segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Entrevista Roberta Sá



Roberta Sá falou com exclusividade ao blog após o show no "Auto de Natal", domingo passado (16), no Machadão. Mais de 10 mil pessoas assistiram a apresentação impecável da cantora potiguar radicada no Rio de Janeiro. "Foi o meu maior público", disse uma Roberta visivelmente emocionada.

Nem o probleminha com o retorno atrapalhou o show. No repertório, 12 músicas do segundo cd e sete do "Braseiro", seu primeiro trabalho profissional. A enorme estrutura do palco ficou pequena frente à desenvoltura de uma Roberta Sá supreendentemente desenvolta, levando-se em consideração sua conhecida timidez. Pois nessa noite, ela esqueceu a timidez e tomou conta do pedaço: sem deixar a elegância de lado, caiu no samba e fez todo mundo sambar também.
Particularmente, considero o momento mais marcante quando ela cantou "Samba de Amor e Ódio", faixa do "Que Belo Estranho Dia Para Se Ter Alegria". A voz marcante, a força do olhar, a perfeição dos movimentos, imprimiam ainda mais personalidade ao canto e davam mais amplitude a cada verso.

Nessa rápida entrevista, concedida em seu camarim, Roberta falou da emoção de se apresentar em Natal, comentou o prêmio de melhor cantora de 2007 da APCA, disse que gostaria de ter contato com os compositores potiguares e revelou que já está pensando no próximo cd.

Confira o papo na íntegra:

Contraponto: É a primeira vez que você canta no “Auto de Natal”. Como é que foi essa experiência de ver essa multidão te aplaudindo?

Roberta: Foi maravilhosa a experiência, foi um presente mesmo pra mim, presente de aniversário e de natal, porque eu fazer aniversário daqui a pouquinho, daqui a três dias... Três dias? Eu sou ruim de matemática à beça... Foi um presente, como eu já falei... A gente adorou; eu acho que nunca cantei pra tanta gente; assim, nunca tive um show meu, pelo menos, pra tanta gente. Foi emocionante ver todo mundo curtindo o show, curtir junto com todo mundo. Foi muito bacana.

Contraponto: Os seus fãs de Natal sempre reclamam que você faz poucos shows aqui. Por que isso?

Roberta: Não tem um por que; a gente vem, quando as pessoas chamam a gente ta aqui; é simples assim. Eu vim três vezes esse ano. Vim à beça.

Contraponto: Você foi eleita pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) a melhor cantora do Brasil em 2007. O que é que passa pela sua cabeça quando você recebe um título desses? Hoje você é quase uma unanimidade de crítica, então como é que você encara essa responsabilidade?

Roberta: A gente fica contente. Quando eu falo a gente, digo eu e a minha equipe toda, todo mundo que trabalha, porque a gente trabalha pra caramba. E um prêmio desses é um carinho pra gente que realiza esse trabalho com tanto amor. Então, eu fico muito feliz e, ao mesmo tempo, é uma grande responsabilidade, porque [a APCA] é uma associação super séria. Todo ano os premiados são os maiores da nossa música brasileira. Eu fiquei muito surpresa e não esperava mesmo. Quando eu vi, eu achei até que fosse mentira. Eu falei: “Não, mentira. Não, não fui eu não. Vocês não confundiram o nome não?” (risos). Foi uma surpresa muito boa. Eu tô cheia de presente de natal e de aniversário. O povo não pára de me dar presente, graças a Deus.

Contraponto: Eu queria falar um pouco do “Braseiro”, que foi seu cd de estréia. Quando esse cd foi lançado, a crítica do sul e sudeste o comparou ao cd de estréia da Marisa Monte, dizendo que em termos de estréia, o “Braseiro” foi melhor que o da Marisa Monte. Como você recebeu essa comparação? Há alguma competição?

Roberta: Claro que não, imagina. Imagina gente, não há competição com ninguém. Tem espaço pra todo mundo. A Marisa é uma grande cantora...

Contraponto: É possível uma parceria Marisa-Roberta?

Roberta: Talvez, quem sabe... Eu adoraria. Eu acho que as comparações são inevitáveis. Qualquer pessoa, qualquer artista novo que se lança no mercado, ele logo é encaixado numa categoria, como se fosse numa prateleira. Eles querem te colocar numa prateleira, numa fôrma. Mas depois isso vai acabando e morrendo.

Contraponto: Você acompanha as discussões sobre você e seu trabalho na internet e nas comunidades do Orkut?

Roberta: Olha, quando dá tempo, eu até dou uma olhadinha. Mas na verdade eu acho que a internet é um espaço tão democrático que eu prefiro deixar as pessoas à vontade pra elas discutirem o que elas quiserem. É o espaço que as pessoas têm pra falar o que elas quiserem, pra reclamar se não gostaram de alguma coisa. Então eu não fico vendo muito não. Eu deixo as pessoas livres e à vontade.

Contraponto: Você tem algum contato com compositores potiguares?

Roberta: Infelizmente não tenho nenhum contato com os compositores potiguares. Adoraria que eles me mandassem músicas, mas simplesmente não aconteceu, por incrível que pareça. Eu nunca recebi músicas de compositores potiguares. Engraçado, né?

Contraponto: “Que Belo Estranho Dia” é recente ainda. Mas você já ta pensando em alguma coisa pra um novo trabalho?

Roberta: Cara, sempre que eu termino um disco, eu já to pensando no outro. Eu gosto muito de fazer disco, de pensar o disco. E pra ele sair sempre do jeito que eu quero, eu tenho que pensar durante muito tempo. Esse segundo, quando eu lancei o “Braseiro”, eu já tinha idéia mais ou menos do que eu queria fazer. E aí eu já tenho idéia mais ou menos pro próximo. Mas muda muito. Daqui pra lá, daqui pra fazer muda tudo.

Contraponto: Há pouco tempo havia uma discussão na sua comunidade no Orkut que perguntava assim: Roberta Sá é do samba ou da moda? A chance agora é sua de responder.

Roberta: Eu sou da Música Popular Brasileira, incluindo o samba. Eu não sou nem do samba nem da moda. Eu faço o que eu escuto e a música brasileira que eu amo e acredito.

Contraponto: Você ta feliz com a repercussão do seu trabalho?

Roberta: Poxa, como não, né? (risos) Tô muito feliz com a repercussão do trabalho, tô feliz em ta trabalhando com as pessoas que eu gosto e que eu quero. Aquilo ali que eu falei no show procede, a minha equipe, os meus músicos, eles são uma família pra mim. Sabe quando o trabalho tem uma energia boa? Tá todo mundo trabalhando pro bem; isso é o que importa de verdade. Acho que o público sente e devolve essa energia.


Correção


O show de Roberta Sá foi no "Festival de Música de Natal", não no "Auto de Natal", como escrevi acima.

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