Primeiro foi o "Jornal Hoje" da Globo e agora foi a Folha de São Paulo que destacou a questão da especulação imobiliária no Rio Grande do Norte.
Na quinta-feira passada (03/01), o JH exibiu a matéria "Paisagem Comprometida", do jornalista Francisco José, mostrando que as dunas do Rio Grande do Norte estão sendo ameaçadas pela especulação imobiliária e "invadidas por condomínios de luxo, hotéis e casas de veraneio."
A matéria mostrou a área de 2.200 hectares onde os espanhóis do Grupo Sánchez pretendem construir um grande condomínio habitacional. O professor Aristotenino Ferreira, coordenador do curso de Ecologia da UFRN, disse ao JH que com esse empreendimento "vamos perder boa parte dessa paisagem maravilhosa que nós temos aqui”.
O presidente da associação dos bugueiros, Paulo Henrique Severo, disse na matéria que a Lei Federal Nº 4.471 estabelece que "a duna é uma área de preservação permanente e jamais pode ser edificada."
A matéria também mostrou o avanço das edicações de casas e hotéis na praia de Ponta Negra e na Via Costeira.
Na Folha de hoje, uma matéria assinada pelo repórter João Carlos Magalhães volta ao tema da especulação imobiliária no RN e destaca que a "construção de um megaresort, com 35 mil casas, perto de Natal" ameaça as dunas potiguares, principalmente a "Duna Dourada" na praia de Pitangui. A Folha se baseia numa denúncia do Ministério Público de Extremoz.
A "Duna Dourada" é o local onde o Grupo Sánchez escolheu para construir o "Grand Natal Golf", que, segundo o jornal, "é considerado pelo governo federal o maior projeto imobiliário-turístico do país."
De acordo com a denúncia do Ministério Público, além da perda da paisagem natural, o empreendimento poderá provocar "o esgotamento da infra-estrutura local e o acirramento das diferenças sociais."
A Folha informa que o projeto já ganhou a licença prévia do Idema e as obras devem começar em março. As casas já começaram a ser vendidas na Espanha.
A promotora de Extremoz, Ethel Ribeiro, disse à Folha que a "Duna Dourada" poderá desaparecer, caso o megaresort seja mesmo construído.
A promotora disse ainda que "haverá também uma perda da fauna e da flora, além do risco de estragar um cenário que hoje é considerado paradisíaco."
Segundo a matéria, os representantes do Grupo Sánchez asseguraram que a duna não será atingida pelo empreendimento. A matéria informa ainda que o Idema criou uma comissão para acompanhar a construção da obra.
A promotora Ethel Ribeiro alerta também para a necessidade de "avaliar bem como serão criadas as condições sanitárias e sociais para prover a população que passará a viver, gradativamente, ali." Ela alerta ainda para o risco de que o empreendimento venha a sobrecarregar o saneamento básico da área - apenas 33% de Natal tem rede de esgoto.
O governo estadual, por sua vez, destaca que as obras do megaresort vão levar desenvolvimento à região, com a criação de 100 mil postos de trabalho na área hoteleira e da construção civil.
A Folha lembrou ainda o caso dos vereadores acusados de trocar votos por dinheiro na votação do Plano Diretor de Natal. Os vereadores foram acusados pelo Ministério Público da capital de favorecer as empreeiteiras quando derrubaram os vetos do prefeito Carlos Eduardo (PSB) ao PDN.
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