Em artigo publicado hoje no "Terra Magazine", o jornalista e roteirista Ricardo Kauffman trata da cobertura midiática sobre o mundo dos negócios. Para Kauffman, falta crítica ao conteúdo e sobra bajulação. Em suas palavras, "via de regra, quando o assunto é empresas e executivos, o negócio é elogiá-los e promovê-los."
Ele afirma que o jornalismo de negócios dedica pouco espaço aos casos de corrupção do setor privado, como nos episódios da Cisco e dos bancos suícos. A Cisco é uma multinacional apontada pela Polícia Federal e pela Receita Federal como integrante de um sistema de fraudes de importação que causou um rombo bilionário aos cofres públicos brasileiros. A multinacional norte-americana é uma das líderes no segmento de serviços e equipamentos de alta tecnologia para redes corporativas, internet e telecomunicações. No caso dos bancos suícos, a "Operação Kaspar II" da Polícia Federal desbaratou um esquema organizado pelas instituições financeiras e grandes construtoras, responsáveis pelo envio de bilhões para fora do país e prática de lavagem de dinheiro.
Na opinião de Kauffman, a corrupção no setor privado "ganha mais ânimo no noticiário quando ligado a algum possível esquema ilícito do governo (mesmo que até então pouco fundamentado)."
O jornalista também questiona as fontes utilizadas pelos veículos que tratam do mundo dos negócios. Esses veículos, freqüentemente, recorrem a consultores ou economistas para opinar sobre o rumo dos acontecimentos. "Não raro trata-se de consultores de bancos de investimentos que têm interesses próprios sobre o assunto-alvo. Mas a eles é dado o papel de dizer o que é positivo e negativo para o "mercado como um todo". Em outras palavras, para toda a sociedade. Sem que sejam identificados como parte específica do jogo", afirma Kauffman.
Ricardo Kauffman termina lamentando a falta de credibilidade das informações no jornalismo de negócios, comprometido mais com a exaltação dos valores da sociedade capitalista e menos com a pluralidade das opiniões e a verdade dos fatos.
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