Luis Nassif publicou ontem mais um capítulo do seu "Dossiê Veja".
No capítulo anterior, ele havia narrado os ataques da revista ao banqueiro Daniel Dantas.
Neste novo relato, Nassif revela a mudança de postura da Veja em relação ao dono do Opportunity.
Dantas aproximou-se da revista e passou a contar com o quarteto formado por Eurípides Alcântara, Mário Sabino, Lauro Jardim e Diogo Mainardi na sua defesa.
Diogo, segundo relata Nassif, passou a desempenhar o papel mais ostensivo. A mudança começou em 15 de junho de 2005.
Nassif fala sobre o papel de Mainardi:
"Mainardi havia começado a ganhar destaque por subir vários tons nas ofensas contra Lula e também pelo uso de dramas familiares como tema de colunas – o que despertara simpatia em parte do público da Veja.
Adversário de Dantas, Nelson Tanure tentou levá-lo para o Jornal do Brasil. Veja acabou cobrindo a proposta, praticamente dobrando o salário de Mainardi.
Não sei a razão objetiva desse assédio. Poderia ser o fato de Mainardi ter mostrado ser o "colunista sela” –nome que se dá ao colunista pouco informado que se deixa "cavalgar" pela fonte, tornando-se mero repassador de recados, em troca da repercussão que as notas proporcionam. Pelo menos no início, deveria ser esta a lógica que consolidava a parceria.
O fato é que os os lobistas perceberam em Mainardi um colunista em disponibilidade. Além disso, seu próprio papel de “para-jornalista” na revista – papel que, na “Folha”, é exercido com muito talento por Zé Simão; no “Globo”, por Agamenon Mendes Pedreira – rompia com os limites do jornalismo e abria campo amplo para divulgar qualquer informação que lhe fosse entregue, mesmo sem a necessidade sequer de um simulacro de apuração jornalística. E Mainardi se revelaria com falta de escrúpulos suficiente para cometer qualquer assassinato de reputação que lhe fosse encomendado.
Naquele período, figura tipicamente carioca que transita por esses ambientes teve alguns almoços com Mainardi e me contou a impressão que ele lhe passou.
Pessoalmente tímido até o limite de não levantar os olhos para encarar o interlocutor; escassa informação em política, história e, especialmente, sobre o intrincado mundo dos negócios e das disputas empresariais. Mas ávido pelas benesses que a exposição jornalística trazia.
Obviamente nenhum colunista iria enveredar tão ostensivamente pelo mundo das guerras corporativas e "assassinatos de reputação" se não tivesse respaldo de sua chefia maior.
O acerto de Veja com Mainardi foi precedido de uma aproximação entre Eurípides e Dantas, intermediada por Lauro Jardim.
A partir de então, Eurípides passou a ter ligação direta com o banqueiro. Conversam corriqueiramente, sem prejuízo dos contatos de Dantas com Jardim e Mainardi. O diretor abria espaço por cima; os colunistas entravam com a mão de obra.
E aí, de trio, se passava para o quarteto de Veja que, dali por diante, entraria de cabeça na campanha a favor de Dantas: Eurípides Alcântara, Mário Sabino, Lauro Jardim e Diogo Mainardi.
Nos meses seguintes, ocorreria uma mudança radical no tratamento dado pela revista àquele que, segundo ela própria, tinha por hábito grampear, montar dossiês falsos e comprar jornalistas."
A mudança de tratamento dado a Daniel Dantas significou também o início dos ataques da revista ao ministro Gushiken - inimigo de Dantas dentro do governo federal.
"De vítima de Dantas, Gushiken começava, a partir de então, a se tornar seu algoz, de acordo com a construção jornalística que Veja começou a montar."
Leia a íntegra do "Dossiê Veja" no Blog do Nassif no portal IG.
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