Em discurso na Câmara Federal, a deputada Manuela D'Ávila (PCdoB-RS) defende a TV Brasil e afirma que a oposição critica a nova rede porque tem o apoio de "grandes grupos privados de comunicação brasileiros, que não se conformam com a aparição de uma alternativa de televisão para o público brasileiro, insatisfeito com os padrões atuais da TV comercial".
Leia abaixo a íntegra do discurso de Manuela na Câmara dos Deputados e reproduzido no site "Vermelho":
Nosso país viveu um ano de profundas transformações, este fato é reconhecido por todas as forças políticas desta Casa. Uma destas grandes transformações foi o início das operações da TV Brasil. Início este ofuscado pela estréia das transmissões da TV digital brasileira. Apesar da estréia tímida, resumida à cidade de São Paulo, a tv digital concentrou todas as atenções, enquanto o verdadeiro salto está sendo dado com o lançamento de um novo veículo de comunicação, que pode vir a cumprir um papel previsto pelos constituintes de 1988 mas nunca concretizado, o de democratizar o acesso às informações.
Ouvi aqui, diversos discursos acusando a iniciativa do governo Lula de se criar uma TV chapa-branca. Mas todos estes ataques caem por terra quando conversamos com a nova presidente da TV, jornalista Tereza Cruvinel.
Um profissional respeitada, tratada com muita deferência por todos os partidos, certamente empresta além de sua competência sua seriedade e sua credibilidade a este novo veículo.
Em entrevista publicada na semana passada, a jornalista afirmava que ''a TV Brasil fará um jornalismo sem adjetivos cromáticos, guiado pelos fatos, pelo equilíbrio e isenção. E independente da boa intenção ou das virtudes de seus dirigentes, a vigilância da sociedade deve prevalecer''.
Não há dúvida de que a TV Brasil será fiscalizada diuturnamente pelos mais diversos segmentos da sociedade. Então qual a razão para tanto temor, o que justifica que um partido entre com uma ação no Supremo Tribunal Federal contra a medida provisória que criou a TV Brasil?
O que teme este partido e os ácidos críticos à nova TV é que ela seja um instrumento da sociedade. A mesma insegurança que move setores da mídia contra o governo Lula, não pelos seus atos administrativos mas pela sua origem popular. Senhor presidente, senhoras e senhores deputados, eu pergunto quem tem medo da TV Brasil?
Os mesmos setores que têm medo do nosso povo e da nossa cultura.
Segmentos que buscam desesperadamente se sentirem mais cultos e urbanos voltando suas vidas para os exemplos norte-americanos de cultura e consumo.
Pessoas que se sentem mais à vontade em Nova York do que no Rio de Janeiro.
Estes setores irão descobrir a riqueza da alma e da cultura de nosso país.
O surgimento de mais uma rede de televisão, e de natureza pública, pode contribuir para o aumento da diversidade na oferta de oportunidades de informação ao cidadão. Quanto maior a diversidade do sistema de radiodifusão, mais democrático ele se torna, permitindo que a sociedade possa formar seus juízos a partir do acesso a um conjunto variado de mensagens que expressem o pluralismo da própria sociedade.
Concluo saudando a nova rede de TV Brasil e afirmando que meu mandato e minha atuação política serão voltados para o sucesso desta iniciativa, que não é iniciativa de um governo, mas é uma conquista para todo o país.
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