Jornalista equatoriano defende união entre mídia alternativa e movimentos sociais
A reunião termina em uma das espaçosas salas do Hilton, em frente à Praça Venezuela, centro nervoso da capital e do 6º Fórum Social Mundial. O luxuoso e antigo hotel estatal acabava de abrigar um encontro entre repórteres de veículos alternativos latino-americanos. O coordenador da reunião passa para apagar luzes e recolher copos. Com estatura, cabelo e fisionomia incaicos, o jornalista Osvaldo Leon, nacionalidade equatoriana, senta-se para falar calmamente sobre políticas de comunicação em uma entrevista à Agência Brasil.
"Os movimentos sociais e os veículos alternativos de comunicação são como trilhos que caminham lado a lado, mas nunca se unem", compara. Para ele, ambos estão apenas em "estações", como os fóruns sociais, mas "ainda não têm fluxos de troca"."Queremos utilizar a força que o Fórum tem como espaço de convergência", afirma Leon, que prepara a Minga – rede de veículos unida para fazer uma cobertura conjunta do encontro, acessível pela página eletrônica http://movimientos.org/coberturas.php.
Na tradição inca, minga era a palavra usada para identificar o trabalho comunal nas aldeias. Hoje, o jornalista equatoriano usa a expressão para batizar o trabalho conjunto de seus colegas. Na visão de Leon, essa convergência de trabalho e de setores é o que falta para fortalecer a luta pelo direito à comunicação. "Não temos ainda alianças entre os observatórios das mídias e os sindicatos de jornalistas. Ou entre as associações de usuários de TV, que lutam pela melhoria de sua qualidade e os veículos alternativos", exemplifica.
Além do Fórum, outro espaço de convergência, segundo Leon, é a Campanha pelo Direito na Sociedade da Informação (Cris). Lançada internacionalmente no 2º FSM, a campanha pede a democratização dos meios de comunicação e trabalha pressionando a Cúpula Mundial da Sociedade da Informação (WSIS, pela sigla em inglês). A cúpula é a instância da Organização das Nações Unidas (ONU) de debater da comunicação.
Leon acredita que a campanha deve ganhar cores e caras latino-americanas. "Temos que trazer a Cris para temas que são próximos a nós, como a integração continental, políticas públicas para o setor e inserir o tema em assuntos regionais, como o Mercosul", defende o jornalista, que é diretor da Agência Latino-americana de Informação (Alai).
Agência Brasil
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