazer amor”. Aprecia quando comentários supostamente assinados por leitores (grande parte dos comentários é de "anônimos", que tanto podem ser leitores quanto o próprio blogueiro) realçam sua inteligência e charme.
Gosta de ser chamado de "meu Rei" e "tio Rei" pelos leitores. Esbanja preconceito contra negros, mulheres, abusa de um linguajar chulo, não tem limites para caluniar ou difamar críticos da revista.
Seu blog participa do circuito de blogs que fazem eco às "denúncias" lançadas pelo lobby de Daniel Dantas.
É reconhecidamente pessoa desequilibrada, com pendores homofóbicos. Tem fixação em lançar insinuações sexuais contra adversários e é especialmente agressivo com mulheres. Consegue passar, sem nenhum filtro, da agressão mais escatológica contra os "inimigos" à bajulação mais rasteira das chefias.
Em qualquer publicação, independentemente do porte, seu desequilíbrio seria contido dentro de limites editoriais. Na Veja de Eurípedes-Sabino não só tem autorização para fazer o que quiser -até sugerir "boquetes" ao presidente - como é estimulado a isso.
Graças à falta de discernimento de Eurípedes e Sabino, e à pouca importância que ambos - mais a Abril - dedicam ao trabalho de preservação da imagem da revista, Azevedo representa uma espécie de caricatura, a parte mais ostensiva do processo de degradação editorial da revista. É um esgoto sem filtro. Todo o seu desequilíbrio é despejado diariamente no Blog e sua atuação festejada por Sabino.
Hoje em dia, junto ao mundo cada vez mais crescente dos freqüentadores da Internet, a imagem de Veja tornou-se irremediavelmente ligada à de Azevedo, o "tio Rei". É o exemplo mais acabado do processo de deterioração moral e editorial que tomou conta da revista.
P.S.: No resto do capítulo, há vários trechos do blog de Reinaldo Azevedo e comentários de seus leitores.
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