Foi só o presidente Lula dizer que a ministra Dilma Roussef da Casa Civil era a "mãe do PAC" para a oposição e a mídia (tucana, por excelência) deflagrarem a temporada de caça às bruxas.
Primeiro foi a "Veja" que disse que o governo havia montado um dossiê com os gastos do ex-presidente FHC e da sua esposa, Ruth Cardoso, para chantagear a oposição. De acordo com a revista, o dossiê foi elaborado a mando da Casa Civil. Logo, a "Veja" não afirma isso claramente, mas sugere implicitamente que deve ter o dedo da ministra aí no meio.
Pautados pela "Veja", a oposição queria que a ministra fosse depor na CPI dos Cartões Corporativos. O governo, que tem maioria por lá, impediu a convocação. A oposição queria constranger Dilma Roussef e usar as imagens de arquivo futuramente caso ela viesse a ser candidata a sucessão de Lula em 2010.
Após a divulgação do dossiê pela "Veja", o restante da mídia tratou de repercutir o assunto, sempre com manchetes acusatórias e desmentidos em cantos de página. A "Folha", por exemplo, dedicou bastante espaço à versão da "Veja" sobre o dossiê e pouca atenção ao outro lado da história. Além disso, distorceu informações para tentar constranger ainda mais o governo.
O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse que a Casa Civil estava realizando um levantamento de dados que não eram sigilosos para fornecer à CPI dos Cartões Corporativos, quando esta assim solicitasse. Tarso Genro disse também que a Casa Civil estava melhorando a organização dos dados para dar maior transparência, seguindo orientação do Tribunal de Contas da União (TCU).
A "Folha", erroneamente, disse que Tarso Genro havia afirmado que o TCU tinha solicitado o levantamento de dados à Casa Civil. O TCU, em seguida, negou que tivesse feito esse pedido. A "Folha" disse que o TCU havia "desmentido" o ministro.
Na edição de hoje do jornal, mais um capítulo da "caça à ministra". O jornal denuncia que o dossiê foi feito pelo braço direito da ministra Dilma Roussef, Erenice Alves Guerra, secretária-executiva da Casa Civil. O jornal conclui que, se a ministra não agir rapidamente, corre o risco de cair.
Em seu blog, Luis Nassif diz que a matéria da "Folha" é mais um factóide e comenta o "furo" do jornal:
"Em qualquer ministério, é o Secretário Executivo quem comanda o dia a dia. "Furo" seria se o pedido tivesse sido por alguém de fora da Casa Civil.
Depois, para “esquentar”a matéria, os procedimentos de sempre, afirmações colhidas com uma fonte chamada Planalto.
A cúpula do governo avalia que a situação política da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, se agravou e que ela precisa dar uma resposta rápida. Do contrário, corre risco de cair [trecho da matéria da "Folha"].
Tenha-se a santa paciência! Que mané cúpula! Imaginar que a peça central do segundo governo Lula, a maior unanimidade que se tem nesse governo, “corre risco de cair” por conta dessa notícia é exagerar na auto-louvação do furo. Até se aceita esse tipo de liberdade poética do senador Arthur Virgílio. Supor que a "cúpula do governo" admitiu, é demais."
Dilma Roussef respondeu afirmando que estão tentando "escandalizar o nada". "Essa tentativa de banalizar as investigações, escandalizando o nada, é algo que não contribui para o país", disse a ministra à "Folha".
A ministra já deveria ter aprendido que o que interessa à mídia é a espetacularização da notícia. A "escandalização do nada" faz parte do show.
2 comentários:
Prezado Alysson,
acredito piamente que, graças a sua inteligência notável, o senhor já tenha percebido que nosso imenso país possui diversas orientações políticas. Assim, acho que deveria tratar com mais respeito os diversos partidos, e não ficar apenas mostrando o PT como o partido santo.
Não sei se reparou, mas, o suposto "factóide" se provou bem mais que isso, e o senhor sequer fez alusão ao fato de ter se enganado.
Caro "anônimo", dispenso suas ironias. Qualquer um é sempre bem vindo ao blog, desde que esteja disposto a debater idéias, sem agredir pessoas.
Em nenhum momento me referi ao PT como "partido santo". Nem ao menos mencionei o PT. Não há virgens na política. Defendo o governo Lula como um todo, mas faço críticas aquilo que considero errado. Um desses erros, por exemplo, é a incapacidade crônica que o governo tem de dar respostas rápidas às acusações e tentativas de sabotagem da oposição e da mídia conservadora. Nesse caso do "dossiê", continuo apostando num factóide. Muito antes da "Veja" alardear isso e da "Folha" requentar o assunto, já se tinha notícias de que o governo estava fazendo um levantamento de dados da era FHC. Não há nada de errado nisso.
O que o governo deveria ter feito, ao invés de tentar se justificar pra mídia, era ter dito: "Querem chamar de dossiê? Pois que chamem. Mas fizemos sim um levantamento dos gastos do Sr. FHC, pra mostrar que o que estão tentando fazer agora é tempestade em copo d'água". Ponto. Nos EUA ninguém fica atrás de saber a marca do vinho ou da champagne que o presidente Bush comprou.Essa balela é pura hipocrisia.
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