sábado, 16 de fevereiro de 2008

São Francisco

Depois de Ciro Gomes, foi a vez do ministro Gedel Vieira Lima dar um 'chega pra lá' em artistas


Alguns artistas globais (que nunca souberam o que é ter que conviver com a seca) se aliaram ao bispo d. Luiz Cappio (que nunca soube o que é passar fome de verdade, mas fez duas greves para não comer) contra o projeto do governo federal de transposição das águas do Rio São Francisco, que vai levar água para 12 milhões de pessoas do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco.

Na quinta-feira passada (dia 14), houve uma sessão especial no Senado para discutir o projeto da transposição do Rio São Francisco. Na audiência, estavam a atriz Letícia Sabatela e os atores Osmar Prado e Carlos Vereza, além do bispo d. Luiz Cappio.

Houve bate-boca entre Letícia e o deputado Ciro Gomes (PSB-CE), ex-ministro da Integração Nacional e ferrenho defensor da transposição. A atriz desafiou o deputado e ouviu como resposta um baita de um 'chega pra lá'.

"Eu, ao meu jeito, escolhi a opção de meter a mão na massa, às vezes suja de cocô, às vezes, mas minha cabeça, não, meu compromisso, não", disse Ciro Gomes.

Em resposta ao bispo, que também discursou contra a transposição, Ciro Gomes disse que ele queria ser “intérprete superior do valor moral”.

Eu não estou movido por interesses subalternos. Eu estou, equivocadamente ou não, movido pelo mais superior interesse público. Eu não falo por Deus, falo pelo mundanismo dos pecadores como eu sou um deles”, falou um inspirado Ciro Gomes.

Ontem, foi a vez do atual ministro Gedel Vieira Lima dar o seu 'chega pra lá' na turma de globais e no bispo.

O ministro disse a Folha Online que o movimento de artistas contrários à transposição do Rio São Francisco não existe.

"Aqueles dois que estavam lá na audiência ontem? Eu nem vi", desdenhou o ministro.

O ministro se referia aos globais presentes na audiência de quinta-feira. Gedel Vieira Lima disse à Folha Online que Ciro Gomes discursou "com brilhantismo" ao responder à atriz Letícia Sabatela e ao bispo d. Luiz Cappio na audiência.

O ministro está me surpreendendo. Escrevi aqui antes que não acreditava que ele levaria a obra da transposição pra frente, porque, como se sabe, o ministro era contrário ao projeto no passado.

É, portanto, um "cristão novo" em matéria de apoio à transposição do Rio São Francisco. Feliz conversão.

Um comentário:

Maumau disse...

Amigo, li um bocado a respeito sobre essa polêmica da transposição e os argumentos apresentado pelo bispo não são descabidos. Além do mais, há vários os estudos sobre impactos ambientais e viabilidade da obra relevantes. A preocupação do bispo d. Luiz Cappio não me parece coisa de velho gagá que é do contra... Em fim uma pergunta crucial:a transposição está sendo levada a cabo na busca da efetiva melhoria nas condições de vida da população que ali habita ou apenas a utiliza como "desculpa" para efetivar interesses secundários e nem sempre claros? A história das políticas de combate a seca em nosso país remotam ao século XVIII e histocamente, só fortaceleu as elites locais. As precupações do velhinho não são descabidas...