O "Diário de Natal" deste sábado (27) traz uma entrevista com o jornalista e escritor Caco Barcelos.
Neste domingo (28), Caco faz palestra na Feira do Livro de Mossoró, onde falará das suas obras " Revolução das crianças", "Rota 66" e "Abusado".
O repórter do DN perdeu uma ótima oportunidade de fazer uma grande entrevista. Ele poderia ter aprofundado temas que o próprio Caco Barcelos colocou em pauta - o que deixaria o material muito mais rico. Em vez disso, o entrevistador preferiu seguir um roteiro mais ou menos previsível.
Felizmente, Caco Barcelos soube como superar a obviedade e trazer questões interessantes para a discussão. Ao comentar sobre o jornalismo brasileiro, ele ressaltou a importância de se contextualizar a notícia, fugindo da narrativa óbvia. Para ele, o jornalista precisa refletir sobre o fato para tentar entender as circunstâncias que culminaram naquela situação.
"Eu acho que no jornalismo é importante a gente ir além da notícia, explicar porque a notícia está acontecendo, porque com tanta freqüência, por exemplo, pessoas pobres são mortas pela polícia e nunca, nenhuma, absolutamente nunca uma pessoa rica é morta pela polícia", afirmou.
Em outro ponto da entrevista, Caco Barcelos falou sobre a questão da utilização de armas de fogo e fez um contraponto interessante ao discurso predominante do uso da força. Na opinião do jornalista, é um contrasenso falar em direito de ter arma "num país que não dá o direito mais elementar e essencial para as vidas das pessoas pobres."
Acho que a pergunta mais inteligente que o repórter do DN fez foi quando ele questionou o seu entrevistado sobre o papel que a imprensa brasileira tem desempenhado quando se trata de abordar os direitos humanos. Caco Barcelos respondeu que há uma "campanha difamatória" contra os militantes dos direitos humanos. Para ele, o principal discurso dessa campanha é disseminar a mentira de que "os militantes que defendem os direitos humanos defendem bandidos ou entravam a ação da polícia".
Ele também disse que todas as políticas públicas de segurança implantadas no Brasil até hoje sempre derivaram "do ideário dos coronéis" e que "os militantes de direitos humanos nunca conseguiram impor uma única política pública."
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