Fiz várias tentativas de assistir "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain" (Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain, França, 2001). Começava a ver o filme após às 24h e o sono sempre acabava me vencendo. Nenhuma culpa da história. Mas ontem, finalmente, consegui. Foi o primeiro filme que assisti fatiado.
"Amélie" não é tão fabuloso como o título anuncia, mas é um bom filme. A narrativa é original, a fotografia é bem feita e a trilha sonora é cativante, pontuada com uma leve nostalgia que tem tudo a ver com o clima de fantasia do filme.
Além dos detalhes técnicos, a história da jovem Amélie, vivida pela atriz Audrey Tautou, nos atrai pela simplicidade e, mais ainda, porque explora uma coisa que é comum a todos nós: a busca de uma razão para a vida. No caso de Amélie, essa razão é a descoberta de um grande amor.
Amélie não teve uma infância das mais normais. O peixinho de estimação tentou suicídio várias vezes. A mãe teve uma morte, digamos, pouco convencional. O pai, médico, não era dado a demonstrações de afeto e só se aproximava de Amélie para examiná-la. A menina ficava tão emocionada que os batimentos cardíacos aceleravam. Por isso, o pai acreditava que a menina tinha um grave problema no coração.
Amélie, então, cresceu sem experimentar emoções fortes e, quando jovem, continuou no isolamento voluntário do mundo dos sentimentos. O coração de Amélie perigava secar e estilhaçar-se, como os ossos de vidro do velho Dominique Bretodeau.
É quando o destino lhe apronta uma surpesa, uma dessas imprevisibilidades que vêm e fazem redemoinho em nossas vidas. Foi Rousseau que disse que "nada está mais sob o nosso domínio que o coração, mas longe de podermos comandá-lo, somos forçados a obedecer-lhe".
"Amélie" traz de volta esta sensação às vezes esquecida de como é bom sermos surpreendidos pelas desconhecidas escolhas do nosso coração.
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