A passagem do Jornalismo à Comunicação
A professora, pesquisadora e diretora da Escola de Comunicação da UFRJ, Ivana Bentes, deu uma excelente entrevista ao Instituto Humanistas Unisinos (IHU).
Tomei conhecimento da entrevista no Blog do Nassif, que postou apenas um trecho curto. Fiquei curioso e fui atrás do restante na página do IHU na internet.
Logo na primeira resposta, ao analisar a grande imprensa brasileira, Ivana Bentes fala da redundância e homogeneidade de pauta dos grandes jornais.
Para ela, é preciso romper com esse modelo tradicional de jornalismo e fazer prevalecer a diversidade.
Mas de que forma isso é possível? A professora aposta principalmente na internet para furar o bloqueio da grande mídia. "Qualquer sujeito, hoje, pode se tornar um produtor de mídia", afirmou.
Ivana disse que a produção de informação, análise e interpretação, antes pensada como uma atividade apenas de especialistas, é nos dias atuais uma "demanda de cidadania". Por isso é tão importante que se tenha "diversidade em relação ao que é produzido", sugeriu.
Ela também analisou o papel da mídia independente, que ganhou mais visibilidade com a internet. Esse papel vai além do "observatório neutro da mídia", chegando a expressar e representar "uma militância, um engajamento".
Mas a mídia independente ainda enfrenta dificuldades. "Nós temos uma concentração não só econômica, mas alimentada pelo próprio campo público, com a má distribuição das verbas publicitárias que não incentiva a mídia independente", observou.
A professora também deu sua opinião sobre os cursos de comunicação no Brasil. Ela diferenciou o "fazer jornalístico" do "pensar jornalístico", mas disse que os cursos de jornalismo ou de comunicação raramente interferem politicamente na realidade, porque não têm a capacidade de interpretar os fatos quando eles acontecem.
"Há uma tendência, nos cursos de jornalismo e comunicação, àquilo que chamamos de Profeta do Dia Seguinte, ou seja, de esperar que os fatos aconteçam, passem e só depois sejam comentados".
É necessário, analisou ela, "fazer a passagem da velha questão do jornalismo para a questão da comunicação, que é muito mais ampla".
Ivana não se esquivou de opinar também sobre a revista "Veja", que é objeto de uma série de reportagens de Luis Nassif no blog dele.
"O jornalismo da Veja já virou motivo de piada nos cursos de Jornalismo e comunicação. E é ótimo para dar exemplo porque é de tal forma deformado, repensado, direcionado que acaba se tornando uma caricatura do antijornalismo. Não existia isso no Brasil. A Veja veio para explicitar um pensamento conservador reativo que existia sem visibilidade porque as pessoas tinham vergonha de se posicionar dessa forma. Ela apresenta um jogo forte sendo feito e para isso lança mão de manchetes sensacionalistas, de uma constante criação de pautas. O que Nassif faz, em sua análise, é indicar a explicitação de uma linha editorial que existia de uma forma velada", comentou.
A entrevista completa você lê aqui.
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