Recebi um e-mail do meu amigo e grande fotógrafo João Maria Alves sobre a chamada "Lei Seca" - Lei 11.705, que altera o Código Nacional de Trânsito e proíbe o consumo de praticamente qualquer quantidade de bebida alcoólica por condutores de veículos.
Pela nova lei, motoristas flagrados excedendo o limite de 0,2 grama de álcool por litro de sangue pagarão multa de 957 reais, perderão a carteira de motorista por um ano e ainda terão o carro apreendido.
Quem for apanhado pelos 'bafômetros' com mais de 0,6 grama de álcool por litro de sangue (equivalente três latas de cerveja) poderá ser preso.
No e-mail, João Maria questiona a nova lei e a chama de "lei hipócrita". Na verdade, a mensagem original foi escrita por outra pessoa e o João apenas encaminhou. Mas se encaminhou, é porque deve concordar com ela.
Leia a mensagem - comento abaixo:
Essa lei é, digamos, engraçada, para não dizer outra coisa. Lembra-me a campanha contra a produção de mercadorias copiadas, que chamam erradamente de piratas. O combate dar-se somente na ponta, onde invariavelmente ocasiona polêmicas. Por que nenhum dono de cervejaria, de destilaria e por conseguinte de supermercados e de distribuidoras é preso por vender o álcool destinado ao consumo humano? Nesse sentido, a lei me parece hipócrita, como hipócrita são delegados e promotores públicos que cercam as feiras livres, as calçadas e os camelódromos para apreender produtos 'piratas' e levar para cadeia os 'infratores' que se utilizam de máquinas e equipamentos vendidos por grandes indústrias e megacorporações para quem quiser realizar cópias quantas vezes quiser. Empresas e empresários oferecem, despertam, motivam, incentivam e até fazem campanhas extraordinárias na TV e por outros meios, e depois querem que o consumidor não beba nem faça cópias de nada. Mermão, o buraco não é só mais embaixo, é também mais, mas muito mais em cima!
É o seguinte, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. O álcool é uma droga lícita. Pode-se discordar se isso é certo ou não, mas o fato é que é lícita. Portanto, não é crime fabricar ou comercializar bebidas alcóolicas. Então, dizer que a lei é hipócrita porque atua somente na "ponta" é forçar a barra.
A lei mexe no ponto mais sensível das pessoas: o bolso. É a única linguagem que os brasileiros entendem. Quando "o bolso" está em perigo, aí neguinho pensa duas vezes.
É só pegar as estatísticas dos acidentes de trânsito pra constatar que a maioria dos casos tem relação com motoristas que dirigiam embriagados. Então, um indivíduo desse não é um criminoso?
Concordo que deve haver limite e controle sobre a publicidade das bebidas. Aliás, o governo, através do Ministério da Saúde, propôs uma nova regulamentação para a publicidade de bebidas alcóolicas, mas a mídia e as agências, essas sim, reagiram com hipocrisia e usaram o velho clichê da "censura" para protestar contra a medida.
Imaginem o que aconteceria se o governo adotasse alguma medida contra os donos de cervejarias ou destilarias!!! Seria um quiprocó daqueles.
E sobre essa questão das mercadorias copiadas ou piratas, aí já são outros quinhentos... assunto pra outro post.
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