A grande imprensa conservadora do país, por pura miopia social, preconceito e ignorância, sempre tentou boicotar o Bolsa Família.
No sábado passado, a Folha de São Paulo noticiou a "assombrosa fraude" do gato que recebia, há cinco meses, 20 reais no Mato Grosso do Sul.
Obviamente, qualquer fraude deve ser combatida. Nesse caso, a armação partiu do coordenador local do programa, Eurico Siqueira da Rosa, que produziu um cadastro falso para o seu felino de estimação, chamado Billy.
A própria Folha esclareceu:
"O processo de cadastramento das famílias é de responsabilidade do município. O coordenador (...) é encarregado de receber e verificar a documentação dos candidatos ao benefício. Ao final dessas etapas, cabia a ele incluir os dados no sistema on-line do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome."
"Os documentos não são remetidos a Brasília, somente as informações. Ele se aproveitou disso para criar um cadastro inteiramente falso, com dados como nome, peso e data de nascimento, e depois batizou a invenção com o nome do gato."
Descoberta a fraude, Billy teve o benefício cancelado e o coordenador do programa foi afastado.
Casos como esse mostram que é preciso melhorar os mecanismos de fiscalização para evitar novas fraudes.
Mas o jornal aproveita-se de um fato isolado para tentar desmerecer, nas entrelinhas, o programa.
Em seu blog, o jornalista Luis Nassif escreveu sobre a "campanha implacável" d'O Globo contra o Bolsa Família:
“O Globo” tem movido uma campanha implacável contra o Bolsa Família - através de reportagens enviesadas e dos artigos de Ali Kamel e Merval Pereira. Chegaram a “acusar” o programa pelo fato de parte dos beneficiários ter adquirido geladeira e fogão. Segundo eles, o dinheiro deveria ser exclusivamente para comida. Como se geladeira e fogão servissem para assistir televisão.
É curiosa essa posição de dois colunistas que se pretendem defensores do livre mercado mas cuja ideologia acaba tropeçando no preconceito puro e simples.
Nas grandes discussões sobre políticas sociais, nos anos 90, os verdadeiramente liberais - como Roberto Campos - defendiam políticas que permitissem aos beneficiários a livre escolha. No caso de escolas, uma das bandeiras era a concessão de bônus que o estudante poderia utilizar livremente, escolhendo a escola pública que lhe parecesse mais adequada.
No caso das transferências em dinheiro, a livre escolha do que adquirir.
Nos últimos anos, a bandeira do liberalismo acabou empalmada por um direitismo renitente, preconceituoso e autoritário, sem nenhuma visão sobre a importância das políticas sociais, não apenas para aquilo que se propõe - atender os mais necessitados - como para todas as chamadas “externalidades positivas”, os ganhos indiretos, igualmente relevantes.
Leia mais aqui.
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