A Folha de São Paulo, enfim, saiu da caverna e tocou no assunto dos cartões corporativos do governo de São Paulo, administrado pelo tucano José Serra. Segundo o jornal, a transparência com o uso dos cartões é menor em São Paulo que no governo federal.
Paulo Henrique Amorim informou em seu "Conversa Afiada" que o governo Serra gastou R$ 108 milhões com cartões corporativos em 2007, sendo que 44,58% (R$ 48,3 milhões) desse valor foi sacado no caixa, em dinheiro vivo, o que dificulta a fiscalização.
Na edição de hoje, a Folha diz que o cartão do governo de São Paulo serve para atender a 47 diferentes classificações de despesas, da diária de pessoal a gêneros alimentícios.
Enquanto os gastos com os cartões corporativos do governo federal ficam disponíveis no Portal da Transparência, o jornal diz que o governo de São Paulo não oferece um sistema aberto com essa descrição.
Apenas as bancadas de deputados na Assembléia Legislativa têm acesso aos dados do Sigeo (Sistema de Informações Gerenciais da Execução Orçamentária).
Ainda segundo o jornal, o sistema registra a quantia que foi gasta, mas não especifica, necessariamente, em que aquele dinheiro foi usado.
A Folha diz que alguns gastos foram realizados em lojas de acessórios para casa, presentes e churrascarias.
Existem 42.315 cartões de pagamento de despesa no Estado de São Paulo, mas eles não são fornecidos aos ocupantes do primeiro escalão do governo.
A Folha ouviu o governo de São Paulo, que afirmou, em nota, que "não existe cartão corporativo no governo do Estado de São Paulo".
"O que existe é um sistema eletrônico para a realização de despesas do dia-a-dia, como compra de combustíveis, peças para automóveis e suprimentos de informática", afirma a nota.
O jornalista Luis Nassif contesta a nota o governo paulista e afirma, em seu blog no IG, que "é uma bobagem essa história de que cartão do governo federal é corporativo e do governo de São Paulo não é."
"É evidente que existe cartão corporativo em São Paulo. A não ser que se acredite que a conta da Secretaria de Segurança em uma churrascaria – mencionada na reportagem da “Folha” – tenha sido com cartão para gastos com abastecimento de veículos", acrescenta Nassif.
"Cartão corporativo é instrumento válido. Aliás, Ministros, Secretários de Estado, têm que dispor de verba de representação. Inclusive para comprar roupas apresentáveis, pagar contas de convidados especiais e tudo mais. São despesas inerentes ao cargo", completa ele.
A invenção da crise
No plano federal, a "crise dos cartões" não passa de uma clara tentativa da mídia de manipular e exacerbar os fatos.
Em São Paulo, onde também há a utilização desses cartões, a mídia não falou em "crise" nem clamou por nenhuma CPI.
Nenhum dos dois casos justifica o emprego da terminologia "crise". O governo federal demorou a dar uma resposta à "crise".
Apenas na quarta-feira, quando o Congresso Nacional voltou a trabalhar, o governo saiu na frente e propôs a criação de uma CPI para investigar o uso dos cartões desde 1998, atingindo também o governo do ex-presidente FHC.
Na mesma quarta-feira, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, disse que o governo vai continuar usando os cartões corporativos, porque eles são mais fáceis de se controlar.
O governo deveria ter vindo a público antes e colocado os pingos nos "is", esclarecendo às pessoas sobre a utilização e transparência dos cartões. O governo deveria ter dito com todas as letras que possíveis casos de má utilização dos cartões seriam investigados e os responsáveis punidos.
Dessa forma, teria quebrado as pernas da mídia golpista e desarmado as meretrizes da oposição, que, como disse antes, vivem de apregoar as virtudes da castidade.
Demorou a responder e, mais uma vez, sofreu um desgaste desnecessário. Agora, precisa correr atrás para recuperar o terreno perdido.
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