quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Governo Lula adere à privatização

O Governo Federal privatizou sete lotes de rodovias federais em leilão realizado ontem (9), na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

A iniciativa privada vai administrar 2,6 mil quilômetros de rodovias nas regiões sul e sudeste. Empresas espanholas ficaram com seis dos sete trechos leiloados. A OHL arrematou, sozinha, cinco trechos - num total de 2.078 quilômetros. Entre os lotes que o grupo vai administrar, estão a Fernão Dias (BR-381 entre São Paulo e Belo Horizonte) e a Régis Bittencourt (BR-116, entre Curitiba e São Paulo).

A Acciona, outra empresa espanhola, vai administrar um trecho da BR-393, na divisa entre Minas e Rio até a entrada da BR-116 (rodovia Dutra).

A empresa brasileira BR Vias vai administrar um trecho paulista da BR-153.

Pelo negócio firmado ontem na Bovespa, as empresas vão administrar os trechos das rodovias durante 25 anos em troca da cobrança de pedágio. Os preços das tarifas ficaram, em média, 45% abaixo do preço máximo estabelecido pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).

O deságio, segundo especialistas, se deu por conta da mudança de metodologia destas concessões. Os administradores não terão que pagar ao governo pelas concessões, como aconteceu em outras privatizações de rodovias - o que acaba encarecendo o preço do pedágio.

O que este episódio tem de mais interessante, porém, não é quem venceu o leilão ou quanto vai ser o preço do pedágio.

A privatização realizada ontem deu-se em pleno governo petista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva - o mesmo que bradava que o seu adversário nas presidenciais de 2006, o tucano Geraldo Alckmin, era um "privatista". O discurso contra a privatização foi o grande trunfo de Lula para derrotar Alckmin.

Lula e o PT privatizaram. Não vou entrar no mérito da questão - se a privatização é boa ou ruim em si. O governo e o PT fazem patinação semântica para explicar que não se trata de privatização, mas de concessão, uma vez que os bens (no caso, as estradas) continuam sendo propriedade do Estado.

Como afirma Vinicius Torres Freire na Folha de São Paulo desta quarta-feira, não importa se as privatizações são totais, parciais ou temporárias - elas continuam sendo privatizações. "Mas "privatização" no Brasil é moeda forte no insulto político-eleitoral", escreve ele.

A maioria das pessoas acha que a privatização é uma coisa ruim em si. Então, para agradar a maioria, os políticos adotam o discurso antiprivatista - como fez Lula em 2006.

Passada a disputa eleitoral, esquecem o discurso e passam a praticar o que condenaram na campanha - como faz Lula agora.

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