quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Tony Blair fala sobre a crise mundial da mídia

Do site "Conversa Afiada" de Paulo Henrique Amorim

Este foi um discurso de Tony Blair em 12 de junho de 2007 na agência Reuters, em Londres, sobre a esfera pública e a relação entre política e os meios de comunicação. Foi um dos últimos discursos dele como primeiro ministro.

. Vejam que Blair, um trabalhista convertido ao neo-liberalismo, que mantinha no Governo relações cordialíssimas com Rupert Murdoch, nem ele, Blair, agüentou a misturança de fato com opinião, que caracteriza o PIG (Partido da Imprensa Golpista) do Brasil.

. Note também que Blair sugere regras para conter o abuso da imprensa escrita – impune no Brasil e, pelo que se vê, também na Inglaterra.

. Se pronunciasse esse discurso no Brasil, Blair seria considerado estalinista, chavizta ...

Leia os trechos principais do discurso de Blair:

(...) A imprensa livre é essencial em uma sociedade livre. Basta olhar para onde a imprensa livre está ausente para saber que isso é verdade. Mas também faz parte da liberdade poder fazer comentários sobre os meios de comunicação.O efeito das mudanças nos meios de comunicação é seriamente prejudicial ao modo como a vida pública é conduzida, (...) precisamos de um debate sobre como gerir o futuro, e é do interesse de todos nós que o público seja informado de maneira de maneira justa e correta.

O público é a prioridade, mas ele não é bem servido pelo atual estado das coisas.

(...) Em primeiro lugar, quero reconhecer minha própria cumplicidade. Nós demos uma atenção desarticulada, no início do Governo trabalhista aos meios de comunicação na tentativa de persuadi-los, bajulá-los e acalmá-los. Em nossa própria defesa, após 18 anos de oposição e, algumas vezes, da feroz hostilidade de parte da mídia, era difícil de ver uma alternativa.

Mas, a nossa atitude ajudou a reforçar o atual estado de coisas.

(...) A pergunta é: a relação entre os políticos e a mídia é quantitativamente e qualitativamente diferente hoje do que no passado? Eu penso que sim. Por quê? Porque o mundo das comunicações opera de maneira radicalmente diferente.
A mídia mundial – como tudo – está cada vez mais fragmentada, mais diversificada e transformada pela tecnologia.

As redes inglesas BBC e ITN já tiveram audiência de oito milhões, 10 milhões. Hoje, a média é a metade disso. Ao mesmo tempo, existem programas de notícias 24 horas por dia no ar que cobrem eventos assim que acontecem. Em 1982, existiam três estações retransmissoras de TV no Reino Unido. Hoje são centenas (...).

Jornais lutam por espaço num mercado que está encolhendo. Muitos agora são lidos on-line, não no dia seguinte. A internet tem ultrapassado os jornais em relação aos anúncios publicitários. Há cerca de 70 milhões de blogs em operação e cerca de 120 mil sendo criados a cada dia. Os jovens vão, cada vez menos, receber informações dos mercados tradicionais. Mas, de outro lado, as formas de comunicação se fundem e se interligam.

O site da BBC é crucial para a modernização da BBC. Jornais têm podcasts e material escrito na web. A notícia se torna cada vez mais um bem livre, on-line, sem precisar pagar por ela. Essa tendência só vai se intensificar (...). Menos óbvios são seus efeitos. A grade de programação de notícias é agora 24 horas por dia, sete dias na semana. Move-se em tempo real.

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