segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

O nome da crise

Faz tempo que a chamada grande imprensa atua como se fosse um partido político no Brasil. Desde que Lula tomou posse como presidente pela primeira vez, em 2003, a mídia fez inúmeras tentativas de derrubar o governo, produzindo uma crise atrás da outra.

É verdade que alguns integrantes do governo e do PT deram margem à execração, mas é fato que os grandes jornais e redes de televisão pautaram a cobertura dos acontecimentos pela manipulação e distorção da realidade.

Em vez de permitir que o cidadão tivesse acesso às várias versões da notícia e, a partir daí, tirasse suas conclusões, a mídia agiu como grande juiz da opinião pública, oferecendo versões prontas às pessoas, que tinham o direito ao contraditório sempre negado.

Em 2006, a mídia fez o que pôde para impedir a reeleição do presidente Lula. Mais uma vez derrotada, a mídia voltou à estratégia anterior: exacerbar os fatos e produzir crises artificiais para tentar "sangrar" o presidente Lula.

Em 2007, a mídia assumiu de vez o papel de partido de oposição e apostou nos "apagões" aéreo e energético para tirar Lula de lá. A realidade frustrou outra vez os velhos planos golpistas.

Mas a mídia é incansável e não desiste tão fácil. Este ano já testou duas estratégias para ver se, finalmente, consegue depôr o governo democraticamente eleito pela maioria absoluta dos brasileiros. Inventou a "epidemia" da febre amarela e ressuscitou a "epidemia" da dengue. Os jornais impressos e televisivos passaram a divulgar diariamente o placar atualizado dos novos casos das duas doenças. Até que se disseminou o pânico na população e as pessoas começaram a morrer por causa da dose dupla da vacina contra a febre amarela.

E quando a gente pensava que a fábrica de criatividade da mídia não tinha mais o que criar, veio o caso dos cartões corporativos do governo. Eis a nova senha do PIG (Partidoa da Imprensa Golpista - nomenclatura criada pelo jornalista Paulo Henrique Amorim para denominar o setor da mídia que quer derrubar o presidente Lula).

Primeiro foi o episódio da ministra Matilde Ribeiro, que teve que pedir demissão por gastar pouco mais de R$ 400,00 num free shop e usar carro com motorista enquanto estava de férias. Eu já disse que não se pode relativizar a ética. A ministra errou, reconheceu a bobagem que fez e agiu certo ao se demitir para evitar que a sanha golpista da mídia continuasse.

Mas o episódio não se restringiu apenas à Matilde Ribeiro. Depois de derrubar a ministra, o PIG centrou fogo no ministro dos Esportes, Orlando Silva. A mídia expôs o ministro à execração pública por ter pago R$ 8,00 por uma tapioca com o cartão corporativo.

Orlando Silva deu entrevista coletiva e explicou o acontecido. O ministro mostrou à TV que tem um cartão pessoal igual ao cartão corporativo do governo. Quando foi pagar a tapioca, trocou os cartões e usou o corporativo por engano.

O ministro depositou o valor (R$ 8,00) aos cofres públicos depois que percebeu o engano. Irritado com a perseguição da mídia, Orlando Silva adotou uma postura radical: depositou a quantia integral gasta com o cartão corporativo (cerca de R$ 30 mil), mesmo estando todos os gastos justificados com as devidas notas fiscais. A oposição oportunista aproveitou a deixa do PIG e passou a falar na "CPI da tapioca".

Enquanto isso, na sala de justiça... A panfletária Veja desta semana trouxe uma reportagem sobre a "crise dos cartões corporativos". A reportagem divulgou os gastos, referentes a 2007, de três funcionários da presidência.

A Folha Online diz que os três funcionários gastaram "R$ 205 mil, entre mantimentos e vinhos finos" para abastecer a dispensa da Presidência da República.

Os dados deveriam ser sigilosos. Ainda segundo a Folha Online, o general Jorge Félix (Gabinete de Segurança Institucional), que cuida da segurança do presidente Lula e dos seus familiares, mandou retirar da rede as informações que dizem respeito a Lula no "Portal Transparência", uma homepage de responsabilidade da CGU (Controladoria-Geral da União), e determinou a abertura de um processo administrativo, para identificar os responsáveis pela divulgação dos dados que supunha sigilosos.

A Folha de São Paulo também deu sua colaboração à "crise dos cartões corporativos". Na edição de hoje, traz uma matéria sobre um segurança pessoal de Lurian Cordeiro Lula da Silva, filha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teria gasto R$ 55 mil nos últimos nove meses usando um cartão de crédito corporativo do governo . O segurança é João Roberto Fernandes Júnior, que disse não ter havido nenhuma irregularidade no uso do cartão.

Será que desta vez os intrépidos e criativos donos do PIG vão conseguir derrubar o presidente Lula? A se julgar pelas tentativas do passado, eu diria que será mais um tiro na água. Mas aí depois eles inventam outra crise e começa tudo de novo...

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