Segunda-feira assisti uma das cenas mais patéticas que já vi numa novela brasileira. Foi em "Duas Caras", obra do intragável Aguinaldo Silva.
A cena era a inauguração de um restaurante na fictícia favela da Portelinha. Bernardinho, o dono do restaurante na trama, havia prometido levar um artista global à festa do seu estabelecimento.
Estavam todos curiosos pra saber quem era o artista. O tempo foi passando e nada da celebridade aparecer. O povo foi ficando nervoso. Bernardinho anunciou que o artista não viria mais, porque estava gravando na Globo. Teve início o tumulto. "Isso é coisa de bambi", disse uma mulher, acusando o dono do restaurante de fantasiar sobre a vinda do artista.
O bambi saiu correndo do local e foi perseguido por um grupo de homens que estavam na inauguração. Entre em beco, sai em beco, a perseguição termina no restaurante, quando Bernardinho puxa a faca e ameaça seus perseguidores. "Chegou um carrão aí em frente. Deve ser o artista da Globo", avisa alguém. A faca não será mais necessária.
Eis que surge Tony Ramos, o artista prometido por Bernardinho. No papel dele mesmo, vai à favela acompanhado da sua esposa para prestigiar o novo restaurante. A patuléia saúda a celebridade. Muitas palmas enquanto o casal dirigi-se à mesa reservada. "Ele é o homem da minha vida", sussurra uma personagem. Pedidos de autógrafos, poses para fotos, mais aplausos efusivos. É um circo. Tony Ramos e sua mulher estão visivelmente constrangidos. Também não é pra menos. Pagar um mico daquele não é pra qualquer um. Definitivamente, não se fazem mais novelas como antigamente.
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