A partilha da propina
Da Folha de São Paulo:
"Interceptações telefônicas realizadas pela Polícia Federal na Operação Hígia, que prendeu ontem 13 pessoas no Rio Grande do Norte e na Paraíba, revelam uma suposta partilha de propina dentro da residência oficial da governadora Wilma de Faria (PSB-RN).
A PF, em seu relatório, não aponta indícios da participação da governadora.
Segundo a Folha apurou, policiais federais monitoraram um pagamento, em duas parcelas, feito por João Henrique Lins Bahia Neto, secretário-adjunto de Esportes do Rio Grande do Norte, a Lauro Maia, filho da governadora Wilma de Faria, ex-assessor do pai, o deputado estadual Lavoisier Maia (PSB), e do deputado federal Rogério Marinho (PSB-RN).
Em março, Bahia Neto viajou a João Pessoa, onde esteve na empresa Líder, acusada de integrar esquema que desviava recursos públicos. Segundo a investigação, Bahia Neto entrou e saiu da empresa com uma pasta debaixo do braço. Os policiais chegaram a parar o secretário-adjunto e questioná-lo sobre o dinheiro na pasta (supostamente recebido na empresa), mas ele foi liberado em seguida. No dia seguinte, já em Natal, ele conversa por telefone com Lauro Maia e diz que precisa entregar "algo" a ele.
O encontro aconteceu na residência oficial da governadora (Maia não mora com a mãe), onde o secretário Bahia Neto adentrou com a mesma pasta nas mãos. A suspeita é que a primeira parcela do pagamento, de R$ 35,9 mil, tenha ocorrido ali. A segunda, estimada no mesmo valor, foi paga em abril, mas, dessa vez, segundo a PF, o encontro entre os dois teria ocorrido na casa de Bahia Neto.
No relatório da PF, contudo, não há prova nem indício da participação de Wilma de Faria e do deputado estadual Lavoisier Maia no esquema, mas suspeita-se que um deputado estadual (que não teve o nome revelado) teria se reunido com um dos presos na operação para conversar sobre o esquema. A investigação continuará com base nos documentos e computadores apreendidos.
A PF também apreendeu veículos de luxo (15 carros e duas motos), como um Jaguar e uma moto Yamaha R1, além de R$ 260 mil em espécie. Do total, R$ 120 mil estavam escondidos numa parede falsa na empresa Prest-Service, em Natal."
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