sexta-feira, 2 de novembro de 2007

TV Pública incomoda emissoras comerciais

De acordo com a coluna "Outro Canal" da Folha de São Paulo de segunda-feira passada (29/10), Globo, Record e SBT articulam nos bastidores políticos contra a TV Brasil - a nova TV pública do país que entrará no ar a partir do dia 2 de dezembro.

A Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que vai administrar a nova rede, foi oficialmente criada na quarta-feira passada (31/10), através de Medida Provisória assinada pelo presidente Lula. No ato de criação, o presidente deu posse à diretoria da TV Brasil: Tereza Cruvinel (diretora-presidente), Orlando Senna (diretor-geral) e mais quatro diretores.

As três emissoras comerciais estão preocupadas com uma possível perda de publicidade oficial e querem modificar a MP que criou a ECB. Globo, Record e SBT decidiram unir forças para fazer lobby e pressionar deputados e senadores a apresentarem emendas à MP definindo o que é publicidade institucional e apoio cultural. Segundo Daniel Castro, que assina a coluna da Folha, a idéia é limitar o financiamento da TV pública com publicidade.

Já foram apresentadas 132 emendas à MP - a maioria delas relacionadas à publicidade. O texto da MP proíbe "anúncios de produtos e serviços" e autoriza apenas "publicidade institucional de entidades de direito público e privado, a título de apoio cultural, admitindo-se o patrocínio de programas, eventos e projetos".

O jornalista Gabriel Priolli, em artigo no "Observatório da Imprensa", afirma que "definições legais precisas" para os conceitos de "publicidade institucional" e "apoio cultural", como querem as emissoras comerciais, na verdade não passam de "interdições". "Querem diferí-los bem da publicidade comercial convencional, para impedir que a TV Brasil ponha as mãos no bolo de R$ 60 milhões que estima obter com a captação de recursos privados", diz ele.

Para Gabriel, o que assusta os opositores da televisão pública é que a nova rede se torne competitiva em termos de audiência e depois passe a disputar anunciantes com as emissoras comerciais.

A ECB nasce com investimento estatal e apoio governamental de proporções inéditas. Serão R$ 350 milhões do Orçamento da União. Até o final do governo Lula, a TV Brasil terá 1,4 bilhão para custeio e investimentos.

O interessante nessa história é ver a união entre Globo e Record. Quando lançou o canal de notícias Record News, Edir Macedo disse que a Globo monopolizava a informação e isso era prejudicial à democracia. Prometeu que o novo canal com 24 h de informação de graça iria quebrar o monopólio global e democratizar a informação.

Edir Macedo, na verdade, não está nem aí pra democratização da informação. A aliança com a Globo para tentar barrar a TV pública mostra que a emissora da família Marinho e o canal da Igreja Universal falam a mesma língua e têm os mesmos interesses.

O sonho da Record é ocupar o espaço hegemônico que hoje é da Globo. Para isso, segue os mesmos passos da rede líder de audiência - copia fórmulas e repete o padrão obscuro de informação.

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