Pra Uribe pode?
O post abaixo levanta a possibilidade de que a libertação de Ingrid Betancourt teria sido uma armação para favorecer o presidente Álvaro Uribe e sua intenção de concorrer a um 3º mandato na Colômbia. Segundo esta versão, sustentada pela Rádio Suíça Romanda (RSR), o governo colombiano teria pago 20 milhões de dólares ao guerrilheiro de nome César, carcereiro de Ingrid, em troca da sua libertação. A história de "operação cinematográfica", sem nenhum tiro, teria sido uma farsa. O repórter Frédéric Blassel, da RSR, comenta que o vídeo do resgate liberado pelo governo colombiano não mostra cenas de rendição do carcereiro nem dos demais guerrilheiros das Farc.
Nota do blog de Ricado Noblat, reproduzinho trecho de matéria do jornal O Globo deste domingo, também menciona que o vídeo do resgate foi editado e não foram mostradas as cenas da rendição dos guerrilheiros:
"As imagens do resgate de Ingrid Betancourt , exibidas sexta-feira pelo governo da Colômbia, eram na verdade cerca de apenas 20% do material registrado em vídeo. Só o presidente Álvaro Uribe e o alto comando militar têm acesso ao original.
O filme foi editado de forma a camuflar alguns trechos - de imagem e som - e também manter em sigilo detalhes que poderiam comprometer futuras ações. A ausência mais sentida na filmagem é a do momento em que o Comandante César, codinome do guerrilheiro Gerardo Antonio Aguilar Ramírez, e seu companheiro foram dominados pelos agentes."
Ainda vai levar tempo até sabermos detalhes dessa operação e poder ter certeza se foi ou não uma encenação - se é que um dia saberemos.
Mas o fato é que o episódio fez disparar a popularidade de Álvaro Uribe e seus planos para um terceiro mandato ganharam aprovação dentro e fora da Colômbia.
Não houve, até aqui, nenhuma manifestação contrária a um terceiro tempo do governo de Álvaro Uribe na grande mídia brasileira.
Não há nenhum clamor a favor da "democria" e da "alternância de poder" na América Latina. Ninguém considera estranho que Álvaro Uribe queira mudar a Constituição da Colômbia para ficar mais tempo no poder.
Não se fala em "golpe" e ninguém classifica o presidente colombiano como "personalista" ou "centralizador". Álvaro Uribe é praticamente um consenso na imprensa brasileira.
Eliane Cantanhêde, na Folha de hoje, chega a insinuar uma crítica velada ao presidente Lula por não endossar as manifestações pró-terceiro mandato para Uribe.
"A posição brasileira pode causar constrangimentos na viagem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva programa para os dias 18, 19 e 20 para a Colômbia. No último dia, ele participará, em Letícia, das comemorações pela data nacional do país, que podem se transformar num enorme ato público de apoio ao terceiro mandato de Uribe", escreve a colunista da Folha.
Ela ainda compara os índices de popularidade de Lula e de Uribe, como se quisesse dizer que a aprovação recorde do colombiano o qualificasse ao terceiro mandato: "Se Lula tem um índice alto de aprovação, mais de 60%, o de Uribe é recorde, mais de 80%, e com tendência a subir."
Vocês se lembram como a mídia brasileira se comportou quando o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, tentou mudar a Constituição de lá para concorrer a um terceiro mandato?
Vocês se lembram também do alvoroço que a mídia fez quando se levantou a hipótese de um terceiro mandato para o presidente Lula? Ressalte-se, neste caso, que o próprio presidente sempre refutou esta idéia, mas a mídia tratava disso como se fosse caso de segurança nacional e falava que o Lula e o PT queriam instituir um regime hegemônico no país.
Mais uma vez, a mídia deixou a máscara cair.
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