sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Tem playboy na fita

A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu ontem (8) nove pessoas que integravam uma quadrilha de traficantes de drogas sintéticas, como ecstasy e LSD. Os integrantes da quadrilha foram identificados como Bruno, Rodrigo, Rafael, Fábio, Maicon, Isabela, Michel e Pedro. Todos são jovens e de classe média alta. Michel foi preso em casa com grande quantidade de maconha e haxixe. Pedro foi preso quando chegava na faculdade Estácio de Sá, no campus da Uruguaiana, Centro da cidade. Ele é estudante do primeiro período de Design Gráfico. Além dos jovens, foi preso também um taxista identificado como Renato, suspeito de fazer serviços de entrega. As informações são do portal Terra.

No site d'O Globo Online, uma matéria entitulada "Crime Por Opção" discute os motivos que levariam jovens de classe média alta a se envolverem com o mundo do crime. O repórter Luiz Felipe Barboza, que assina a matéria, afirma que "as companhias contam muito" e recorre à opninião de psicólogos para defender a tese de que a "influência do grupo" pode levar jovens e adolescentes que tiveram acesso à boa educação e à boa vida ao envolvimento com o crime.

O repórter, sempre fundamentado pelos psicólogos, também aponta a necessidade de se impor limites no relacionamento entre pais e filhos. A falta desses limites e a ausência dos pais poderiam contribuir para a "opção pelo crime".

Não descarto nenhuma das explicações levantadas pela matéria. Chamo atenção apenas para a diferença colossal do tratamento dado pela mídia ao tema da criminalidade envolvendo jovens de classe média e jovens de periferia. Quando se trata dos jovens de classe média, se busca tentar entender o porquê por trás do fato, mas quando se trata dos jovens da periferia, excluídos e socialmente vulneráveis, a linha adotada é a da criminalização pura e simples.

Condenados à invisibilidade social e sem acesso aos direitos básicos de cidadania, os jovens das classes sociais menos abastadas estão mais vulneráveis e expostos ao crime. Não quer dizer que todo jovem pobre vai ser um criminoso, mas negar que o apelo do crime é mais sedutor quando não se tem muitas e melhores perspectivas de vida é querer fechar os olhos para a realidade. Enquanto a periferia (favelas e bairros pobres) e os seus moradores (entre eles, os jovens) continuarem sendo tratados como incômodo e ferida que precisa ser extirpada, a sociedade continuará mandando a esses jovens a mensagem de que eles nasceram para o crime e que é isso que esperamos deles. Aí depois a gente chama a "Tropa de Elite" e o Capitão Nascimento para resolver tudo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ao ler o seu comentário final, me remeti ao Documentário "Onibus 174" de autoria do mesmo diretor de "Tropa de Elite", José Padilha.
Pois este Documentário traz à tona parte da problemática social brasileira, sem que possamos fugir ou virar o rosto!
Trata em suma, da trajetória de um garoto de rua, Sandro Nascimento, como tantos outros do Brasil que sofrem de invisibilidade social crônica, naturalmente incorporado à paisagem das metrópolis; até o fatídico dia de seu único momento de visibilidade, com a concretização da violência explicita mostrada em rede nacional,pela Rede Globo!
O que chama mais atenção neste documento cinematográfico é a intensão não de justificar as atitudes criminosas dos jovens de classe baixa, mas a de enxergar e compreender o aniquilamento da auto-estima dos mesmos por parte de um meio socio-econômico excludente.
Que tipo de país Democrático de Direitos vivemos, se os jovens são valorizados não pelos seus potências na construção do futuro, mas sim pelo valor monetário das contas bancárias de seus ascendentes?