domingo, 3 de junho de 2007

Romário é um mau exemplo

País de heróis ridículos

Por Guilherme Scalzilli na Caros Amigos

"Quando Romário decidiu estar prestes a completar mil gols, os comentaristas teceram objeções sensatas. Desautorizaram paralelos com Pelé, questionaram a ridícula contabilização de jogos amadores ou comemorativos e demonstraram que o número correto, mesmo forçando um pouco a amizade, beiraria novecentos. Infelizmente, porém, todos cantaram loas ao atacante vascaíno e permitiram-lhe o luxo de mentir, em nome dos serviços prestados ao ludopédio universal.

Balela. A carreira de Romário é uma sucessão de maus exemplos para milhões de crianças e jovens que o admiram. O sucesso financeiro e o reconhecimento disseminam a falsa noção de que boemia e indisciplina são aceitáveis num atleta profissional. Arquétipo do jogador indolente, presunçoso e dissimulado (o popular “chinelinho”), Romário chega à tardia despedida consagrando a Lei de Gérson, com apoio da mídia babona, que corrobora suas veleidades inventando-lhe um discutível rol de glórias e dons.

Afirmar que só ele ganhou a Copa de 1994 despreza o papel de outros jogadores e obscurece o sonolento zero a zero da final, decidida nos pênaltis. Elencos medianos destacaram suas qualidades. Convivendo com o goleador ágil e talentoso há um oportunista dependente dos colegas, que ridiculariza a aplicação tática, não apóia a marcação, corre e cabeceia pouco. Numerologia alguma será capaz de alçá-lo ao nível técnico dos maiores jogadores de todos os tempos.

A condescendência com a vaidade de Romário estende-se à reputação de Ricardo Teixeira, Eurico Miranda e seus demais patronos. E, pior, endossa um desrespeito ao rigor analítico: quando paixões e narcisismos violam a estatística, sucumbem a verdade, a razão, a justiça. Afinal, que valem os números, se podemos manipulá-los?

Romário é símbolo de uma nação sem valores, que precisa de subterfúgios para inventar seus ídolos."

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