Estava no ônibus voltando pra casa hoje à noite e vi duas cenas que despertaram a minha atenção.
Na cadeira em frente à minha, uma mãe e seu filho pequeno saboreavam uma amanteigada espiga de milho cozido. Quando terminaram de comer, a mãe, solenemente, abriu a janela do ônibus e jogou o sabugo e a palha do milho na rua.
Eu tive vontade de dizer alguma coisa a ela, pra ver se ela se tocava que aquilo era falta de educação e que ela, com aquele tipo de atitude, estava dando um péssimo exemplo ao filho.
Mas não fiz isso. Achei que não valeria à pena, porque talvez não adiantasse nada e a mulher ainda poderia querer armar um barraco.
Aí fiquei olhando pra ela meio atravessado, com minha indiganação sufocada e me sentindo um completo babaca por me incomodar com gente que joga lixo na rua, fura fila, não respeita a faixa de pedestre, ocupa a vaga dos idosos e gestantes nos ônibus, entre outras pequenas demonstrações de má educação.
Então, aconteceu a segunda cena. Eu me preparava pra descer do ônibus. Outra mãe, com o filho pequeno no colo, também terminava de saborear sua espiga de milho cozido. O menino, que viu a mãe daquele primeiro garoto jogar o lixo pela janela, queria que sua mãe imitasse a primeira.
- Não, meu filho. A gente leva e quando chegar em casa, joga no lixo - respondeu a segunda mãe à sugestão do seu filho de se desfazer do lixo na rua.
Olhei pra mulher e, mesmo sem conhecê-la, sorri pra ela. Ela retribuiu o sorriso. Eu vim pra casa mais esperançoso de que nem tudo está perdido e mais convicto de que o exemplo começa em casa.
As crianças tendem (eu disse tendem)a reproduzir o comportamento e os hábitos dos seus pais. O mesmo vale para os valores morais e éticos.
Como formar cidadãos éticos, conscientes dos seus direitos e deveres, não violentos, se no próprio lar, diariamente, mães e pais despreparados dão o contra-exemplo de tudo isso?
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