quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Oposição derruba CPMF no Senado

A oposição conservadora e golpista conseguiu o que queria: derrubou a proposta de prorrogação da CPMF. O placar foi de 45 a favor e 34 contra a prorrogação. Eram necessários 49 votos para que a CPMF fosse prorrogada.

Trata-se de uma derrota sem precedentes para o Governo Lula. Talvez agora o presidente acorde e veja que não está lidando com cordeiros, mas com feras famintas.

Eu senti náuseas ao ver o sorriso cínico do senador potiguar José Agripino, líder dos "demos". Agripino, que apoiou ferrenhamente a criação da CPMF no governo tucano-pefelê de FHC, agora brada contra a contribuição. Nunca vi tanto proselitismo num político só.

A oposição não votou no fim CPMF; votou contra a saúde e o Bolsa Família. É preciso que isso fique bem claro. A oposição quer, com isso, inviabilizar o governo petista. Eles não se conformam até hoje com as duas derrotas que sofreram nas urnas nem com a popularidade de Lula e de seu governo.

Concordo plenamente com Paulo Henrique Amorim quando ele diz que a derrota do governo significa que a oposição "conseguiu interromper a marcha do Governo Lula em direção ao sucesso" e que "o que estava em jogo não era a CPMF – era o sucesso de um governo trabalhista."

A direita e seus conservadores ganharam.

O assessor de um político local comemorou o fim da CPMF porque, segundo ele, é o fim também dos programas sociais dos governos Federal e do RN. O argumento do assessor é que sem o dinheiro da CPMF os governos não têm como manteros programas sociais e, portanto, Lula e Wilma não terão o que dar ao povo no ano eleitoral. Esse é o jogo. O povo que se exploda.

Lula, descupem a expressão que usarei a seguir, abriu as pernas e fez todas as concessões que a oposição queria. O presidente mandou uma carta ao presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), se comprometendo a aplicar 100% dos recursos da CPMF na saúde. A oposição fez ouvidos de mercador.

Mas não era isso que eles queriam, que a CPMF fosse toda pra saúde? Como explicar que o governo tenha cedido e, mesmo assim, eles tenham votado contra?

Não se engane com o discurso fajuto da oposição. Eles falam que o governo tem que cortar gastos. Por "cortar gastos" leia-se "parar com os programas sociais", porque para eles, investir no social é "gasto".

Neste país, sempre que se fala em tirar dos mais ricos para dar aos mais pobres, é uma chiadeira geral. Para os conservadores, isso não pode acontecer no Brasil. "Parem de transferir renda pra esses pobres", dizem eles - só que subliminar e eufemisticamente.

E é isso que a CPMF faz: cobra de quem tem tudo para dar a quem não tem nada. É só ver quem paga a CPMF: 72% dos recursos da CPMF saem das empresas; 28% saem das pessoas físicas. Desses 28%, 17% são pagos pelos que ganham mais de R$ 100 mil por ano. Você não leu errado: os que ganham mais de R$ 100 mil por ano mesmo.

Subscrevo mais uma vez o que diz Paulo Henrique Amorim: quem paga a CPMF pode pagar.

O governo agora está de joelhos. O presidente e o PT precisam dizer com todas as letras ao povo: a oposição votou contra a saúde e o Bolsa Família, porque querem voltar ao poder de qualquer jeito, nem que para isso tenham que tirar o leite das crianças.

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