terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Economia

O desafio das contas externas

Do Blog do Nassif:

Chegou a hora da verdade, das barbeiragens cometidas pelo Banco Central desde o último trimestre do ano retrasado - mantendo a taxa Selic elevada e permitindo a apreciação irresponsável do real.

No início do ano passado, as contas externas jã haviam se revertido radicalmente, registrando déficit mesmo com as commodities com cotações recordes - um fato inédito.

O risco era claro e quantas e quantas vezes alertei aqui para a loucura. O real apreciado ia expulsando gradativamente os exportadores de manufaturados do mercado. Havia sinais claros de que a crise global se acirraria - embora não nessa proporção. Quando a bolha das commodities furasse, não haveria como compensar imediatamente com manufaturados, nem com um real mais desvalorizado. Não é tarefa fácil sair a campo, fechar contratos, expulsar concorrentes já instalados.

Desde o começo do ano passado alertava que as contas externas seriam o grande desafio do país. Desde que a crise externa se agravou, estava claro.

A decisão de impor controles burocráticos às importações tornou-se inevitável. Dia desses conversei com o ex-MInistro da Agricultura Roberto Rodrigues, recém chegado da Europa. Por todo país que passou, percebeu manobras protecionistas. O mundo está se fechando, como ocorreu no pós-crise de 1929. Não restava outra alternativa ao Brasil.

Repito: é a crise que poderia ter sido evitada ou minimizada se Lula não tivesse aberto mão tão amplamente da responsabilidade de definir a política econômica, deixando essa incumbência nas mãos de um presidente de Banco Central despreparado e de uma diretoria que nunca conseguiu avançar além de seus modelitos matemáticos, que a crise tornou defasados.

Agora, esse pessoal sai quando bem lhe aprouver, segue carreira em bancos ou, no caso do vaidoso presidente do BC, Henrique Meirelles, segue carreira política e toca o pessoal da Fazenda a apagar incêndio de qualquer maneira.

Nem vou fazer um apanhado das declarações dos cabeções de mercado e de seus porta-vozes na mídia, minimizando os riscos externos, combatendo as limitações ao financiamento de bens duráveis (como alternativa ao aumento da Selic), para não ficar com mais raiva ainda.

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