O meu computador ficou maluco
Essa matrix pós-moderna na qual vivemos às vezes se volta contra nós e parece querer nos absorver.
Lucien Sfez, em "Crítica da Comunicação", escreve que "Um Frankenstein tecnológico nos ameaça". Esse monstro, eterna metáfora da criatura que se volta contra o seu criador, é o "mundo das máquinas: máquinas de transportar, de fabricar, de pensar."
Eu vivo cercado de muitos Frankensteins - e todos me ameaçam. Quando eles resolvem ter vontade própria, aí eu fico perdido.
Ontem, o primeiro a se rebelar foi meu gravador digital. Assim do nada o aparelhinho que tantas vezes me salvou, desta vez me deixou na mão. Mexi em todos os botões possíveis, mas ele simplesmente não deu sinal de vida.
Olhava-o desolado, mas ele continuava me ignorando. Lembrei que poderia levá-lo à autorizada, mas o bicho é importado e não tem representante por aqui. Joguei-o na gaveta da minha estante, onde ele ficará até o dia que eu decidir me vingar e fazer dele sucata.
A segunda revolta foi protagonizada pelo meu computador. Atacado por um vírus cibernético, o único sinal de vida que ele dava era um tracinho que aparecia e desaparecia em milésimos de segundos no canto superior esquerdo de uma tela escura. Liguei para um amigo que entende melhor que eu a linguagem dessas máquinas e ele me disse que, provavelmente, o maldito vírus levou consigo todos os meus arquivos - inclusive a primeira temporada de "Anos Incríveis" que eu acabara de baixar.
Então é isso. O meu gravador e o meu computador ficaram malucos. Eu fiquei puto. Eles, atrevidos, continuam rindo de mim.
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